O Cruzeiro nunca teve um destino tão incerto e sombrio como agora. Os mais recentes acontecimentos na Toca da Raposa colocam o time mineiro diante de dois cenários dramáticos. Um deles é a possibilidade, já especulada nos bastidores, de declaração de uma ‘falência’ do clube, o que poderia obrigá-lo a recomeçar do zero nos campeonatos Mineiro e Brasileiro. A outra opção, não menos dolorosa, seria uma longa e sofrida batalha rumo a uma recuperação sem data para acontecer.

Não bastasse a dívida milionária, a dificuldade de compor um time para a próxima temporada e negociar com os diversos jogadores com salários atrasados, o maior de Minas assistiu a mais um importante empresário do conselho gestor deixar o cargo nessa última quinta-feira (9): Pedro Lourenço.

O dono dos Supermercados BH, um dos principais patrocinadores do clube, afirmou que sua saída do cargo de vice-presidente de futebol foi motivada por uma série de contrassensos existentes na instituição. Na palavra dele, “incoerências na gestão, no estatuto, nos salários absurdos, entre outras situações, que promovem um ambiente hostil, e desfavorece as mudanças emergenciais necessárias”.

Antes dele, no início da semana, o também empresário e prefeito de Betim, um dos nomes de peso do Núcleo Dirigente Transitório do Cruzeiro, Vittorio Medioli, deixou o cargo de CEO do clube alegando que o que o Cruzeiro necessita é de um interventor legalmente amparado para fazer todas as mudanças necessárias.

A saída de dois empresários bem-sucedidos que davam esperanças à torcida de um fim para a crise parece indicar que a situação do Cruzeiro está pior do que se sabe. De acordo com o jornalista da Rádio Jovem Pan e colaborador do site Doentes por Futebol, Levy Guimarães, já existe um grupo minoritário dentro dessa atual gestão da raposa que defende que o clube decrete incapacidade de pagar suas dívidas e recomece do zero.

Caso fosse declarada a insolvência civil – nome que é dado à falência de associações e pessoas físicas – do Cruzeiro e o clube optasse por recomeçar, teria que disputar a série D do Campeonato Brasileiro e a série C do Mineiro. E caso não fossem comprovadas irregularidades e fraudes nas últimas administrações, a nova associação correria o risco de ter que arcar com as dívidas herdadas do Cruzeiro Esporte Clube, se a justiça determinasse.

Segundo o jornalista, é difícil pensar que um clube tradicional como o Cruzeiro possa vir a deixar de existir. A tendência é que, mesmo que passe anos na penúria, ele venha com o tempo a se recuperar.

Em relação à torcida, dificilmente os esforços dela sozinha serão capazes de tirar a raposa do buraco, já que o endividamento é gigantesco. Resta saber se ela, a torcida, terá paciência para esperar uma recuperação lenta e pulso firme para exigir do Cruzeiro as mudanças necessárias para o clube sair da crise.