O ex-volante Ricardinho, ídolo do Cruzeiro, revisitou, em entrevista ao Cruzeiro Cast, a final do Mundial de Clubes de 1997 contra o Borussia Dortmund. Apesar da derrota por 2 a 0 em Tóquio, Ricardinho insiste que a Raposa teve chances claras para mudar o rumo do jogo.

“O Mundial foi meio atípico, a gente não conseguiu apresentar o mesmo futebol que vinha na Libertadores. A gente ficou nesse período de uns seis meses para tentar preparar o time e não saiu como a gente planejava. A gente foi para o jogo, a gente não fez um mau jogo”, disse.

Ricardinho apontou os erros ofensivos como cruciais para o resultado. “Começamos muito bem, o time teve um volume de jogo até bom. Mas, como eu disse, é um jogo muito equiparado. Nos detalhes, tomamos o gol e não conseguimos fazer o nosso. Tivemos duas boas oportunidades no primeiro tempo, com Donizete e Palacios, que eram bolas de gol. Se a bola entra, mudava tudo, era tudo muito no detalhe”, explicou.

“É difícil empatar, porque num jogo desses, se a gente faz aquele gol, certamente o Cruzeiro ganharia esse campeonato também. É questão de oportunidade e momento, você tem que estar bem focado, e não deu muito certo ali”, acrescentou.

O ex-jogador disse que só faltou o título mundial para o Cruzeiro nos anos 1990 e 2000. “Foi uma pena, porque, naquele período, o Cruzeiro merecia ter levado esse Mundial”.

Reforços, saídas: mudanças no elenco

A preparação para o Mundial foi marcada por mudanças. O Cruzeiro buscou quatro reforços: o lateral-direito Alberto, o zagueiro Gonçalves e os atacantes Donizete Pantera e Bebeto. O armador Palacios, camisa 10 da Seleção Peruana, já estava com o grupo desde o Brasileirão.

Entretanto, logo após a conquista da Libertadores, o time sofreu baixas importantes. O meia Palhinha, peça fundamental, foi vendido ao Mallorca, da Espanha. Para piorar, o técnico Paulo Autuori, que enfrentava problemas de relacionamento com a diretoria, aceitou convite para dirigir o Flamengo.

“Teve esse desajuste nas contratações, jogadores importantes que saíram, isso gerou um pouquinho de atrito, mas fizemos até um bom jogo. Infelizmente acontece, não dá pra ganhar todas”, lamentou Ricardinho.

O jogo: domínio celeste, gols alemães

Apesar do revés, o Cruzeiro iniciou a partida em Tóquio com amplo domínio. Nos primeiros minutos, Palacios arriscou de fora da área, exigindo uma grande defesa do goleiro Klos. Elivélton também arriscou de longe, e Donizete Pantera desperdiçou uma chance clara cara a cara com o goleiro alemão.

O Borussia Dortmund, no entanto, foi mais eficaz. Michael Zorc abriu o placar, aos 35 minutos do primeiro tempo, e Heiko Herrlich selou a vitória por 2 a 0, aos 39 da etapa final.

As escalações da final de 1997

Borussia Dortmund: Klos; Reuter, Feiersinger, Júlio César e Heinrich; Freund, Paulo Sousa, Zorc (Kirovski) e Möller; Chapuisat (Decheiver) e Herrlich.

Cruzeiro: Dida; Vitor, João Carlos, Gonçalves e Elivélton; Fabinho, Ricardinho, Cleison e Palacios (Marcelo Ramos); Bebeto e Donizete.