Acostumadas a pressionar pela contratação ou demissão de técnicos, comissões e jogadores, as torcidas agora estão mirando em um novo alvo para fazer com que seus times lhes tragam alegrias: as diretorias dos clubes de futebol. Pelo menos é isso que está fazendo a torcida do Cruzeiro nesta última crise e fez a torcida do Ceará no início do mês.

Embora ainda não se possa afirmar que é um padrão, esse comportamento da torcida aponta para uma tomada de consciência de que bons desempenhos e títulos não se conquistam apenas com o que é feito dentro de campo. No caso do Cruzeiro, principalmente, fica claro que a má gestão e a corrupção de um clube são as principais responsáveis por afundá-lo nas tabelas dos campeonatos.

O Cruzeiro, que chegou a ser campeão estadual em 2019 e teve um bom desempenho na fase de grupos na Libertadores, terminou o ano investigado por corrupção, com cerca de R$ 700 milhões em dívidas e caindo para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. E os problemas não param por aí: processos por parte de jogadores, salários atrasados e o risco de perder o time todo caso não realizem o pagamento.

Em meio a isso tudo, nas últimas semanas, a torcida que passou muito tempo ignorando os erros cometidos pela gestão do clube resolveu se rebelar e pedir a saída da diretoria. Depois de cartas entregues e manifestações na sede no clube e na porta da casa do ex-segundo vice-diretor, a torcida conseguiu que o Cruzeiro finalmente ficasse livre dos então dirigentes nessa sexta-feira (20).

Já no Ceará, a situação parece ter arrefecido no momento, mas no último dia 10, a principal torcida organizada do clube, Cereamor, havia feito uma manifestação pedindo a saída do diretor Robinson de Castro e dos outros membros da diretoria.

A insatisfação seria pelo desempenho medíocre do time no brasileiro, que esteve muito perto de cair para segunda divisão, e pelas mudanças anunciadas para 2020 pelo presidente, entre elas a demissão do gerente de futebol, Marcelo Segurado. Apesar da pressão, o presidente disse que não iria ceder ao apelo da torcida e assumiu a responsabilidade pela má fase.

Robinson de Castro ainda se mantém, mas a diretoria do Cruzeiro caiu em peso. Fica o alerta para as diretorias dos clubes. Esperamos os próximos capítulos do futebol para ver se as torcidas finalmente aprenderam que títulos não são conquistados só em campo e se vão passar a cobrar de seus times boas gestões, honestidade e transparência.

Pode ser otimismo demais, mas a cartolagem no Brasil talvez nunca volte a ser a mesma depois da revolta cruzeirense. Agora, se abusar nos desmandos, erros ou falcatruas, pode cair a diretoria em peso do clube. O que a torcida celeste fez é algo inédito, uma mudança de atitude e paradigma.

 

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