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Ex-vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado usou dinheiro de comissão da negociação do lateral-direito Mayke para pagar uma dívida com o técnico Marcelo Oliveira. Esse é um dos resultados do inquérito da Polícia Civil, que foi revelado nesta quinta-feira pela TV Globo.
A venda de Mayke ao Palmeiras ocorreu em setembro de 2018. Pouco tempo depois, Marcelo Oliveira recebeu o pagamento de Itair. O jogador foi emprestado ao clube paulista em maio de 2017. O contrato valia até o fim de 2018 e estabelecia um valor fixado caso a diretoria alviverde quisesse adquirir definitivamente os direitos econômicos do atleta.
Segundo a investigação, o Cruzeiro inseriu um agente na negociação (Carlinhos Sabiá) em outubro de 2018, dois meses antes de o contrato de empréstimo com o Palmeiras se encerrar. O intermediário, então, recebeu R$ 800 mil em comissão quando o clube paulista optou por comprar os direitos econômicos de Mayke.
O dinheiro foi para a empresa Jeo Rafah Sports, cujo sócio é filho do empresário Carlinhos Sabiá. Deste valor, pouco mais de R$ 700 mil foram encaminhados a Marcelo Oliveira, que tinha verbas rescisórias a receber de Itair Machado por sua passagem no Ipatinga em 2009.
Em entrevista no dia 11 de agosto, o delegado Gustavo Xavier, da 2ª Delegacia Especializada na Investigação de Fraudes, explicou que o negócio com o Palmeiras prejudicou o Cruzeiro.
“A gente não está criminalizando o recebimento de comissão. A questão é que, durante todo o contrato do Mayke, não teve intermediador. Ele já estava com passe fixado. Então, por que dois meses antes de vencer o contrato esse intermediador é inserido? O intermediador até participa das reuniões, mas, quando ele é inserido, gera ao Cruzeiro uma obrigação de pagar a comissão. São R$ 800 mil que não precisavam ser dispensados pelo Cruzeiro, porque não precisava da figura do intermediador, já que tudo já tinha sido tratado sem a presença do intermediador”, disse.
À TV Globo, Marcelo Oliveira confirmou o recebimento do dinheiro de Itair Machado via Carlinhos Sabiá. O treinador não tem relação com a investigação.
Indiciados
O ex-presidente Wagner Pires de Sá, o ex-vice-presidente de futebol Itair Machado, o ex-diretor-geral Sérgio Nonato e quatro empresários foram indiciados pelos crimes de apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Dos empresários, três trabalham com futebol: João Sérgio, ex-representante do goleiro Fábio (romperam parceria no começo deste ano); Carlinhos Sabiá e Wagner Cruz. O outro indiciado é Cristiano Richard dos Santos Machado, do ramo de Equipamento de Proteção Individual (EPI).
Itair disse à TV Globo que não existe prova conta ele no inquérito. "Não procede. Não me beneficiei de nada. E não existe nenhuma prova contra mim no inquérito a não ser as denúncias anônimas e sem comprovação nenhuma. E confio na Justiça."
Apartamento
A Polícia Civil indica que operações envolvendo o Cruzeiro foram direcionados para pagar um apartamento para Itair Machado. Em 1º de março de 2018, o clube recebeu R$ 2 milhões do empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção.
Segundo a investigação, as partes envolvidas incluíram um novo termo no contrato de empréstimo, cerca de um mês depois. Nele, o clube afirmava que não dispunha de recursos para efetuar o pagamento da dívida, que venceria no fim do ano.
Para quitá-la, oferecia percentuais de direitos econômicos de dez jogadores. Entre os atletas estão o goleiro Gabriel Brazão (20%), o lateral-direito Vitinho (20%), os zagueiros Murilo (7%) e Cacá (20%), além dos atacantes David (20%) e Raniel (5%). A partir daí, a Polícia Civil investigou outras transações financeiras entre o empresário e um ex-dirigente do Cruzeiro.
Cristiano Richard pagou R$ 3,7 milhões na quitação do imóvel de Itair. O delegado Domiciano Monteiro, chefe da Divisão Especializada de Combate à Corrupção, Investigação a Fraudes e Crimes Contra a Ordem Tributária explicou o caso em coletiva no dia 11.
“Em data aproximada, este mesmo empresário realiza o pagamento de aproximadamente R$ 3,7 milhões a uma construtora para pagar parte de um apartamento a um então dirigente do Cruzeiro. O que eles tentaram alegar em suas defesas era que o pagamento seria em decorrência de um contrato entre o empresário e o ex-dirigente, que não possui sequer data de pagamento ou garantias”, frisou.
Contrato com Bruno Silva
Segundo relatório da relatório da Kroll revelado pela Globo, o Cruzeiro se comprometeu a pagar R$ 1,2 milhão ao empresário Carlinho Sabiá a título de intermediação pela contratação de Bruno Silva – a primeira de R$ 750 mil, com vencimento em 29 de janeiro de 2018, e a segunda, de R$ 450 mil, 10 dias depois. Chamaram atenção dos investigadores os valores e a rapidez no pagamento. Parte do dinheiro foi repassado para Itair Machado pagar uma dívida.
"A gente chegou a essa conclusão através do depoimento do ex-diretor financeiro, da insistência e exigência do pagamento dessa comissão de uma maneira mais ágil. Empresário de futebol, também ouvido, deixou que os valores pagos são totalmente alheios ao mundo do futebol. Com as provas testemunhais, com o sigilo bancário demonstrando que, parte do valor pago dessa comissão, foi para pagamento de dívida de ex-dirigente, a gente entendeu que o ex-dirigente praticou apropriação indébita de valores", afirmou o delegado que presidente o inquérito do Cruzeiro, o delegado Gustavo Xavier.
Renovação de Fábio
O quarto tópico da investigação foi a renovação do goleiro Fábio, em fevereiro de 2019. A Polícia Civil analisou o pagamento de comissão a dois empresários, que foram indiciados: João Sérgio Ramalho, conhecido como “João da Umbro” (R$ 900 mil), e Wagner Cruz (R$ 750 mil). Este, porém, nunca representou oficialmente o arqueiro.
“Esse empresário que não representava (Wagner Cruz) repassa o valor aproximado de R$ 750 mil para um então dirigente do Cruzeiro Esporte Clube”, diz o delegado Domiciano Monteiro. Os envolvidos no caso foram ouvidos pela Polícia Civil.
Alguns deles afirmaram que, antes de renovar com o Cruzeiro, o goleiro Fábio havia aceitado uma proposta do futebol estrangeiro. A oferta teria sido intermediada pelo empresário Wagner Cruz. Depois, segundo a versão, o jogador teria mudado de ideia e resolvido permanecer no clube.
Por conta da suposta mudança de ideia, Wagner Cruz não receberia a comissão prevista pela transferência do goleiro ao exterior. Por isso, o empresário teria sido incluído na negociação pela renovação com o Cruzeiro e recebido os R$ 750 mil mesmo sem representar Fábio.
“Foram ouvidos outros empresários do mundo do futebol, que negaram veementemente a possibilidade disso acontecer, afirmando que isso era algo impraticável. Não nos foi apresentado sequer uma mensagem de WhatsApp, e-mail, comprovando essa proposta. O goleiro negou veementemente que tenha aceitado a proposta e voltado atrás”, disse o delegado Gustavo Xavier.
“Ou seja, tendo a contradição, conseguimos concluir que há indícios de que essa pessoa (Wagner Cruz) foi inserida no negócio da renovação do goleiro para gerar um crédito de 750 mil em relação ao Cruzeiro. Depois, esse valor foi repassado a um ex-dirigente do Cruzeiro”, completou.
Pagamento retroativo a Itair Machado
Outro caso investigado pela Polícia Civil foi o pagamento retroativo de salários a Itair Machado referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2017, no valor de R$ 450 mil. Oficialmente, porém, o ex-dirigente só assumiu o cargo de vice-presidente de futebol do Cruzeiro em janeiro de 2018, quando se iniciou o mandato de Wagner Pires de Sá.
“O então presidente do Cruzeiro (Gilvan de Pinho Tavares) informou que não realizou a contratação desse dirigente (Itair Machado) e que, portanto, não seriam devidos valores a ele por serviços prestados naquela época”, explicou o delegado Domiciano Monteiro.
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Ex-vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado usou dinheiro de comissão da negociação do lateral-direito Mayke para pagar uma dívida com o técnico Marcelo Oliveira. Esse é um dos resultados do inquérito da Polícia Civil, que foi revelado nesta quinta-feira pela TV Globo.
A venda de Mayke ao Palmeiras ocorreu em setembro de 2018. Pouco tempo depois, Marcelo Oliveira recebeu o pagamento de Itair. O jogador foi emprestado ao clube paulista em maio de 2017. O contrato valia até o fim de 2018 e estabelecia um valor fixado caso a diretoria alviverde quisesse adquirir definitivamente os direitos econômicos do atleta.
Segundo a investigação, o Cruzeiro inseriu um agente na negociação (Carlinhos Sabiá) em outubro de 2018, dois meses antes de o contrato de empréstimo com o Palmeiras se encerrar. O intermediário, então, recebeu R$ 800 mil em comissão quando o clube paulista optou por comprar os direitos econômicos de Mayke.
O dinheiro foi para a empresa Jeo Rafah Sports, cujo sócio é filho do empresário Carlinhos Sabiá. Deste valor, pouco mais de R$ 700 mil foram encaminhados a Marcelo Oliveira, que tinha verbas rescisórias a receber de Itair Machado por sua passagem no Ipatinga em 2009.
Em entrevista no dia 11 de agosto, o delegado Gustavo Xavier, da 2ª Delegacia Especializada na Investigação de Fraudes, explicou que o negócio com o Palmeiras prejudicou o Cruzeiro.
“A gente não está criminalizando o recebimento de comissão. A questão é que, durante todo o contrato do Mayke, não teve intermediador. Ele já estava com passe fixado. Então, por que dois meses antes de vencer o contrato esse intermediador é inserido? O intermediador até participa das reuniões, mas, quando ele é inserido, gera ao Cruzeiro uma obrigação de pagar a comissão. São R$ 800 mil que não precisavam ser dispensados pelo Cruzeiro, porque não precisava da figura do intermediador, já que tudo já tinha sido tratado sem a presença do intermediador”, disse.
À TV Globo, Marcelo Oliveira confirmou o recebimento do dinheiro de Itair Machado via Carlinhos Sabiá. O treinador não tem relação com a investigação.
Indiciados
O ex-presidente Wagner Pires de Sá, o ex-vice-presidente de futebol Itair Machado, o ex-diretor-geral Sérgio Nonato e quatro empresários foram indiciados pelos crimes de apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
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Itair disse à TV Globo que não existe prova conta ele no inquérito. "Não procede. Não me beneficiei de nada. E não existe nenhuma prova contra mim no inquérito a não ser as denúncias anônimas e sem comprovação nenhuma. E confio na Justiça."
Apartamento
A Polícia Civil indica que operações envolvendo o Cruzeiro foram direcionados para pagar um apartamento para Itair Machado. Em 1º de março de 2018, o clube recebeu R$ 2 milhões do empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção.
Segundo a investigação, as partes envolvidas incluíram um novo termo no contrato de empréstimo, cerca de um mês depois. Nele, o clube afirmava que não dispunha de recursos para efetuar o pagamento da dívida, que venceria no fim do ano.
Para quitá-la, oferecia percentuais de direitos econômicos de dez jogadores. Entre os atletas estão o goleiro Gabriel Brazão (20%), o lateral-direito Vitinho (20%), os zagueiros Murilo (7%) e Cacá (20%), além dos atacantes David (20%) e Raniel (5%). A partir daí, a Polícia Civil investigou outras transações financeiras entre o empresário e um ex-dirigente do Cruzeiro.
Cristiano Richard pagou R$ 3,7 milhões na quitação do imóvel de Itair. O delegado Domiciano Monteiro, chefe da Divisão Especializada de Combate à Corrupção, Investigação a Fraudes e Crimes Contra a Ordem Tributária explicou o caso em coletiva no dia 11.
“Em data aproximada, este mesmo empresário realiza o pagamento de aproximadamente R$ 3,7 milhões a uma construtora para pagar parte de um apartamento a um então dirigente do Cruzeiro. O que eles tentaram alegar em suas defesas era que o pagamento seria em decorrência de um contrato entre o empresário e o ex-dirigente, que não possui sequer data de pagamento ou garantias”, frisou.
Contrato com Bruno Silva
Segundo relatório da relatório da Kroll revelado pela Globo, o Cruzeiro se comprometeu a pagar R$ 1,2 milhão ao empresário Carlinho Sabiá a título de intermediação pela contratação de Bruno Silva – a primeira de R$ 750 mil, com vencimento em 29 de janeiro de 2018, e a segunda, de R$ 450 mil, 10 dias depois. Chamaram atenção dos investigadores os valores e a rapidez no pagamento. Parte do dinheiro foi repassado para Itair Machado pagar uma dívida.
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Renovação de Fábio
O quarto tópico da investigação foi a renovação do goleiro Fábio, em fevereiro de 2019. A Polícia Civil analisou o pagamento de comissão a dois empresários, que foram indiciados: João Sérgio Ramalho, conhecido como “João da Umbro” (R$ 900 mil), e Wagner Cruz (R$ 750 mil). Este, porém, nunca representou oficialmente o arqueiro.
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Alguns deles afirmaram que, antes de renovar com o Cruzeiro, o goleiro Fábio havia aceitado uma proposta do futebol estrangeiro. A oferta teria sido intermediada pelo empresário Wagner Cruz. Depois, segundo a versão, o jogador teria mudado de ideia e resolvido permanecer no clube.
Por conta da suposta mudança de ideia, Wagner Cruz não receberia a comissão prevista pela transferência do goleiro ao exterior. Por isso, o empresário teria sido incluído na negociação pela renovação com o Cruzeiro e recebido os R$ 750 mil mesmo sem representar Fábio.
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“Ou seja, tendo a contradição, conseguimos concluir que há indícios de que essa pessoa (Wagner Cruz) foi inserida no negócio da renovação do goleiro para gerar um crédito de 750 mil em relação ao Cruzeiro. Depois, esse valor foi repassado a um ex-dirigente do Cruzeiro”, completou.
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Outro caso investigado pela Polícia Civil foi o pagamento retroativo de salários a Itair Machado referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2017, no valor de R$ 450 mil. Oficialmente, porém, o ex-dirigente só assumiu o cargo de vice-presidente de futebol do Cruzeiro em janeiro de 2018, quando se iniciou o mandato de Wagner Pires de Sá.
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