De volta ao América após 50 dias, o ex-presidente do clube Marcus Salum foi apresentado nesta terça-feira como coordenador de futebol clube-empresa. Nessa volta ao Lanna Drumond, ele terá a missão de comandar o futebol e preparar a instituição para receber investimento externo. Já existe um acordo alinhado com um grande parceiro para mudar o Coelho de patamar no cenário nacional.

Todos os detalhes da transformação do América em clube-empresa ainda precisam ser apreciados e aprovados pelo Conselho de Administração e pelo Conselho Deliberativo.


O América também depende da aprovação no Congresso, em Brasília, do Projeto de Lei 5516/2019, do senador Rodrigo Pacheco, que estabelece a criação da Sociedade Anônima do Futebol. A partir daí, os clubes poderão deixar o status de associação e optar por se transformarem em empresas de capital aberto.


Salum coordenará justamente essa transição e adiantou que faltam poucos meses para o projeto se tornar uma realidade. “A próxima etapa é a diligência, ou seja, (os investidores) vão solicitar os documentos do América, vamos enviar os documentos e, acertando, vamos discutir as cláusulas finais para depois fazermos as aprovações nos poderes do clube. Logicamente, tudo que for feito de clube-empresa tem que ser aprovado pelos conselhos, por todo mundo. Não fazemos nada sem falar com esses conselhos. Já fizemos uma pré-apresentação. Estamos no meio do caminho. Se eram seis meses, já considero que estão faltando três, quatro meses”, explicou.


Embora opinasse constantemente sobre decisões do futebol, mesmo sem cargo definido, Salum não tinha intenção de voltar a atuar formalmente ao América tão rápido. Sua prioridade era cuidar mais da saúde e dos negócios particulares. A mudança de planos se deu justamente pela aceleração nas conversas com os investidores. Já existe uma carta de intenções assinada entre as partes.


“Nós estamos com a possibilidade de trazer um bom investimento para a transformação do clube-empresa. Eu acho que nessa hora não pode haver omissão. O coração falou mais alto, mais uma vez, e eu mudei um planejamento de vida. Estou muito feliz de poder voltar e trabalhar no futebol”, explicou.


O coordenador ainda ressaltou que o América é um clube atrativo para investidores devido à sua organização e ao baixo endividamento. “Por ser organizado, por ter uma dívida pequena, estrutura, ética, seriedade. É por isso que estamos sendo procurados. Vários clubes querem investidores, mas com dívidas enormes, com problemas políticos internos. Então, nós podemos ter um ‘case’ de sucesso que vai mudar o futebol brasileiro. É um risco, sim, temos que calcular esse risco. Estamos trabalhando para isso. Estou voltando para isso.” 


Orçamento e patrimônio


Segundo Salum, com o possível investimento, o América ganhará força no mercado. A grande mudança estrutural do clube seria do ponto de vista financeiro, dispondo de um orçamento maior.


“Quando fazemos um aporte de capital alto e isso muda o orçamento. Não é de imediato, mas quando você traz um recurso, passa a ser mais forte com o orçamento. Se nós conseguirmos cruzar o sucesso do clube com o sucesso do clube-empresa, acho que vai ser um passo gigante na história do América. Aproveitando que os clubes no mercado do futebol brasileiro se encontram com muita dificuldade, o América pode conseguir o posto dele", destacou.
Questionado sobre como seria a hierarquia no projeto e como se daria essa relação, o dirigente explicou que o América ‘entra’ com a parte do futebol e o investidor com o dinheiro. O patrimônio do clube será mantido e não entra na parceria.


“O nosso clube-empresa tem uma característica diferente. O América vai manter seu patrimônio intacto, dando direito de uso no CT e vai continuar com presidente, com conselho, Conselho de Administração, mandando em todos os proprietários do América. Uma nova empresa será formada, onde os jogadores, as competições, o América entra com isso e o investidor entra com o dinheiro. Essa nova empresa irá fazer a gestão do futebol. Por isso eu estou entrando. Se isso for um sucesso, eu já serei a transição do futebol do clube-empresa. É uma mudança, mas o América Clube continua com tudo, dá o direito de uso para o investidor durante o período da parceria e uma nova empresa começa uma gestão independente de futebol. Provavelmente, eu teria uma participação nessa transição, então já estou antecipando isso”, concluiu.