Vitor Abdala – Agência Brasil
A Câmara Adjudicatória do Comitê de Ética da Federação Internacional de Futebol (Fifa) baniu hoje (27) o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, de atividades relacionadas ao futebol. A punição o impede de continuar a exercer qualquer atividade tanto em nível nacional quanto internacional.
Del Nero começou a ser investigado pelo comitê em novembro de 2015, por suspeita de envolvimento em esquemas de recebimento de propina para beneficiar empresas de mídia e de marketing em torneios de futebol, como as copas América, Libertadores e do Brasil.
Além disso, a Fifa impôs ao ex-presidente da CBF uma multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 3,5 milhões).
Del Nero foi diretor do Palmeiras
Del Nero é formado em Direito pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, desde 1967, tendo se especializado na área de Direito Penal. Em 1971, foi nomeado diretor da Comissão de Sindicância do Palmeiras, onde foi diretor jurídico, diretor de futebol e secretário do Conselho de Orientação e Fiscalizador.
Em 1985, passou a integrar o Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paulista de Futebol, que foi presidido por ele de 1988 a 2002. Em 2003, foi eleito vice-presidente da federação e, em seguida, assumiu a presidência, tendo sido reeleito em 2010.
Foi indicado pela Confederação Brasileira de Futebol para ser o chefe da delegação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, e, em 2014, foi eleito presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), substituindo José Maria Marin, que se encontra preso em Nova York.
Diante das investigações internacionais que recaíram sobre ele, e com medo de ser preso, a exemplo de seu antecessor, Del Nero não viaja para o exterior desde maio de 2015. Desde dezembro de 2017, Del Nero já havia sido banido do futebol pela Fifa, mas em caráter provisório.
Inquérito no STF é desmembrado
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), desmembrou ontem (26) o inquérito sobre Del Nero que tramitava na Corte, enviando a parte referente ao dirigente para a primeira instância da Justiça Federal do Rio de Janeiro.
No mesmo inquérito estão implicados os ex-presidentes da CBF, José Maria Marin, já condenado nos Estados Unidos, e Ricardo Teixeira. Eles são suspeitos de participação em diversas irregularidades relativas à Copa do Mundo de 2014 e ao suposto financiamento ilegal de campanhas eleitorais. Permanece no STF somente a parte do inquérito relativa ao deputado Marcus Antônio Vicente (PP-ES).
Entre os crimes praticados estaria evasão de divisas, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica.
O inquérito foi aberto com base no relatório alternativo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol, de 2015, elaborado pelos senadores Romário (Podemos-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que indiciaram os dirigentes. O relatório oficial, de autoria de Romero Jucá (PMDB-RR) e aprovado pela comissão, não havia indiciado ninguém.