O Iguaçu, na Baixada Fluminense, já conta com 150 altetas
Por Vinícius Lisboa - Agência Brasil - Rio de Janeiro
Isaque Duarte tinha 11 anos e estava em uma aula de vôlei quando chamou a atenção do coordenador de basquete do Iguaçu Basquete Clube (IBC), André Lopes. Sua altura já passava de 1 metro e 80 centímetros e seu pé exigia calçados de tamanho 49. Bastou o convite e um dia de experiência para ele mudar de quadra e passar a mirar as cestas de basquete.
Com um ano de treino, o jovem morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, passou a integrar parte de um time de base que vem enfrentando equipes tradicionais do Rio de Janeiro em competições regionais. Rever o uniforme do IBC nas quadras contra times como o Botafogo e o Flamengo tem um gosto especial para o presidente administrativo do clube, Mariano de Oliveira.
"Estamos recomeçando. Levamos três anos para chegar ao alto rendimento, e agora o desafio é reestruturar o time", diz Mariano, que jogou pelo IBC na década de 1980 e chegou a atuar também no exterior. Para essa reestruturação, ainda faltam recursos, o ginásio tem problemas na cobertura e na iluminação, falta material de treino e até mesmo tênis para jogadores.
Mesmo assim, a demanda só aumenta. O clube já conta com mais de 500 alunos em diferentes esportes, sendo 150 só no basquete, considerado o carro-chefe do IBC. Os atletas vêm de cidades da Baixada Fluminense em busca de um espaço para praticar esportes.
Três vezes por semana, Isaque encara uma viagem de 40 minutos de ônibus para ir e voltar do treino. Uma vez por semana ele precisa faltar, para que o custo com transporte não pese demais no orçamento da família. Depois do basquete, suas notas na escola melhoraram, e a altura virou motivo de orgulho.
"Antes me chamavam de girafa na escola. Agora o apelido é Felício", diz ele referindo-se ao brasileiro que atua na NBA, a principal liga de basquete dos Estados Unidos. "Meu objetivo é treinar, jogar com garra e melhorar ainda mais".
O técnico do time, Aluisio de Paula, também foi jogador do IBC na juventude e afirma que os seus alunos já estão chamando a atenção de clubes maiores, e um dos desafios é manter a base formada em casa. Apesar disso, ele considera que o trabalho realizado com os adolescentes vai além da preparação esportiva, até porque muitos não terão o basquete ou o outro esporte como profissão.
"A intenção é ajudar o ser humano. Dificilmente o basquete vai dar dinheiro a eles, mas vai mostrar um caminho", disse. Aluisio acredita que a prática esportiva melhora o rendimento escolar e a disciplina dos jovens.