Cresce a presença de ex-atletas em funções diretivas nos grandes clubes do país; Galo e Cruzeiro seguem tendência

A participação de ex-jogadores na gestão de grandes clubes virou tendência no país. Só do fim do ano passado para cá, vimos Alexandre Gallo, Marcelo Djian e Raí assumirem as direções de futebol de Atlético, Cruzeiro e São Paulo, respectivamente. Nessa mesma linha diretiva, Ricardo Rocha foi convidado para ser o coordenador de futebol do tricolor paulista; William Machado, para gerente técnico do Santos; e Marques, para administrar as categorias de base do Galo, num trabalho que conta também com Éder Aleixo e outros quatro ex-atletas atleticanos.

Essa turma se junta a outros gestores que vêm apresentando resultados. Revelado pelo Corinthians, o ex-meia Edu Gaspar aposentou-se em 2011 e, depois, tornou-se gerente de futebol da equipe no qual iniciou a carreira. Ficou no posto até 2016, quando, por indicação de Tite, seguiu com o treinador para ser o coordenador técnico de seleções da CBF.

No lugar de Edu, assumiu Alessandro Nunes, capitão dos títulos corintianos da Libertadores e do Mundial de Clubes, em 2012. Por aqui, há de se destacar também o papel de Paulo César Tinga, ex-volante cruzeirense que esteve à frente da gerência de futebol da Raposa no ano passado. No Coritiba, o ex-lateral Juliano Belletti ocupou o cargo de diretor de relações internacionais de janeiro a outubro de 2017. No Flamengo, o ex-zagueiro Mozer é gerente de futebol.

Conduta. Para aqueles que entravam em campo e agora têm a função de dirigir os clubes, é importante estar pronto para o cargo. “Isso é uma tendência mundial. Se você vai à Europa, as grandes equipes têm ex-atletas nessa função. Não adianta só ser ex-atleta e ter identificação com o clube. Você tem que se preparar, e eu me preparei”, garantiu Alexandre Gallo, que foi treinador da seleção olímpica e coordenador das seleções de base da CBF, tendo sido responsável, inclusive, pela planificação dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

Fazer essa ponte entre jogadores e diretoria é algo que alguns ex-atletas aprenderam naturalmente ao longo da carreira. “Somos profissionais que conhecemos bem tanto o lado de dentro como o lado de fora. Sempre olhei o lado extracampo e, como fui capitão dos clubes por que passei, era eu quem discutia as questões com a diretoria, as reivindicações dos jogadores”, lembra Marcelo Djian. (Com João Vitor Cirilo e Franco Malheiro)

No Brasil. Alguns ex-atletas já trabalharam na diretoria de clubes, mas, atualmente, procuram recolocação na área. É o caso do ex-lateral Branco, com passagens por Fluminense, Figueirense e seleção. Ex-meia e hoje comentarista de TV, Zinho trabalhou no Nova Iguaçu, Santos e no Flamengo. Ex-dirigente da CBF, Gilmar Rinaldi também está fora do mercado, assim como César Sampaio, que passou por Palmeiras e Fortaleza.

No exterior. Craque da história do futebol alemão, Franz Beckenbauer esteve 15 anos como presidente do Bayern de Munique. Na Itália, Francesco Totti se aposentou no ano passado e virou dirigente da Roma, onde jogou por 25 anos. O ex-lateral brasileiro Leonardo trabalhou como diretor esportivo no Milan-ITA e no PSG-FRA, exercendo a função de treinador algumas vezes. Atualmente, é técnico do Antalyaspor-TUR.

Identificação com o clube é importante para a função

Há um ponto em comum entre ex-jogadores e sua nova função como gestor: a identificação com o clube no qual está trabalhando. “Acredito na importância de um vínculo com o clube, como meu caso, o do Gallo, no Atlético, do Raí, no São Paulo, entre outros”, destaca Marques, que assumiu a coordenação da base do Atlético.

Aliás, a presença de ex-atletas na áreas de formação também é comum. No Palmeiras, o ex-jogador do Vitória João Paulo Sampaio é, hoje, coordenador das categorias de base do alviverde paulista.

“Esse movimento de jogadores retornarem ao futebol em outros cargos é natural. O jogador tem a vontade de continuar trabalhando naquilo. Mas acho importante que haja um preparo para isso. Não acho legal assumir esses novos cargos em cima apenas de uma história que se construiu no passado”, reforça Marques, que fez curso na CBF e está concluindo outro da Associação de Futebol Argentino (AFA).