Custando R$ 249,90, a camisa do Brasil é a que mais pesa no bolso do torcedor entre as seleções que já foram campeãs do mundo. O valor corresponde a 10,1% da renda mensal per capita do país de acordo com o Banco Mundial - R$ 2,4 mil. Para efeito de comparação, os alemães gastam 2,6% do salário quando querem usar as cores da seleção. Os argentinos, por sua vez, desembolsam 7,8% dos rendimentos para se vestirem de Messi.
Cabe ressaltar que os percentuais se referem aquilo que a Nike, fornecedora de material esportivo da seleção, chama de camisa do torcedor. Trata-se de um modelo mais barato e sem a tecnologia do uniforme que Neymar e companhia usarão na Rússia. Ela é igual a camisa que a empresa americana fornece aos clubes que usam a marca. As camisas de outros países usadas na comparação são da mesma categoria.
O mais curioso é que no geral o preço absoluto da camisa da seleção é o mais barato de todos. O segundo maior valor, da Argentina, sai por R$ 272. A questão é que todos os outros países que foram campeões do mundo têm uma renda per capita maior que a do Brasil.
Na Alemanha, a Adidas cobra R$ 370 de seu cliente, o que corresponde a 48,6% a mais que o preço no Brasil. Mas lá a renda per capita é 486% maior. Comparar com países europeus pode soar injusto, mas o Brasil fica atrás também de Argentina e Uruguai.
Outro fator que é importante ressaltar é que o preço da camisa da seleção subiu menos do que a variação da inflação desde a primeira Copa que a empresa assumiu o time. Em 1998, o modelo lançado em abril daquele ano para Copa da França custava R$ 84. Desde então, o IPCA, índice usado pelo governo para medir a inflação, variou 230,3%. Fazendo a correção, o valor deveria ser de R$ 277,45. Ainda que tenha sofrido um reajuste menor do que a inflação, ela não é acessível a maioria dos torcedores.
O modelo que os jogadores usam é menos ainda. Ele custa R$ 449,90 e os marqueteiros justificam o valor que corresponde a 47,1% do salário mínimo por causa da tecnologia. A versão conta com mais elasticidade do tecido para aumentar a flexibilidade, o material melhora o fluxo de ar e as mangas de raglã permitem a amplitude natural de movimento.
O UOL Esporte fez uma série de perguntas a Nike a respeito do preço das diferentes versões da camisa da seleção brasileira. A empresa se limitou a escrever a nota a seguir: "Introduzir inovação em materiais e técnicas produtivas a serviço da performance esportiva está no DNA da Nike. Oferecemos um amplo portfólio de produtos para diferentes finalidades e perfis de atletas".