Enderson Moreira quer que Cruzeiro jogue futebol ofensivo na Série B (Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
Apesar de estar há quase três meses no Cruzeiro, Enderson Moreira ainda não esboçou o time titular, já que o futebol foi paralisado no Brasil devido à pandemia do novo coronavírus. Pela análise prévia do elenco, o treinador tem uma ideia de como iniciará a Série B do Campeonato Brasileiro, em duelo contra o Botafogo de Ribeirão Preto, a ser remarcado pela CBF. Com a experiência de quem conquistou a competição em duas oportunidades - Goiás, em 2012, e América, em 2017 -, o comandante celeste prevê muitas mudanças no decorrer da disputa.

Enderson lamenta perda de pontos e diz que Cruzeiro vai conviver com zona de rebaixamento no início da Série B

“Gostaria de falar esse time agora. Mas ainda não posso fazer, porque nem reunimos o grupo inteiro ainda. Claro que tenho uma ideia de como vamos iniciar, mas é prematuro externar isso. Uma das certezas que tenho é que o time que entrar na primeira rodada do campeonato não será o mesmo do fim do ano. Não importa muito como vai começar, mas sim como terminará. Tenho tranquilidade em saber que essa equipe vai para um lado ou outro de acordo com as partidas, os encaixes. Não está pronta agora, precisa ser construída no decorrer de uma competição”, afirmou, em entrevista à Rádio Itatiaia.

Enderson citou o trabalho no América para exemplificar a metamorfose da equipe. Do time rebaixado no Brasileiro de 2016, apenas o goleiro João Ricardo e os volantes Ernandes e Juninho, na condição de titulares absolutos, permaneceram para a Série B de 2017. Revelações da base, o zagueiro Messias, o volante Zé Ricardo e o meia Matheusinho integravam o grupo na primeira divisão, mas ganharam mais espaço na temporada seguinte. E a diretoria buscou reforços que viriam a se tornar peças-chaves, casos do lateral-direito Norberto, do zagueiro Rafael Lima, do lateral-esquerdo Giovanni, dos meias Ruy e Gérson Magrão e dos atacantes Luan e Bill.

“Quando iniciamos o trabalho no América, foi muito claro que teríamos um recurso maior para investir quando iniciássemos a Série B. O estadual serviu para montar uma base. O América caiu em 2016, teve reformulação quase completa, praticamente nenhum titular permaneceu, se não me engano apenas o João Ricardo (Juninho e Ernandes também). Os demais atletas eram novos, que estavam no clube, mas sem jogar. E a gente iniciou o trabalho no América em 2017 com esse perfil. Antes de começar a Série B, já começamos a contratar. Acho que trouxemos oito atletas. Esses oito atletas vieram com status de titulares”.

O América oscilou no início da Série B. Nas oito primeiras rodadas, contabilizou dez pontos (duas vitórias, quatro empates e duas derrotas), na 14ª colocação. Enderson chegou a ‘balançar’ no cargo, mas ganhou sobrevida com a vitória sobre o Santa Cruz, por 1 a 0, no Independência, gol de Matheusinho. Na sequência, o Coelho arrancou na competição, com sete triunfos e dois empates em nove partidas, e entrou na briga pelo título com o Internacional. Ao término do certame, os mineiros alcançaram o troféu, com 73 pontos, dois a mais que os gaúchos.

“Demoramos talvez de 12 a 15 rodadas para o time conseguir se encaixar melhor. Nesse período, realmente fomos uma equipe que realmente não controlava o jogo, mais reativa. Mas a partir da 15ª rodada, o time encaixou e começou a entender qual era o processo que a comissão técnica pensava sobre futebol. E aí mudamos de uma maneira muito significativa em termos de controle de jogo. O América se tornou controlador do jogo, dentro ou fora de casa”, relembrou o técnico, que espera aplicar proposta semelhante no Cruzeiro, de muita posse de bola e constante busca pelo ataque, para recolocar o clube na elite do futebol brasileiro em 2021.

“O que eu penso para o Cruzeiro é essa ideia de jogo. Sou um treinador que sempre jogou para frente em qualquer equipe que treinei e já fui criticado por isso. Acho que, em determinados jogos, você pode ter um adversário que te jogue para trás. É natural, acontece. Mas a gente tem de lutar pelo controle da partida. E o Cruzeiro, em uma Série B, é uma exigência que tenha esse controle. Não pode arriscar de jogar por uma bola na Série B. Tem de ter esse protagonismo, tem de buscar isso, muito embora, em alguns momentos, a gente possa não ter. A minha mentalidade é que a gente tenha o controle da partida, dê poucas oportunidades ao adversário e quebre suas linhas. É muito importante a gente ter equilíbrio nesse sentido”.