O ex-presidente Wagner Pires de Sá afirmou que os responsáveis por contratar um pai de santo em nome do Cruzeiro no fim de 2019 foram o então gestor de futebol Zezé Perrella e o supervisor administrativo Benecy Queiroz. O serviço religioso do babalorixá Reginaldo Muller Pádua tinha como objetivo ajudar o clube na luta contra o rebaixamento à Série B.


“Não, eu não participei dessa negociação. Pelo que li nos jornais, também, foi um acerto entre o nosso supervisor, Benecy Queiroz, e o diretor responsável na época, no fim do ano passado, o senhor Zezé Perrella. Foi uma coisa deles, eu não participei. Falaram que tinha assinatura minha na documentação, não é verdade. Francamente, não tive participação nesse episódio”, afirmou Wagner, em entrevista ao SportsCenter, da ESPN.


Conforme noticiado pelos sites UOL e Deus Me Dibre, o Cruzeiro se propôs a pagar R$ 10 mil a Pádua, com residências em Guarapari, no litoral do Espírito Santo, e Itabira, município mineiro distante 111 quilômetros de Belo Horizonte. O clube depositou na conta do pai de santo R$ 2,5 mil em 16 de outubro, R$ 3 mil em 13 de novembro e R$ 500 em 28 de novembro. Os R$ 4 mil restantes não foram quitados.


Ao portal UOL, Benecy Queiroz afirmou que a contratação do pai de santo foi solicitada por Perrella, que, por sua vez, disse desconhecer o assunto. O próprio Reginaldo também garantiu ter mantido contato com Zezé, Benecy e o ex-diretor de comunicação Valdir Barbosa.


O babalorixá Reginaldo Muller Pádua, de 58 anos, é conhecido em Guarapari como Piquete. Curiosamente, ele jogou futebol profissional nas décadas de 1980 e 1990, defendendo os clubes capixabas Guarapari e Rio Branco. Por este último, disputou o Campeonato Brasileiro de 1986 e enfrentou times como Vasco, Atlético, Internacional e Corinthians.


Em 2016, Piquete se candidatou a vereador em Guarapari pelo Partido Verde (PV), mas desistiu de concorrer antes mesmo da eleição. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o pai de santo é casado, cursou o ensino fundamental completo e tem como ocupação a profissão de comerciário. Não foi declarado nenhum bem no nome dele à Justiça.

As intervenções de Reginaldo Pádua não foram suficientes para reerguer o Cruzeiro na reta final do Brasileiro e permanecer na primeira divisão. Com três derrotas nas três últimas partidas, a equipe celeste caiu para a Série B em 17º lugar, com 36 pontos em 38 rodadas (31,57% de aproveitamento).