Cruzeiro pode ganhar um importante reforço para o jogo de quarta-feira, às 19h30, no Castelão, contra o Ceará, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro. Recuperado de uma torção no tornozelo direito que o tirou dos jogos contra Grêmio, Palmeiras e Flamengo, Dedé tem chances de voltar à zaga no lugar de Cacá. Visivelmente abatido pela fase do clube - 18º colocado, com 18 pontos e vindo de três derrotas - , o defensor de 31 anos claramente mediu suas palavras na entrevista desta segunda-feira, na Toca da Raposa II, e fez um diagnóstico do que mais carece o time no momento: confiança.
 
Em vários momentos, Dedé exaltou os feitos e as qualidades de jogadores experientes do grupo e citou principalmente Thiago Neves e Edilson. Na visão dele, muitos atletas que poderiam ser o diferencial do time nessa reta final parecem desacreditados.
 
Mesmo sem jogar essa responsabilidade em Rogério Ceni, o defensor deu a entender que parte do trabalho a ser feito no dia a dia do Cruzeiro é emocional.  “O que eu acho que nosso time está esquecendo é da qualidade que tem, da forma que nosso time jogou, já jogou e o que tem para mostrar mais ainda. Acho que essa é uma situação (má fase) que apaga muita coisa, que nos dá uma intranquilidade, até uma falta de confiança. Mas eu acho que é nesse momento, que a gente, com uma rapaziada um pouco mais experiente, tem que ter sabedoria para orientar, para trabalhar para melhorar essa confiança”.

 
Embora o Cruzeiro tenha se notabilizado em 2017 e 2018 por conquistar a Copa do Brasil, Dedé destacou a história de muitos jogadores do elenco no Campeonato Brasileiro. Alguns, como ele, Fábio, Rafael, Henrique, Leo e Egídio, foram bicampeões pelo clube em 2013 e 2014. Outros ergueram essa taça com outras camisas. Justamente por isso, o zagueiro vê a necessidade urgente de reerguer os veteranos mentalmente.
 
“O ruim é que a gente viveu muitos momentos lá em cima da tabela, e está vivendo esse momento, mas tem que lembrar que esse elenco tem grandes jogadores, jogadores campeões, não só em competições de mata-mata, mas pontos corridos. Me refiro a Fred, Thiago Neves, eu, Leo, Henrique, Fábio, Rafael, Robinho, Edilson. Temos um elenco farto de grandes jogadores, que são vencedores. Uma das coisas que acho que o nosso time precisa é ganhar essa confiança, e para ganhar a confiança a gente tem que fazer cada jogador lembrar do potencial, da capacidade de vencer”, alertou.
 
Não posso perder um Thiago Neves, que deu um título para o Cruzeiro, um título não, que foi importante nos dois títulos da Copa do Brasil, fora os dois Mineiros. Não posso perder o Edilson, que, pra mim, é um dos melhores da posição. Não vive boa fase hoje, como ninguém no Cruzeiro vive boa fase. Mas, do grupo do Cruzeiro, da instituição, foi o cara mais próximo de ter ganhado a Libertadores, também foi campeão da Copa do Brasil e do Mineiro com a gente. (...) Não posso deixar de citar esses jogadores que são muito importantes, como Sassá”, acrescentou Dedé.

<i>(Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)</i>

Time

Em relação à formação do Cruzeiro para enfrentar o Ceara, em Fortaleza, as principais dúvidas estão no meio-campo, entre Ederson e Dodô, e no ataque. Ezequiel, Marquinhos Gabriel, Pedro Rocha, Fred e David disputam três vagas à frente.
 
O provável time para quarta-feira é Fábio; Orejuela, Dedé, Fabrício Bruno e Egídio; Henrique, Ederson (Dodô); Ezequiel (Marquinhos Gabriel), Thiago Neves e Pedro Rocha (Marquinhos Gabriel); Fred (Pedro Rocha).
 
Com mudanças táticas e de ordem técnica, ainda não será contra o Ceará que Rogério Ceni repetirá a equipe do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro. Em seis jogos, ele escalou seis formações distintas.
 
 
Dedé evitou fazer juízo sobre a estratégia do comandante.  “Eu acho que isso é um método do Rogério de trabalhar. Pra mim, eu conheço todos os jogadores, sei trabalhar com todos, sei como conduzir todos, todos me respeitam quando falo, até extrapolo em cima de algumas coisas. É uma forma de trabalhar do Rogério. Negativo, eu acho que não é o correto de se falar, mas acho que o Rogério sabe o que está fazendo, pensa muito antes de se trabalhar, de montar a equipe, e a gente está tentando fazer o nosso melhor para dar o melhor resultado para o Cruzeiro”, concluiu o defensor.

<i>(Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)</i>
 
Os principais trechos da entrevista de Dedé:

Retorno

Ruim, agoniante ficar de fora. Depois daquela entorse, que graças a Deus não foi tão mais grave do que foi mostrado na revisão. Voltei bem, voltei rápido pro campo e feliz de poder estar à disposição no treinamento. Esse momento está sendo complicado pra gente, conturbado também, assim, não só extracampo, mas internamente, por nós assim, mas a nossa cabeça fica muito cheia, né? A gente pensa logo nos outros adversários para tentar uma vitória e sair dessa situação. Então, acho que momentos assim que a gente precisa muito de ter calma, sabedoria, inteligência, para fazer jogos. Esse tipo de jogos.

Qualidade do elenco
O que eu acho que nosso time está esquecendo é da qualidade que temos, da forma que nosso time jogou, já jogou e o que tem para mostrar mais ainda. Acho que é uma situação que apaga muita coisa, que nos dá uma intranquilidade, até uma falta de confiança. Mas eu acho que é nesse momento, que a gente, com uma rapaziada um pouco mais experiente, tem que ter sabedoria para orientar, para trabalhar para melhorar essa confiança.

Riscos na saída de bola

Eu mesmo, contra o Inter, errei muita bola. Até o lance do gol, caracterizou com um passe por dentro, uma má decisão minha, mas um erro consertável, eu acho. Contra o Flamengo, um erro mais próximo, onde foi muito cirúrgico. Hoje, com a experiência que eu tenho, acho que não podemos dar chance ao azar, dar mais margem ao erro. Entendo até e sei da qualidade que a gente tem para sair jogando, mas eu acho que temos que estar bem firmes para fazer uma jogada de saída de bola. E uma saída de bola tem que ser muito segura, é momento que a gente não pode errar, dar vacilo. A gente tem trabalhado, tem melhorado nesse fundamento, com o tempo a gente vai ter essa situação de saída de bola um pouco melhor.

 

Humildade nos jogos

É um momento que a gente tem que sair dessa situação, jogar de igual para igual, com toda humildade, respeito às outras equipes, com certeza que elas terão o mesmo respeito com a gente. Pensar da grandeza que o nosso clube tem, por mais que a gente esteja lá embaixo, acho que essa humildade de saber jogar partidas assim nessa parte da tabela, a gente tem que se doar mais, um pouco mais. A parte de baixo da tabela gera a situação bem parecida de quem está em cima, não dar chance para quem está embaixo alcançar, sempre dar a vida para vencer, para lutar. A gente está nessa decisão, não podemos deixar quem está em cima afastar tanto. É decisão a todo momento.