O Atlético se transformará em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), controlada pela Galo Holding, que terá 75% das ações. O clube-empresa alvinegro terá Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador como acionistas majoritários. Nesta quinta-feira (20/7), o Conselho Deliberativo da associação aprovou a transação.

Por volta das 18h23 desta quinta-feira, o projeto da SAF chegou aos 273 votos “sim” necessários para aprovação no pleito dos conselheiros. Até a atualização desta reportagem, foram apenas quatro “nãos” e duas abstenções para todas as quatro pautas envolvidas.

Agora, o clube se prepara para estruturar a documentação e concluir a venda de forma oficial. A negociação da SAF atleticana prevê aporte de R$ 913 milhões por parte da Galo Holding, sendo R$ 313 milhões o montante que representa o perdão da dívida alvinegra com a família Menin.

Diante disso, R$ 600 milhões serão injetados nos cofres do Atlético. No cronograma da SAF, esse aporte está previsto para ocorrer entre setembro e outubro. A quantia será majoritariamente destinada ao pagamento de dívidas onerosas, as mais prejudiciais à saúde financeira do clube. Parte do investimento será direcionado ao futebol.

Esses R$ 600 milhões virão de três veículos distintos: R$ 400 milhões aportados diretamente pelos 4 Rs; R$ 100 milhões por um fundo de investimento já definido (mas não divulgado) e R$ 100 milhões pelo Fundo de Investimento do Galo (Figa).

É no Figa que há a possibilidade de torcedores do Atlético participarem da SAF alvinegra. A iniciativa exige aporte mínimo de R$ 1 milhão, que pode ser realizado por composição financeira. Empresários mineiros e atleticanos, como Marcelo Patrus, do ramo de transportes, marcarão presença nesse terceiro veículo.

A SAF do Atlético assume a responsabilidade pela dívida do clube, que hoje ronda a casa de R$ 1,8 bilhão. A Galo Holding não detalhou a forma de pagamento do restante dos débitos após a quitação das dívidas onerosas.

Gestão na SAF

O acordo de acionistas apresentado aos conselheiros do Atlético na última quarta-feira (19/7) apresentou alguns dos direitos e deveres dos sócios da SAF do Galo. O clube-empresa terá um Conselho de Administração, responsável direto pela gestão da companhia.

Esse Conselho de Administração prevê a participação de sete a nove integrantes, com dois indicados pela associação e cinco (ou sete) indicados pela Galo Holding. Haverá também um Conselho Fiscal, com uma pessoa indicada pela associação e duas pela Galo Holding.

A diretoria será eleita pelo Conselho de Administração, em votação de maioria simples, e terá até nove integrantes. Essa organização será composta por: diretor presidente, diretor de operações, diretor de futebol, diretor financeiro, diretor jurídico, diretor comercial e os demais “sem designação específica”, conforme o documento do acordo de acionistas. O mandato será de três anos.

O Comitê de Gestão de Futebol, por sua vez, terá de três a cinco membros e estará subordinado ao Conselho de Administração. Esse grupo será composto por um indicado pela Galo Holding, um indicado pela associação e três integrantes restantes: o diretor presidente, o diretor de dutebol e o diretor financeiro, com mandato de dois anos.

O que a associação pode vetar na SAF?

A associação Clube Atlético Mineiro terá poderes de veto nas decisões da SAF. Veja, a seguir, quais são essas possibilidades:

Alienação, oneração, cessão, conferência, doação ou disposição de qualquer bem imobiliário ou de direito de propriedade intelectual

Qualquer ato de reorganização societária ou empresarial, como fusão, cisão, incorporação de ações, incorporação de outra sociedade ou trespasse

Dissolução, liquidação e extinção da SAF

Modificação dos signos identificativos da equipe de futebol profissional, incluídos símbolo, brasão, marca, alcunha, hino e cores

Alteração da denominação da SAF e mudança da sede da SAF para outro município

Participação em competição desportiva sobre a qual dispõe o artigo 20 da Lei nº 9.615/1998 (ligas)

Movimentos da torcida

Nas últimas semanas, o debate sobre a SAF se intensificou entre os atleticanos. O movimento de oposição aos moldes propostos pela Galo Holding ganhou voz e chegou até mesmo às reuniões do Conselho Deliberativo que antecederam a votação. Na última quarta-feira, houve protesto de cerca de 150 atleticanos em frente à sede do Atlético, cobrando por maior transparência no processo.

Houve também quem apoiasse a SAF. O economista e matemático Diógenes Nunes divulgou uma carta de apoio ao projeto de clube-empresa alvinegro. Além disso, na madrugada desta quinta-feira, faixas de incentivo à proposta foram espalhadas por Belo Horizonte.

Fonte: noataque.com.br