Willy Caballero foi escolhido para goleiro da Argentina na Copa do Mundo porque "sabe jogar com os pés". Palavras do técnico Jorge Sampaoli. E por causa desse pensamento, a seleção de Lionel Messi está perto de ser eliminada na primeira fase do torneio na Rússia.
O reserva do Chelsea (ING) deu de presente à Croácia o primeiro gol da partida desta quinta (21), em Nijni Novgorod. Quis fazer um passe elaborado, por cima de Rebic, errou e o meia-atacante emendou de primeira o chute. Modric e Rakitic completaram o placar da vitória croata por 3 a 0.
Com apenas um ponto após duas rodadas no grupo D, a Argentina terá de vencer a Nigéria na última rodada e esperar por uma combinação de resultados. Nesta sexta (22), os nigerianos enfrentam a Islândia.
O erro de Caballero esconde um fato inquestionável. A Croácia é um time de futebol. A Argentina, um amontado de jogadores à espera de que Messi faça alguma coisa que os tire do sufoco.
Sampaoli começou a partida com uma equipe na mão e uma ideia na cabeça. Pressionar a saída da Croácia. Roubar a bola o mais rápido possível para então acionar a velocidade de Messi e Aguero ou buscar os lançamentos pelas laterais.
Funcionou, em parte. O treinador deve agradecer a Marcos Acuña, o melhor de sua seleção nos primeiros 45 minutos. Ao contrário de Di María na estreia, o meia do Sporting (POR) atuou com energia, sem medo e tentou jogadas individuais.
O problema para a Argentina era quando a Croácia conseguia fazer a bola chegar a Modric ou Rakitic no meio. Mesmo marcados, eles conseguiam fazê-la girar e os passes em profundidade nas costas dos laterais sul-americanos eram o mapa da mina. Por causa disso, das quatro chances de gol criadas nos primeiros 45 minutos, três foram da Croácia. Na melhor delas, Mandzukic estava sozinho na pequena área e errou a cabeçada.
O treinador Zlato Dalic sabia que o adversário jogaria com maior urgência e se preparou para isso, Sem a bola, sua equipe montava uma linha de seis defensores para bloquear as arrancadas de Messi. Aguero desapareceu da partida. Tocou na bola oito vezes no primeiro tempo. Nenhuma vez para causar qualquer perigo.
Messi foi voluntarioso. Fugiu de suas características e esteve marcando Modric na lateral direita da defesa, tentando recuperar a bola. Mas é perto do gol, no ataque, que ele poderia causar maior dano. Pelo seu potencial, tê-lo no meio-campo, às vezes quase como volante, era um desperdício.
Foi a entrega da Argentina que chamou a atenção. A briga por cada bola, a correria incessante. Foi o que quase colocou a equipe na frente, já que Marcos Acuña brigou, pressionou e apertou até conseguir tocar na bola que sobrou para Enzo Pérez, com o gol aberto, errar. A garra era louvável, mas não havia grande senso de criatividade e os cruzamentos na área não tinham nenhum alvo. Não havia nenhum atacante alto o suficiente para disputar com a zaga croata.
O segundo tempo para a Argentina durou sete minutos. Foi o tempo que mostrou organização e se manteve fiel a um plano de jogo. Depois do erro de Caballero, a seleção se desfez em campo.
Sampaoli acabou com qualquer senso tático e mandou sua seleção para o ataque. Apelou para Pavón, o que não teve coragem de fazer na escalação inicial. Colocou Higuaín para ter um atacante de referência na área e até chamou Dybala. À exceção do goleiro reserva Armani, pôs em campo todos os nomes que a torcida queria ver na Copa do Mundo.
O nervosismo tomou conta. Messi se estranhou com Perisic, Otamendi deu peitadas em croatas. Não era aquilo que resolveria. A solução era fazer o mesmo que a Croácia. Organizada, com um meio de campo que funciona de forma precisa, tem um camisa 10 que não é o salvador da pátria. É mais um integrante da equipe. E quando teve chance, Luka Modric acertou um chute de fora da área para deixar a Croácia como líder da chave e afundar a Argentina.
Talvez de forma irreversível. A pá de cal foi o gol de Rakitic aos 44.
Messi ficou parado, mãos nas cinturas, de cabeça baixa, vendo seu companheiro de Barcelona comemorar o gol que ele não conseguiu fazer em Nijni Novgorod.