A 58ª temporada do Mundial de Fórmula 1 é sinônimo de uma situação incomum para um país que soma oito títulos mundiais e 102 vitórias. Pela primeira vez desde 1969, o Brasil não terá representantes no grid da principal categoria do automobilismo internacional. Se Felipe Massa foi capaz de adiar um desfecho inevitável em um ano, com a decisão de voltar atrás na aposentadoria assim que Valtteri Bottas deixou a Williams rumo à Mercedes, acabou perdendo espaço no time inglês, preocupado em reforçar o caixa com o dinheiro de novos patrocinadores. E uma continuidade antes natural e numerosa acabou interrompida.
Longe vão os tempos em que os jovens brasileiros se destacavam por qualidade, mas também quantidade nas principais categorias de formação europeias. Além da inexistência de uma "fileira" aos moldes do que havia nos tempos das extintas Fórmulas Ford, Chevrolet e Renault (o que garantia uma valiosa base para encarar desafios internacionais), a concorrência aumentou nos últimos anos e países antes sem grande expressão nas pistas passaram a ocupar seu espaço.
Hoje donos de equipe deixam em segundo plano o passaporte de seus próximos comandados, apostando no suporte financeiro e num planejamento que dá, aos raros escolhidos, a chance de se prepararem de forma intensa. Como vem acontecendo com o britânico Lando Norris, protegido da McLaren e companheiro do mineiro Sérgio Sette Câmara na equipe Carlin da F-2.
Serginho se tornou o candidato número 1 a fazer com que o jejum não se prolongue por muito tempo, especialmente depois da vitória em Spa-Francorchamps e de seu final de temporada na F-2 pela modesta equipe MP Motorsport. Agora, correndo ao lado daquele que é visto como o próximo prodígio do circo, tem a chance de reafirmar que merece um lugar entre os melhores. Talento certamente não falta. Um dos problemas, no entanto, foi a redução no número de carros disponíveis. No começo da década de 1990, houve GPs com 35 máquinas brigando por um dos 26 postos no grid. Agora, são apenas 20, sem perspectiva de surgimento de novas escuderias num futuro próximo.
Além do mineiro de 19 anos, outro que tem a F-1 como objetivo é Pietro Fittipaldi, neto de Emerson que, no entanto, preferiu seguir o caminho do avô e, neste ano, vai acelerar em sete etapas da Fórmula Indy. O jovem kartista paulista Gianluca Petecof (15 anos) passou a fazer parte da academia de talentos da Ferrari, o que não é sinônimo obrigatório de reconciliação entre o verde e amarelo e o vermelho sangue do Cavallino, mas pode perfeitamente levá-lo a times que usam os motores italianos, como Sauber e Haas.