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string(9178) "As projeções para as finanças do Cruzeiro não são nada boas de acordo com a análise apresentada pelo Itaú BBA, braço de investimento do Itaú Unibanco. O documento, divulgado nesta terça-feira e coordenado pelo economista César Grafietti, reforça que o cenário para o clube celeste, especialmente após a gestão temerária do ex-presidente Wagner Pires de Sá, é “dificílimo”.
O estudo aponta que o Cruzeiro não conseguirá honrar pagamentos ou reduzir dívidas, muito embora a gestão do presidente Sérgio Santos Rodrigues, empossado em 1º de junho, tenha conseguido pagar partes de débitos cobrados na Fifa (casos envolvendo Willian, Ramón Ábila e Rafael Sobis). Há também a garantia de que os vencimentos do clube estão em dia.
O estudo divulgado nesta terça revela a ‘realidade pública’ dos clubes brasileiros com avaliações feitas com base em “hipóteses técnicas”. Além do Cruzeiro, foram analisados Atlético, América e outras 21 equipes. Clubes que não divulgaram balanços patrimoniais até aqui não foram avaliados pelo Itaú BBA.
Procurado para comentar a análise do banco Itaú BBA, o Cruzeiro não respondeu até a última atualização desta reportagem.
Análise feita pelo banco Itaú BBA das finanças do Cruzeiro levando em conta o balanço patrimonial de 2019
Receitas, custos e geração de caixa
O documento aponta a queda de receitas do Cruzeiro em 2019: menos 14% nas receitas totais e menos 39% nas receitas recorrentes. Um dos motivos foi, justamente, o baixo rendimento em campo. Na última temporada, o clube não teve a premiação que recebeu pelo título da Copa do Brasil em 2018, por exemplo. O valor angariado com publicidade também caiu.
Por outro lado, o Cruzeiro conseguiu gerar receitas com a venda de jogadores - Murilo, Raniel, Gabriel Brazão e Lucas Romero os principais deles.
Os custos tiveram crescimento vertiginoso em 2019. Números apontam crescimento de 230%, ainda que, formalmente, os gastos com pessoal tenham reduzido 14%. “Geração de Caixa muito ruim e negativa nas duas medidas, por força da combinação entre menor receita e maior custo. Mas veja, este já era um comportamento usual ao longo dos últimos 6 anos. Portanto, não devemos tratar como novidade”, analisa o estudo.
Investimento e dívidas
Embora já apresentassem tendência de alta nos anos anteriores, as dívidas do Cruzeiro "explodiram" em 2019, último ano de mandato de Wagner Pires de Sá. A análise aponta um crescimento de 151% nos débitos. O estudo inclui dívidas fiscais e a exclusão do Profut, uma vez que o clube ainda batalha na Justiça para ser reincluído no programa de financiamento da União.
“Nas dívidas operacionais o destaque vai para o aumento de valores a pagar a outros clubes e de salários. Como houve redução de custos com pessoal, o aumento do valor a pagar de salários causa estranheza”, diz a análise do Itaú BBA. “No ano (2019) o clube investiu R$ 85 milhões, a maior parte em formação de elenco profissional. Medida usual, exceto em 2017, e que trabalha para acentuar o desequilíbrio e os problemas, pois gera mais dívidas”, complementa.
Fluxo de caixa
O fluxo de caixa mostra a forma como o clube “se financiou” ao longo da temporada. A conclusão do banco no caso do Cruzeiro é bastante clara: aumento no prazo de pagamento de salários, assim como conseguiu financiamentos na aquisição de atletas. O estudo tenta explicar de forma didática o raciocínio.
“Um clube tem receita de 10 e custos de 12. Mas como ele atrasa parte desses custos (digamos 5), significa que ele registra os 12 como custo, eles viram dívida, e parte não é paga. Ou seja, se considerarmos apenas o que entrou e saiu do caixa, teríamos 10 de receitas e 7 de custos. Com isso, no lugar de faltarem 2, sobraram 3”, diz. “O problema é que os 5 viram dívida, seja de salários, seja de encargos. O que os clubes fazem é esperar o tempo passar e depois conseguir algum acordo ou refinanciamento”, complementa.
A exclusão do Profut é apresentada em números neste espaço da análise do Itaú BBA: representa aumento de R$ 125 milhões nas dívidas. “Parte já está sendo considerada dentro das despesas financeiras, ou seja, há uma espécie de anulação dos lançamentos”, acrescenta o estudo.
Cenário 2020
Depois de apresentar as conclusões sobre a última temporada, o Itaú BBA concentra na projeção do cenário “dificílimo para o Cruzeiro em 2020”.
“Primeiro porque o rebaixamento à Série B retira do clube parte relevante das receitas de TV, que ainda por cima tem valores importantes adiantados (...). Depois, porque a pandemia retira público dos estádios e esta é uma importante mola propulsora esportiva e financeira para os clubes tradicionais voltarem à Série A. Por fim, com economia em crise, a chance de aumentar patrocínios só existe se houver algum mecenas”, diz o documento.
O banco analisa que, a única que coisa que pode acontecer de diferente para o clube, é a venda de atletas por valores acima da expectativa, coisa que o Cruzeiro ainda não conseguiu em 2020. Justamente o contrário. Em entrevista recente ao Superesportes, o diretor de futebol, Ricardo Drubscky, apontou que os adversários tentam “explorar” o momento vivido pela Raposa.
“No lado do custos fizemos um exercício de forte redução, mas ainda assim o cenário é de geração de caixa semelhante ao de 2019. Ou seja, nenhuma chance de reduzir dívidas, de manter custos em dia, muito menos de honrar pagamentos”, aponta.
'Como será o amanhã?'
A análise do banco também projeta o futuro do Cruzeiro para além de 2020. Neste ponto do estudo as palavras utilizadas pelos economistas são ainda mais duras. “A corda estourou e o abismo é fundo”, garantem. Leia a análise completa no slide final da galeria de imagens desta reportagem.
“Mesmo que volte imediatamente (à Série A), se colocará defronte a uma situação incomum nos últimos anos: gastar apenas o que arrecada. Ou melhor, bem menos do que arrecada, pois há muitas dívidas a equacionar. Com menos receitas e custos, a competitividade fica prejudicada”, diz outro trecho.
“Claro que há alternativas. Se alguém colocar dinheiro e equalizar o fluxo de caixa, se o clube conseguir retornar rapidamente e montar elencos baratos e eficientes, se vender muitos atletas por valores elevados, se renegociar os passivos com enormes descontos e prazos longos, se retomar os programas de refinanciamento de passivos tributários, se as dívidas pararem de aumentar, se o clube virar empresa. Bem, há inúmeros “ses” no futuro do Cruzeiro”, complementa.
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O estudo aponta que o Cruzeiro não conseguirá honrar pagamentos ou reduzir dívidas, muito embora a gestão do presidente Sérgio Santos Rodrigues, empossado em 1º de junho, tenha conseguido pagar partes de débitos cobrados na Fifa (casos envolvendo Willian, Ramón Ábila e Rafael Sobis). Há também a garantia de que os vencimentos do clube estão em dia.
O estudo divulgado nesta terça revela a ‘realidade pública’ dos clubes brasileiros com avaliações feitas com base em “hipóteses técnicas”. Além do Cruzeiro, foram analisados Atlético, América e outras 21 equipes. Clubes que não divulgaram balanços patrimoniais até aqui não foram avaliados pelo Itaú BBA.
Procurado para comentar a análise do banco Itaú BBA, o Cruzeiro não respondeu até a última atualização desta reportagem.
Análise feita pelo banco Itaú BBA das finanças do Cruzeiro levando em conta o balanço patrimonial de 2019
Receitas, custos e geração de caixa
O documento aponta a queda de receitas do Cruzeiro em 2019: menos 14% nas receitas totais e menos 39% nas receitas recorrentes. Um dos motivos foi, justamente, o baixo rendimento em campo. Na última temporada, o clube não teve a premiação que recebeu pelo título da Copa do Brasil em 2018, por exemplo. O valor angariado com publicidade também caiu.
Por outro lado, o Cruzeiro conseguiu gerar receitas com a venda de jogadores - Murilo, Raniel, Gabriel Brazão e Lucas Romero os principais deles.
Os custos tiveram crescimento vertiginoso em 2019. Números apontam crescimento de 230%, ainda que, formalmente, os gastos com pessoal tenham reduzido 14%. “Geração de Caixa muito ruim e negativa nas duas medidas, por força da combinação entre menor receita e maior custo. Mas veja, este já era um comportamento usual ao longo dos últimos 6 anos. Portanto, não devemos tratar como novidade”, analisa o estudo.
Investimento e dívidas
Embora já apresentassem tendência de alta nos anos anteriores, as dívidas do Cruzeiro "explodiram" em 2019, último ano de mandato de Wagner Pires de Sá. A análise aponta um crescimento de 151% nos débitos. O estudo inclui dívidas fiscais e a exclusão do Profut, uma vez que o clube ainda batalha na Justiça para ser reincluído no programa de financiamento da União.
“Nas dívidas operacionais o destaque vai para o aumento de valores a pagar a outros clubes e de salários. Como houve redução de custos com pessoal, o aumento do valor a pagar de salários causa estranheza”, diz a análise do Itaú BBA. “No ano (2019) o clube investiu R$ 85 milhões, a maior parte em formação de elenco profissional. Medida usual, exceto em 2017, e que trabalha para acentuar o desequilíbrio e os problemas, pois gera mais dívidas”, complementa.
Fluxo de caixa
O fluxo de caixa mostra a forma como o clube “se financiou” ao longo da temporada. A conclusão do banco no caso do Cruzeiro é bastante clara: aumento no prazo de pagamento de salários, assim como conseguiu financiamentos na aquisição de atletas. O estudo tenta explicar de forma didática o raciocínio.
“Um clube tem receita de 10 e custos de 12. Mas como ele atrasa parte desses custos (digamos 5), significa que ele registra os 12 como custo, eles viram dívida, e parte não é paga. Ou seja, se considerarmos apenas o que entrou e saiu do caixa, teríamos 10 de receitas e 7 de custos. Com isso, no lugar de faltarem 2, sobraram 3”, diz. “O problema é que os 5 viram dívida, seja de salários, seja de encargos. O que os clubes fazem é esperar o tempo passar e depois conseguir algum acordo ou refinanciamento”, complementa.
A exclusão do Profut é apresentada em números neste espaço da análise do Itaú BBA: representa aumento de R$ 125 milhões nas dívidas. “Parte já está sendo considerada dentro das despesas financeiras, ou seja, há uma espécie de anulação dos lançamentos”, acrescenta o estudo.
Cenário 2020
Depois de apresentar as conclusões sobre a última temporada, o Itaú BBA concentra na projeção do cenário “dificílimo para o Cruzeiro em 2020”.
“Primeiro porque o rebaixamento à Série B retira do clube parte relevante das receitas de TV, que ainda por cima tem valores importantes adiantados (...). Depois, porque a pandemia retira público dos estádios e esta é uma importante mola propulsora esportiva e financeira para os clubes tradicionais voltarem à Série A. Por fim, com economia em crise, a chance de aumentar patrocínios só existe se houver algum mecenas”, diz o documento.
O banco analisa que, a única que coisa que pode acontecer de diferente para o clube, é a venda de atletas por valores acima da expectativa, coisa que o Cruzeiro ainda não conseguiu em 2020. Justamente o contrário. Em entrevista recente ao Superesportes, o diretor de futebol, Ricardo Drubscky, apontou que os adversários tentam “explorar” o momento vivido pela Raposa.
“No lado do custos fizemos um exercício de forte redução, mas ainda assim o cenário é de geração de caixa semelhante ao de 2019. Ou seja, nenhuma chance de reduzir dívidas, de manter custos em dia, muito menos de honrar pagamentos”, aponta.
'Como será o amanhã?'
A análise do banco também projeta o futuro do Cruzeiro para além de 2020. Neste ponto do estudo as palavras utilizadas pelos economistas são ainda mais duras. “A corda estourou e o abismo é fundo”, garantem. Leia a análise completa no slide final da galeria de imagens desta reportagem.
“Mesmo que volte imediatamente (à Série A), se colocará defronte a uma situação incomum nos últimos anos: gastar apenas o que arrecada. Ou melhor, bem menos do que arrecada, pois há muitas dívidas a equacionar. Com menos receitas e custos, a competitividade fica prejudicada”, diz outro trecho.
“Claro que há alternativas. Se alguém colocar dinheiro e equalizar o fluxo de caixa, se o clube conseguir retornar rapidamente e montar elencos baratos e eficientes, se vender muitos atletas por valores elevados, se renegociar os passivos com enormes descontos e prazos longos, se retomar os programas de refinanciamento de passivos tributários, se as dívidas pararem de aumentar, se o clube virar empresa. Bem, há inúmeros “ses” no futuro do Cruzeiro”, complementa.