A crise política e econômica vivida pela Venezuela fez o Atlético modificar o processo de observação do Zamora-VEN. Habitualmente, a comissão técnica envia ao menos um analista ao país do time adversário para acompanhar partidas in loco. As dificuldades de logística fizeram o clube alvinegro restringir os estudos do rival desta quarta-feira à análise em vídeo.
 
 
Diante das dificuldades de ir à Venezuela, o Atlético avaliou a possibilidade de enviar observadores ao Paraguai para acompanhar o jogo entre Cerro Porteño-PAR e Zamora, pela segunda rodada. A proximidade com a partida do próprio time alvinegro contra o Nacional-URU, no Uruguai, impossibilitou a viagem até Assunção.
 
A comissão técnica do Atlético, então, avaliou jogos do Zamora na Libertadores e no Campeonato Venezuelano. Em entrevista ao Superesportes, o analista de desempenho Lucas Gonçalves detalhou os estudos feitos pelo clube alvinegro para a partida decisiva no Mineirão.
 
“É um time que explora bem a velocidade, principalmente jogando fora de casa, por jogar com atacantes de lado. É um time jovem, com alguns mais experientes, como o Rojas, meia que usa a camisa 10 e também joga como volante. O centroavante é o Guillermo Paiva. Apesar de jogar como referência, é um cara que se movimenta bastante”, avalia. As informações coletadas pelos observadores são repassadas ao técnico Levir Culpi e aos jogadores.
 
Atlético e Zamora se enfrentam a partir das 19h15 desta quarta-feira, no Mineirão, pela terceira rodada do Grupo E da Copa Libertadores. Nos dois primeiros jogos - contra Nacional-URU e Cerro Porteño-PAR -, as equipes brasileira e venezuelana não somaram pontos.
 
Leia, a seguir, a análise de Lucas Gonçalves sobre o Zamora
 
O meia cerebral
 
“Apesar da classificação (ruim) deles na Libertadores, hoje eles são vice-líderes do Campeonato Venezuelano. É um time que explora bem a velocidade, principalmente jogando fora de casa. Foi assim contra o Cerro. É uma tendência, já projetando o nosso jogo, principalmente por jogarem com atacantes de lado. Eles têm como base um time jovem, com alguns jogadores mais experientes, como o Rojas, número 10. É um meia de origem, mas que também tem jogado como volante. É até uma curiosidade que a gente tem sobre como ele vai vir na quarta-feira, se ele vai se manter jogando como volante ou como meia na linha de três. Independentemente da posição, a função acaba sendo como organizador da equipe. É uma das referências técnicas, gosta de ter a bola o tempo inteiro para municiar os jogadores de frente, que são mais rápidos.”
 
Velocidade na frente
 
<i>(Foto: NORBERTO DUARTE/AFP)</i>
 
“Esses três jogadores de frente são jogadores jovens, com bastante velocidade. O centroavante é o Guillermo Paiva. Apesar de jogar na posição como referência, é um cara que se movimenta bastante e até tem boa velocidade, até pela característica que a equipe acaba usando de contra-ataque, do uso de velocidade. Não é um cara tão parado. Tem os dois pontas também. Pelo lado esquerdo, o Romero, que é mais um segundo atacante. Ele acaba vindo para dentro, principalmente para a ultrapassagem do lateral-esquerdo, que é um cara mais ofensivo que o lateral-direito. Ele vem por dentro para dar esse corredor pelo lado de fora.
 
Já do outro lado, o ponta-direita é mais agudo, talvez o cara mais agudo do time deles. É um cara que normalmente puxa os contra-ataques, tem drible e velocidade. É o Gallardo, número 7. São jogadores jovens, agressivos. Se for pegar os últimos gols do time deles, é o que tem dado a maior parte das assistências e puxado a maioria dos contra-ataques. É um jogador mais ofensivo, vamos dizer assim.”
 
 
‘Mina’?
 
“O lateral-esquerdo González é mais ofensivo. Então, por característica, principalmente na roubada da bola, se pudermos explorar um pouco mais o lado esquerdo... Não é facilidade, não estou falando sobre ser mais vulnerável, mas é uma tendência, porque é um cara que vai apoiar mais.”
 
Zaga baixa, mas rápida
 
“Eles têm dois zagueiros (baixos), principalmente o De La Hoz, que é o zagueiro do lado esquerdo. Não é zagueiro de origem, é lateral. Ele tem 1,74m ou 1,72m - alguns lugares dizem que é 1,72m e outros dizem que é 1,74m. Para zagueiro, é considerado uma baixa estatura. Mas, em compensação, ele é muito rápido. Ele compensa com velocidade, compensa com uma boa colocação. O outro zagueiro tem 1,80m, que, para os padrões, também não é considerado um zagueiro muito alto. São zagueiros que compensam muito na velocidade. Então, acabam, principalmente num jogo mais por dentro, tendo uma boa recuperação. Em situações de cobertura, principalmente quando esse lateral-esquerdo acaba saindo, o De La Hoz consegue fazer coberturas rápidas, por ter boa velocidade.
 
É um time que marca muito por dentro, mais com os dois volantes à frente da linha de quatro do que justamente com esses pontas. Por serem pontas que atacam bastante e têm velocidade, acaba, por outro lado, tendo mais dificuldade no retorno e na marcação.”
 
Perigos do banco
 
“Tem o Osorio, que tem entrado bastante e é um jogador perigoso. Tem o Mena, um atacante rápido. Estudamos também essas situações, quando está ganhando ou perdendo jogo, de que maneira se comportam, se esse meia jogando como volante se comportou da mesma forma... Ficamos tentando projetar o que ele (José Ali Cañas, técnico do Zamora) poderia fazer no jogo daqui, tentando pensar com a cabeça do treinador. Então, é importante também dar uma olhada nos jogos.”