Endividado até o pescoço e privado de apresentações há meses devido ao coronavírus, o Cirque du Soleil está à beira do abismo e uma intensa batalha se forma nos bastidores para salvar esta icônica companhia cultural canadense.

Para evitar a falência do grupo que fundou em Quebec em 1984 e depois vendeu em 2015, o cuspidor de fogo e magnata Guy Laliberté insinuou que era capaz de enfiar a mão no bolso novamente. 

"Essa recuperação terá que ser feita novamente pelo preço correto. E não a qualquer preço", afirmou o ex-circense de 60 anos, determinado a não ver seu "bebê" vendido a grupos privados.

"Depois de uma cuidadosa reflexão", o bilionário decidiu embarcar no processo de resgate, "rodeado por uma super equipe", sem mais detalhes.

A pandemia deu um duro golpe na famosa trupe que conquistou o planeta com seus espetáculos poéticos e coloridos e que orgulha os canadenses.

Futuro incerto 

Um dos oito turistas espaciais que viajaram para a Estação Espacial Internacional em 2009, Laliberté renunciou o controle do circo por US$ 1 bilhão em 2015.

A companhia foi transferida para as mãos do fundo privado norte-americano TPG Capital, que hoje possui 55% do capital, enquanto 25% pertence ao fundo chinês Fosun, proprietário do Club Med e Thomas Cook, e os 20% restantes, à público-privada Caixa de Seguros e Pensões de Quebec (CDPQ, suas siglas em francês).

A CDPQ já havia comprado em fevereiro, pouco antes da pandemia, 10% dos negócios ainda mantidos por Guy Laliberté.


Desde 2015, o circo embarcou em custosas aquisições e reformas de salas de espetáculos permanentes ao mesmo tempo em que, de acordo com os críticos da imprensa de Quebec, seu característico espírito criativo estava em declínio.


De Las Vegas a Nova York ou China, os esforços equivocados vêm se acumulando sob suas tendas amarelas e brancas, elevando a dívida para mais de US$ 1 bilhão.


Temendo que o circo "seja vendido a outros interesses estrangeiros", o governo de Quebec ofereceu recentemente um empréstimo condicional de US$ 200 milhões ao circo para relançar suas atividades.


No entanto, este "acordo de princípio" depende de que a sede do circo permaneça em Montreal e que a província possa recomprar as ações americanas e chinesas no momento oportuno, "pelo valor de mercado" e com "provavelmente um sócio local", afirmou Pierre Fitzgibbon, ministro da Economia de Quebec.