O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, confirmou ao 247 que procurou André Esteves, dono do BTG Pactual, para se consultar sobre a taxa de juros, conforme foi revelado neste domingo em reportagem sobre um áudio do banqueiro, em que ele fala praticamente como dono do Brasil e do governo Bolsonaro. No áudio, Esteves diz que Campos Neto o procurou para saber qual deveria ser o piso ("lower bound") da taxa de juros no Brasil. O dono do BTG também diz que, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vença as eleições presidenciais de 2022, não será necessariamente um problema porque "teremos mais dois anos de Campos Neto" no Banco Central, instituição que passou a ser independente após o golpe de 2016.

Em resposta ao 247, Campos Neto enviou a nota no seguinte teor: “Como é da prática de bancos centrais e de autoridades de supervisão no mundo, os membros da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil mantêm contatos institucionais periódicos com executivos de mercados regulados e não-regulados para monitorar temas prudenciais que possam ameaçar a estabilidade do sistema financeiro e/ou para colher visões sobre a conjuntura econômica. Esses contatos incluem dirigentes de instituições financeiras ou de pagamento e seguem rígidas normas legais e de conduta, com destaque para os períodos de silêncio e as regras de exposição pública”.

A posição de Campos Neto, no entanto, é contestada por economistas. Segundo José Luís Oreiro, professor da Universidade de Brasília, se o Brasil fosse um país sério, Campos Neto seria demitido pelo Senado.