A Petrobras aumentará em 5% os preços da gasolina e em 7% o diesel, nas refinarias, a partir de hoje. Esta é quarta semana consecutiva de alta em maio, mês que marca uma reversão no comportamento dos preços dos combustíveis praticados pela estatal. Depois da queda abrupta nos últimos meses, a gasolina já acumula uma alta de 44,9% no mês, enquanto o diesel já subiu 15,5%. A inflação mais recente, no entanto, ainda não chegou ao consumidor final, que se beneficia do movimento de baixa no acumulado do ano.

Mesmo com a alta em maio, o preço da gasolina acumula, em 2020, uma baixa de 30,8%. No caso do diesel, a redução é de 35,5% no ano. Essa queda acentuada, contudo, não tem chegado integralmente aos consumidores. Na bomba, com base no levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a baixa acumulada em 2020 é de 16,5% para o litro da gasolina e de 19,1% para o diesel.

Os preços nos postos seguem descolados dos preços das refinarias, mas dessa vez de forma favorável ao consumidor. Embora a tendência seja de alta nos preços da Petrobras, na bomba o comportamento é o contrário: até o fim da última semana, a gasolina acumulava, em maio, uma queda de 3,2%, e o diesel um recuo de 5,7%. Segundo a ANP, já são 17 semanas seguidas de baixa nos preços dos dois derivados.

O aumento recente dos preços da Petrobras, nas refinarias, segue a tendência do mercado internacional. Depois de encerar abril cotado a cerca de US$ 25, o barril do tipo Brent se recuperou ao longo das últimas semanas. Ontem, os contratos futuros para julho fecharam o dia com alta de 2,96%, cotado a US$ 36,17, em meio a notícias de que mais países, sobretudo na Europa, flexibilizam as medidas de isolamento social adotadas para conter a pandemia da covid-19.

Apesar dos reajustes recentes da Petrobras, nas refinarias, estimativas da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) sugerem que ainda há espaço para novos reajustes. Segundo a entidade, que representa os principais concorrentes da estatal no abastecimento ao mercado doméstico, mesmo com o reajuste de hoje, a petroleira mantém os seus preços abaixo da paridade internacional, com uma defasagem superior a R$ 0,10 o litro na maioria dos principais pontos de suprimento, no caso da gasolina.

A Abicom considera, em suas contas, as despesas para internalização do produto até o porto e acrescenta a esses valores os custos com taxas portuárias, armazenagem e frete até o ponto de entrega. Já a Petrobras alega que o preço de paridade internacional “não é um valor absoluto, único e percebido da mesma maneira por todos os agentes” e varia de a gente para agente.

A alta dos preços ocorre também num momento em que o consumo dá sinais de recuperação, ainda que gradual. Depois de cair para patamares abaixo de 55% na primeira quinzena de abril, a taxa de uso das refinarias da Petrobras vem se recuperando desde então e atingiu, no último dia 24, o nível de 73,6%, aproximando-se dos patamares de processamento anteriores à crise desencadeada pela pandemia.

 

Fonte: Valor Econômico – 27/05