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string(71) "Paulo Guedes sob pressão: De superministro a colecionador de desgastes"
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Em meio às trocas no governo ocorridas nas últimas semanas e após todo o desconforto gerado com as falhas no Orçamento da União para 2021, o ministro da Economia, Paulo Guedes está pressionado. A guerra em torno do Orçamento foi apenas mais um capítulo de uma gestão que está aquém do que o próprio Guedes, que coleciona desgastes no meio econômico, desejava.
Na recente reforma ministerial e na troca de cadeiras, com Flávia Arruda (PL-DF) na Secretaria de Governo, o centrão emplacou uma representante significativa no primeiro escalão.
O objetivo agora consiste em retirar Guedes do comando ou no esvaziamento da pasta da Economia, fatiando os ministérios da Fazenda, Planejamento, Previdência, Trabalho e Indústria e Comércio, que foram incorporados no início do mandato e que hoje contam com o maior orçamento na Esplanada. A ideia é retirar responsabilidades das mãos do ministro e desafogá-lo.
No começo do ano, Guedes apostou suas fichas na troca dos comandos do Legislativo para destravar sua agenda no Congresso, já com um desgastado relacionamento com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Atento à movimentação do centrão, no meio da semana, Bolsonaro fez questão de levar o “posto Ipiranga" a um jantar em São Paulo para mostrar a empresários e investidores que aquele que já foi considerado um "superministro" continua firme no cargo. Ainda assim, a ideia não teve a repercussão esperada. Interlocutores afirmam que o ministro conta com menor influência sobre Bolsonaro e crescente incapacidade de diálogo com o Congresso, o que vem contribuindo para o fracasso na condução da política econômica.
A confusão em torno do orçamento aprovado no mês passado, que vem sendo chamado de “peça de ficção”, é visto como uma falha na articulação política e um enfraquecimento da equipe econômica, que não conseguiu barrar a manobra que busca burlar as regras fiscais e pode desembocar em um rombo do teto de gastos em mais de R$ 30 bilhões.
A data máxima para o presidente decidir o impasse de sanção ou não do Orçamento é o dia 22 de abril. Guedes aconselhou o presidente a não aprovar, pois poderia incorrer em crime de responsabilidade fiscal. Ele defende que as emendas parlamentares caibam no orçamento.
"O fato de o Orçamento ser considerado uma obra de ficção causa enorme descontentamento de parlamentares com Guedes"
Creomar de Souza, analista político da Consultoria Dharma
Descontentamento
Creomar de Souza, analista de risco político da Consultoria Dharma, ressalta o descontentamento da classe política e empresarial. Porém, aponta, tudo dependerá de como Guedes enfrentará o momento. “O Parlamento deseja uma função mais ativa. Esse é o movimento e o motivo dessa costura.
O fato de o orçamento ser considerado uma obra de ficção, causa enorme descontentamento de parlamentares com Guedes. Resta saber se o ministro consegue atravessar mais essa tempestade porque ele já passou por algumas. Caso não, provavelmente haverá uma pressão dessa base parlamentar do governo para impor um novo nome”, destaca.
O especialista completa que nos próximos dias haverá um choque ainda maior entre o ministro que representa os interesses do Executivo e de outro lado os interesses dos parlamentares. “Eles têm tentado assumir controle do orçamento, isso foi dando o tom do desenho final do processo e também tem gerado dificuldade para o ministro”, expõe.
Para Vera Chemim, especialista em direito constitucional e mestre em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), tem sido difícil para Guedes lidar com as demandas de estados e municípios por recursos para combater a pandemia e com as despesas destinadas às emendas parlamentares concedidas pelo presidente.
Na visão do centrão, no entanto, o ministro tem sido visto como um obstáculo para a ampliação dos seus poderes políticos às custas de Bolsonaro. “Partindo do pressuposto de que persiste uma crise orçamentária e financeira de sérias consequências no curto e médio prazo, Guedes será, obviamente, o bode expiatório do centrão, como forma de minar o seu poder e substituí-lo por outro de seu interesse", diz Vera Chemim.
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Biografia
Em meio às trocas no governo ocorridas nas últimas semanas e após todo o desconforto gerado com as falhas no Orçamento da União para 2021, o ministro da Economia, Paulo Guedes está pressionado. A guerra em torno do Orçamento foi apenas mais um capítulo de uma gestão que está aquém do que o próprio Guedes, que coleciona desgastes no meio econômico, desejava.
Na recente reforma ministerial e na troca de cadeiras, com Flávia Arruda (PL-DF) na Secretaria de Governo, o centrão emplacou uma representante significativa no primeiro escalão.
O objetivo agora consiste em retirar Guedes do comando ou no esvaziamento da pasta da Economia, fatiando os ministérios da Fazenda, Planejamento, Previdência, Trabalho e Indústria e Comércio, que foram incorporados no início do mandato e que hoje contam com o maior orçamento na Esplanada. A ideia é retirar responsabilidades das mãos do ministro e desafogá-lo.
No começo do ano, Guedes apostou suas fichas na troca dos comandos do Legislativo para destravar sua agenda no Congresso, já com um desgastado relacionamento com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Atento à movimentação do centrão, no meio da semana, Bolsonaro fez questão de levar o “posto Ipiranga" a um jantar em São Paulo para mostrar a empresários e investidores que aquele que já foi considerado um "superministro" continua firme no cargo. Ainda assim, a ideia não teve a repercussão esperada. Interlocutores afirmam que o ministro conta com menor influência sobre Bolsonaro e crescente incapacidade de diálogo com o Congresso, o que vem contribuindo para o fracasso na condução da política econômica.
A confusão em torno do orçamento aprovado no mês passado, que vem sendo chamado de “peça de ficção”, é visto como uma falha na articulação política e um enfraquecimento da equipe econômica, que não conseguiu barrar a manobra que busca burlar as regras fiscais e pode desembocar em um rombo do teto de gastos em mais de R$ 30 bilhões.
A data máxima para o presidente decidir o impasse de sanção ou não do Orçamento é o dia 22 de abril. Guedes aconselhou o presidente a não aprovar, pois poderia incorrer em crime de responsabilidade fiscal. Ele defende que as emendas parlamentares caibam no orçamento.
"O fato de o Orçamento ser considerado uma obra de ficção causa enorme descontentamento de parlamentares com Guedes"
Creomar de Souza, analista político da Consultoria Dharma
Descontentamento
Creomar de Souza, analista de risco político da Consultoria Dharma, ressalta o descontentamento da classe política e empresarial. Porém, aponta, tudo dependerá de como Guedes enfrentará o momento. “O Parlamento deseja uma função mais ativa. Esse é o movimento e o motivo dessa costura.
O fato de o orçamento ser considerado uma obra de ficção, causa enorme descontentamento de parlamentares com Guedes. Resta saber se o ministro consegue atravessar mais essa tempestade porque ele já passou por algumas. Caso não, provavelmente haverá uma pressão dessa base parlamentar do governo para impor um novo nome”, destaca.
O especialista completa que nos próximos dias haverá um choque ainda maior entre o ministro que representa os interesses do Executivo e de outro lado os interesses dos parlamentares. “Eles têm tentado assumir controle do orçamento, isso foi dando o tom do desenho final do processo e também tem gerado dificuldade para o ministro”, expõe.
Para Vera Chemim, especialista em direito constitucional e mestre em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), tem sido difícil para Guedes lidar com as demandas de estados e municípios por recursos para combater a pandemia e com as despesas destinadas às emendas parlamentares concedidas pelo presidente.
Na visão do centrão, no entanto, o ministro tem sido visto como um obstáculo para a ampliação dos seus poderes políticos às custas de Bolsonaro. “Partindo do pressuposto de que persiste uma crise orçamentária e financeira de sérias consequências no curto e médio prazo, Guedes será, obviamente, o bode expiatório do centrão, como forma de minar o seu poder e substituí-lo por outro de seu interesse", diz Vera Chemim.