Após um mês de janeiro com indicadores promissores – caso do saldo positivo dos empregos no Caged, em Minas e no país –, fevereiro e março, com aumento assustador de óbitos e de casos da Covid, voltaram a lançar sombras sobre o futuro da economia. É o que mostra pesquisa divulgada ontem pelo Observatório da Federação Nacional dos Bancos (Febraban), em conjunto com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). 


Segundo o levantamento, que avaliou os 12 primeiros meses da pandemia, mais de 70 a cada 100 brasileiros (74%) acham a situação econômica e social do país está pior agora do que no ano passado. E que as coisas só devem melhorar em 2022.

Os números indicam também que, para 16% dos entrevistados, o país segue em estagnação, e apenas 9% acreditam que o panorama agora é melhor do que no ano passado. Os dados ilustram ainda como a pandemia mudou a vida de parte dos brasileiros: para 73%, a existência tornou-se muito diferente de antes da Covid-19. 

De acordo com o sociólogo Lucas Azambuja, do Ibmec, tal desesperança é fruto, entre outros fatores, de uma pressão social e econômica que atinge, de forma mais brutal, as classes mais pobres. 

“Infelizmente, as medidas de restrições impactam em cheio justamente esse estrato social que tem menos recursos e é mais dependente das ações do Estado. Ele sente a pandemia em todos os aspectos. Na economia, porque não consegue trabalhar e se sustentar. E na saúde, pois vê o sistema que já era ruim colapsar completamente”, explica.


O pessimismo apresentado na pesquisa ecoa por diversos setores da economia. O último boletim Focus, do Banco Central, por exemplo, aponta recuo de 0,2% na expectativa do PIB nacional nas últimas quatro semanas – caindo de 3,43 para 3,23%. O mesmo boletim mostra que o IPCA (medidor da inflação) deve continuar subindo – já saltou de 3,62% em fevereiro para 4,6%, nesta semana. Para o economista e professor Paulo Casaca, os índices sugerem que não haveria mais como gerar crescimento no 1º semestre e que até o 2º estaria em risco. “Sem vacinas suficientes e no panorama atual é muito difícil reverter essa espiral de pessimismo e garantir a retomada”, diz.