O Brasil registrou um salto de 35% no número de motoristas por aplicativo entre 2022 e 2024, chegando a 1,72 milhão de pessoas atuando no setor, segundo levantamento divulgado nesta terça, 25, pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise de Planejamento), com apoio da consultoria Ecoa. A pesquisa estimou que, para jornadas de 40 horas semanais, esses trabalhadores têm rendimento líquido entre R$ 3.083 e R$ 4.400 — valores superiores à média nacional de profissionais com ensino médio.
O estudo também projeta os efeitos de uma possível mudança na legislação. Se o regime CLT fosse aplicado às plataformas, as empresas teriam aumento de custos e os preços das corridas subiriam até 34%. Com isso, a demanda cairia, reduzindo as oportunidades em 52%. A análise foi encomendada pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), entidade que reúne empresas como Uber, 99, iFood e Zé Delivery.
À coluna, a Amobitec afirmou que o crescimento no número de motoristas e entregadores reflete principalmente a combinação entre renda competitiva e horários flexíveis, proporcionados pela autonomia do modelo. “O desenvolvimento da tecnologia tem oferecido novos serviços alinhados com as necessidades da população, o que gera evolução e crescimento constante do mercado”, disse a associação.
A entidade defende uma regulação que reconheça a natureza independente da atividade e amplie a proteção social, sem comprometer a operação das plataformas. “Há urgência em se avançar uma regulamentação do trabalho por aplicativos para que, respeitando-se as características de autonomia e flexibilidade dos diferentes modelos de negócio, os trabalhadores tenham acesso a benefícios previdenciários básicos, como auxílio-doença e aposentadoria”, afirmou.