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A notícia de que uma nova e resistente variante do coronavírus começou a se espalhar pela Europa e pela Ásia assustou o mercado financeiro ontem e causou pânico em bolsas pelo mundo. Em meio à Black Friday, o otimismo que se via nos últimos dias na bolsa brasileira deu lugar à desconfiança, e o índice Ibovespa, que abriu no patamar dos 105 mil pontos, levou um tombo: caiu a 3,39% e chegou aos 102.224 pontos.
Entre investidores, impera o medo de que a ômicron — como é chamada a variante originada na África do Sul — cause novos fechamentos de comércio e fronteiras por tempo indeterminado, como ocorreu com a chegada do vírus ao Brasil, no ano passado, e na segunda onda, no início de 2021. O clima de incerteza atingiu o mercado internacional como um todo. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em queda de 2,53%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 caiu 4,74%.
Como a histeria foi geral, a moeda norte-americana não se valorizou fortemente com relação ao real. O dólar terminou o dia cotado a R$ 5,59 com alta de 0,55%. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,66. Segundo Rodrigo Moliterno, analista da Veedha Investimentos, o que se viu no mercado foi um clima de "déjà vu" com relação à primeira onda do vírus em 2020: incertezas, instabilidade e desconhecimento foram as palavras do dia.
Ele pontuou que o medo de novas restrições em vários países penalizou, principalmente, ações de empresas aéreas e de turismo. "As notícias que saíram primeiro diziam que era uma cepa muito mais agressiva e tinha uma velocidade de contaminação alta. Essa é a notícia que temos até agora", disse. No cenário doméstico, a queda também foi acentuada para esse setor, que já enfrentava dificuldades com a greve dos aeroviários deflagrada esta semana.
"A gente vinha numa toada de recuperação. Com o avanço da PEC dos Precatórios, criaram-se-se expectativas, e, agora, nos deparamos com essa notícia. Precisamos entender a magnitude da nova cepa, e se as vacinas funcionam contra ela, ela", disse.
Impacto no PIB
Rafael Ribeiro, analista de investimentos da Clear Corretora, vê com preocupação a chegada de uma nova variante mais agressiva ao Brasil. "Levando somente em conta a realidade brasileira, uma nova paralisação da economia reduziria drasticamente a perspectiva de crescimento para os próximos anos, que já não é grande coisa, além de elevar as projeções de inflação", afirmou.
"Em termos de investimento em renda variável, uma nova variante com o potencial risco como essa aumenta muito o nível de aversão ao risco, ainda mais para o Brasil, que já está debilitado de perspectivas econômicas", complementou.
Com tamanha incerteza entre os investidores, não há consenso quanto ao comportamento do mercado nos próximos dias, já faltam informações precisas sobre a eficácia das atuais vacinas contra a omicron. Mas há quem acredite que é precipitado se desesperar agora.
Para Renan Silva, gestor da Bluemetrix Ativos, o momento é outro: já temos vacinas e um maior conhecimento sobre o vírus."Isso não se compara com fevereiro ou março de 2020. Naquele momento, o cenário era diferente, porque não havia perspectiva de vacinas, havia algo mais nebuloso e dúvidas quanto à velocidade da vacina. Agora, há uma solução, que é a vacina, há remédios novos que estão sendo testados, mas o investidor já traumatizado acaba reagindo de forma a evitar a bolsa e buscar ativos mais seguros", avaliou.
"Pode ser precipitado sair vendendo ativos de forma atabalhoada e realizando prejuízos. Mesmo a bolsa tendo caído mais de 3%, não há comparação com o que ocorreu em março de 2020 quando o mercado abriu com circuit breakers e pânico estabelecido. O movimento, agora, é diferente", pontuou Silva.
Investidores exaustos
Com o vaivém de notícias sobre variantes do coronavírus, incertezas políticas e fiscais, há analistas que veem uma "exaustão" entre investidores, que sofreram na pandemia e tentam buscar retornos. É o que aponta Renan Silva. "As empresas consideram que a bolsa está muito atrativa, mas a reação depende de fluxos positivos. Então é necessário que as pessoas sintam segurança no ambiente político também", disse.
A incerteza já afetou os planos de empresas que planejavam lançar ações na bolsa. Para Vitória Saddi, sócia da SM Futures, é cedo para falar sobre fuga de capital com base nas notícias da nova variante, e há, ainda, muitas questões que precisam ser respondidas. Mas o medo de novos lockdowns tem tirado o sono dos investidores.
"As pessoas não estão conseguindo confirmar o que aconteceu, ainda não se sabe muito sobre a variante da África do Sul. O maior medo é que as restrições voltem com força total. Lá nos Estados Unidos, a economia vai bem, e voltar com lockdown é sinônimo de uma piora", disse.
"Se realmente essa variante se confirmar como uma ameaça grave, se alguém fechar — alguns países da Europa estão querendo fechar as fronteiras — e voltar o lockdown, acho que acaba tudo. A gente volta a julho de 2020. Mas todos estamos fartos disso, esperamos que as vacinas sejam eficazes contra essa cepa", concluiu.
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Entre investidores, impera o medo de que a ômicron — como é chamada a variante originada na África do Sul — cause novos fechamentos de comércio e fronteiras por tempo indeterminado, como ocorreu com a chegada do vírus ao Brasil, no ano passado, e na segunda onda, no início de 2021. O clima de incerteza atingiu o mercado internacional como um todo. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em queda de 2,53%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 caiu 4,74%.
Como a histeria foi geral, a moeda norte-americana não se valorizou fortemente com relação ao real. O dólar terminou o dia cotado a R$ 5,59 com alta de 0,55%. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,66. Segundo Rodrigo Moliterno, analista da Veedha Investimentos, o que se viu no mercado foi um clima de "déjà vu" com relação à primeira onda do vírus em 2020: incertezas, instabilidade e desconhecimento foram as palavras do dia.
Ele pontuou que o medo de novas restrições em vários países penalizou, principalmente, ações de empresas aéreas e de turismo. "As notícias que saíram primeiro diziam que era uma cepa muito mais agressiva e tinha uma velocidade de contaminação alta. Essa é a notícia que temos até agora", disse. No cenário doméstico, a queda também foi acentuada para esse setor, que já enfrentava dificuldades com a greve dos aeroviários deflagrada esta semana.
"A gente vinha numa toada de recuperação. Com o avanço da PEC dos Precatórios, criaram-se-se expectativas, e, agora, nos deparamos com essa notícia. Precisamos entender a magnitude da nova cepa, e se as vacinas funcionam contra ela, ela", disse.
Impacto no PIB
Rafael Ribeiro, analista de investimentos da Clear Corretora, vê com preocupação a chegada de uma nova variante mais agressiva ao Brasil. "Levando somente em conta a realidade brasileira, uma nova paralisação da economia reduziria drasticamente a perspectiva de crescimento para os próximos anos, que já não é grande coisa, além de elevar as projeções de inflação", afirmou.
"Em termos de investimento em renda variável, uma nova variante com o potencial risco como essa aumenta muito o nível de aversão ao risco, ainda mais para o Brasil, que já está debilitado de perspectivas econômicas", complementou.
Com tamanha incerteza entre os investidores, não há consenso quanto ao comportamento do mercado nos próximos dias, já faltam informações precisas sobre a eficácia das atuais vacinas contra a omicron. Mas há quem acredite que é precipitado se desesperar agora.
Para Renan Silva, gestor da Bluemetrix Ativos, o momento é outro: já temos vacinas e um maior conhecimento sobre o vírus."Isso não se compara com fevereiro ou março de 2020. Naquele momento, o cenário era diferente, porque não havia perspectiva de vacinas, havia algo mais nebuloso e dúvidas quanto à velocidade da vacina. Agora, há uma solução, que é a vacina, há remédios novos que estão sendo testados, mas o investidor já traumatizado acaba reagindo de forma a evitar a bolsa e buscar ativos mais seguros", avaliou.
"Pode ser precipitado sair vendendo ativos de forma atabalhoada e realizando prejuízos. Mesmo a bolsa tendo caído mais de 3%, não há comparação com o que ocorreu em março de 2020 quando o mercado abriu com circuit breakers e pânico estabelecido. O movimento, agora, é diferente", pontuou Silva.
Investidores exaustos
Com o vaivém de notícias sobre variantes do coronavírus, incertezas políticas e fiscais, há analistas que veem uma "exaustão" entre investidores, que sofreram na pandemia e tentam buscar retornos. É o que aponta Renan Silva. "As empresas consideram que a bolsa está muito atrativa, mas a reação depende de fluxos positivos. Então é necessário que as pessoas sintam segurança no ambiente político também", disse.
A incerteza já afetou os planos de empresas que planejavam lançar ações na bolsa. Para Vitória Saddi, sócia da SM Futures, é cedo para falar sobre fuga de capital com base nas notícias da nova variante, e há, ainda, muitas questões que precisam ser respondidas. Mas o medo de novos lockdowns tem tirado o sono dos investidores.
"As pessoas não estão conseguindo confirmar o que aconteceu, ainda não se sabe muito sobre a variante da África do Sul. O maior medo é que as restrições voltem com força total. Lá nos Estados Unidos, a economia vai bem, e voltar com lockdown é sinônimo de uma piora", disse.
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