O economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira destaca, em um artigo publicado na Folha de S. Paulo, que o mercado financeiro e a centro-direita esperam que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “adote os mesmos critérios e escolha dirigentes na área econômica simpáticos a eles. Não há razão para Lula escolher uma equipe econômica que conflite com o mercado financeiro e as elites econômicas, mas tanto o presidente quanto essas elites deverão considerar que tudo mudou nestes 20 anos”.

Segundo ele, “o Brasil também mudou muito nestes 20 anos. O neoliberalismo fracassou aqui ainda mais radicalmente que no norte global. A economia brasileira está quase estagnada desde 1980. Só houve um momento melhor no governo Lula. As elites econômicas, porém, não perceberam que esse fracasso aconteceu tanto aqui quanto lá fora e continuam mergulhadas no seu neoliberalismo dependente”.

“Existe agora uma oportunidade para a retomada do desenvolvimento, que foi aberta com a mudança ocorrida no norte global. Este não será mais tão agressivo em se opor a políticas desenvolvimentistas bem pensadas e que se impõem. Lula e aqueles que o apoiam, assim como a centro-direita que o vê com reservas, deverão considerar essas mudanças, que foram profundas. Ao escolher seus ministros da área econômica, o futuro presidente estará também decidindo se o Brasil sairá da quase estagnação secular ou não”, finaliza.