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Levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apontou alta de 45,3% no valor das passagens aéreas no terceiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso, a média de preços para uma pessoa viajar em território nacional passou de R$ 289,87 para R$ 529,93 — a mais alta desde 2013. A média do quilômetro voado por passageiro subiu 57%.
A análise da Agência também mostrou que, de janeiro a setembro deste ano, 42% das passagens domésticas foram vendidas por, no máximo, R$ 300. As maiores altas em um ano ficaram por conta da Gol, com 54,2%. Em segundo lugar vem a Latam (44,1%), seguida pela Azul (37,2%). As três companhias juntas representam 99,5% do tráfego aéreo comercial brasileiro.
Com a abertura das fronteiras, a flexibilização das restrições sanitárias contra o novo coronavírus e o avanço da vacinação no país, o fluxo de passageiros têm aumentado significativamente, elevando a receita das companhias aéreas. A demanda deve aumentar ainda mais com as festas de fim de ano e a expectativa da alta temporada no carnaval, o que pode empurrar os preços ainda mais para cima.
Respício Espírito Santo, professor de Tráfego Aéreo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explicou que o valor das passagens é definido por dois diferentes fatores: custo e concorrência. O primeiro é tradicionalmente elevado no Brasil, já que grande parte das despesas das empresas — como treinamento de pilotos e softwares — é paga em dólar, que está valorizado em relação ao real.
Já a concorrência não interfere nos custos, mas bastante no preço final: "No Brasil, temos basicamente Gol, Azul e Latam. Então, tem pouquíssima concorrência", frisou o especialista.
José Passos da Silva Neto, especialista em cartões de crédito e milhas aéreas, listou outros motivos para a alta das passagens. "O primeiro é a inflação pós-pandemia. Com a desaceleração econômica e diminuição da produção, os bens ficaram mais caros. Isso tudo, aliado ao aumento da oferta monetária pelos governos, contribuiu para o evento inflacionário", diz.
O segundo aspecto, conforme Passos, é a demanda reprimida. "Ficamos mais de um ano com altas restrições para viagens. Em 2021, muitas dessas restrições caíram, causando uma busca excessiva por passagens aéreas. Uma demanda muito alta num cenário de oferta estagnada causa aumento de preços", explicou.
Embora o cenário seja de melhora na receita, as companhias aéreas seguem apresentando resultados negativos. A Azul reportou prejuízo líquido de R$ 2,2 bilhões no terceiro trimestre, 82,4% a mais do que no mesmo período do ano passado. Para a Gol, o prejuízo foi de R$ 2,5 bilhões, ao passo que a Latam registrou perda de quase R$ 4 bilhões, 21% a mais do que em 2020.
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