RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), teve variação de 0,95% em novembro. É a maior taxa para o mês desde 2015 (1,01%), apontou nesta sexta-feira (10) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
 
Mesmo assim, o resultado veio abaixo das previsões do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 1,10% no mês passado. O resultado representa uma desaceleração frente a outubro, quando a alta do IPCA havia sido ainda maior, de 1,25%.

A inflação acumulada em 12 meses se aproxima de 11%. Com a marca de novembro, chegou a 10,74% -estava em 10,67% antes. É o maior acumulado desde novembro de 2003 (11,02%).

O IPCA está distante do teto da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) em 12 meses. O teto é de 5,25% em 2021. O centro é de 3,75%.

Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta de preços em novembro. A maior variação (3,35%) e o maior impacto (0,72 ponto percentual) vieram dos transportes.
O grupo foi influenciado pelos preços dos combustíveis, especialmente da gasolina (7,38%). O item teve, mais uma vez, o maior impacto individual no índice do mês (0,46 ponto percentual). Também houve altas nos preços do etanol (10,53%), do óleo diesel (7,48%) e do gás veicular (4,30%).

Com o resultado de novembro, a gasolina acumula, em 12 meses, avanço de 50,78%. O etanol registra alta de 69,40%. O diesel subiu 49,56%.

Em habitação (1,03%), segundo maior impacto (0,17 ponto percentual) no índice geral, o resultado ficou próximo ao do mês anterior (1,04%). Foi pressionado, novamente, pela energia elétrica (1,24%).

Segundo analistas, os preços em nível elevado também representam uma preocupação para 2022.

A pressão inflacionária, aliada a juros maiores, vem reduzindo projeções de crescimento econômico no próximo ano. Os dois fatores, em conjunto, dificultam o consumo das famílias, motor do PIB (Produto Interno Bruto), que dá sinais de estagnação no Brasil.

A escalada inflacionária ganhou corpo no país ao longo da pandemia. Em um primeiro momento, houve disparada de preços de alimentos e, em seguida, de combustíveis.

A alta do dólar em meio a turbulências políticas no Brasil e o avanço das commodities agrícolas e do petróleo no mercado internacional ajudam a explicar o comportamento desses preços.

Em 2021, houve um ingrediente adicional: a crise hídrica. A escassez de chuva elevou os custos de geração de energia elétrica, ampliando o uso de usinas térmicas, que são mais caras. O reflexo foi a conta de luz mais alta nos lares brasileiros.
Em uma tentativa de frear a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) vem subindo a taxa básica de juros, a Selic. Na quarta-feira (8), o colegiado aumentou a taxa em 1,5 ponto percentual, a 9,25% ao ano.

O mercado financeiro projeta IPCA de 10,18% no acumulado de 12 meses até dezembro de 2021, de acordo com a mediana do boletim Focus, divulgado na segunda-feira (6) pelo BC.

Para 2022, a projeção é de 5,02%, acima do teto da meta de inflação do próximo ano, de 5%. Ou seja, seria o segundo ano consecutivo de estouro da meta.