ARTICULAÇÃO ECONÔMICA

Aproveitando a posição de destaque conferida pela presidência do G20, uma comitiva liderada pelo ministro Fernando Haddad viaja a Washington (EUA) nesta semana para promover a agenda brasileira durante o encontro anual do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional), que ocorre de segunda (15) a sexta-feira (19).

"O Brasil é uma parte muito ativa do diálogo que temos", afirmou o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, a jornalistas na última quinta (11) após ser questionado sobre o envolvimento do país na agenda desta semana.

"O Brasil está envolvido em toda a gama de questões climáticas, não apenas relacionadas à mitigação ou adaptação, mas também relacionadas ao solo, à biodiversidade, à natureza. Essa é a natureza de sua ambição durante sua presidência no G20 e na próxima COP na qual terão a chance de trabalhar", completou.

Banga elogiou ainda o que vê como um plano de crescimento verde do país para "mudar o jogo" e o foco no combate à fome e à pobreza.

Haddad será acompanhado por secretários, como Guilherme Mello (política econômica) e Tatiana Rosito (assuntos internacionais), e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Em paralelo às chamadas reuniões de primavera dos bancos multilaterais, acontece também uma nova reunião da área de finanças do G20.

O grupo se encontra primeiro para um jantar na quarta (17), no qual a economista Esther Duflo, vencedora do Nobel da área em 2019, fará uma palestra sobre finanças sustentáveis a convite do Brasil.

No dia seguinte, os ministros da Fazenda do bloco, acompanhados pelos chefes dos bancos centrais, se encontram para discutir a reforma da governança do sistema financeiro internacional. Torná-lo mais representativo do mundo atual, com maior peso para os emergentes, e aprimorar sua capacidade de financiamento diante de desafios como crise climática e fome, estão entre as prioridades da presidência brasileira.

No entanto, assim como no encontro anterior, realizado em São Paulo, não é esperada a divulgação de um comunicado conjunto.
Haddad participa também de um evento na terça (16) sobre finanças sustentáveis no Instituto Brasil do Wilson Center, co-organizado pela Fazenda e pelo Instituto Clima e Sociedade. A embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, faz a abertura.

Na noite do mesmo dia, o chefe da Fazenda encontra o também brasileiro Ilan Goldfajn, hoje na presidência do BID (Banco Inter-Americano de Desenvolvimento), para uma conversa sobre investimentos na América Latina e as reformas econômicas no Brasil.

No dia seguinte, o ministro integra um painel com Samantha Power, chefe da Usaid (agência americana para o desenvolvimento internacional) e representantes da União Africana, da Noruega, da África do Sul e do Banco Mundial.

Em seguida, Haddad participa de um evento patrocinado pelo G20 sobre taxação dos super-ricos, ao lado de representantes do Quênia e do FMI. Segundo a Fazenda, o propósito do encontro, promovido em parceria com a França, é mostrar que a proposta do Brasil está sendo endossada por outros países.

O terceiro evento do dia é uma mesa redonda sobre a situação da dívida de países emergentes.

Há previsão ainda de uma entrevista coletiva com Duflo e os economistas Joseph Stiglitz e Gabriel Zucman sobre as propostas brasileiras da trilha financeira do G20.

Na agenda de bilaterais, estão previstas reuniões com o ministro das Finanças da China, Lan Fo'an, e o Comissário Europeu para Assuntos Econômicos, Paolo Gentiloni. (Fernanda Perrin/FolhaPress)