Enquanto a indústria morre, delineia-se a grande tragédia brasileira, que já produziu mais de 13 milhões de desempregados

A queda na participação da indústria no PIB brasileiro sinaliza concretamente a “desindustrialização” do país. Um reflexo concreto desse processo na vida das pessoas é o fechamento de fábricas. Nesse contexto, o encerramento das atividades da Ford em São Bernardo do Campo é emblemático, principalmente porque ocorre no berço da indústria automobilística brasileira, onde há exatos 40 anos os sindicatos mostraram uma força desconhecida até então.

Os impactos são estarrecedores: sem a fábrica, haverá um corte na massa salarial do município de aproximadamente R$ 600 milhões por ano, segundo cálculos do Dieese do ABC paulista, publicados em matéria do jornal O Globo.

E mais: outros 27 mil empregos podem ser extintos em fornecedores, comércio e serviços. Haverá ainda uma perda de R$ 7 milhões de IPTU que a montadora recolhe e R$ 18 milhões em ICMS com o movimento da venda dos produtos que vão para os cofres do estado de São Paulo.

Enquanto a indústria morre, delineia-se a grande tragédia brasileira, que já produziu mais de 13 milhões de desempregados. Ela se reflete também na vida da grande massa de subempregados. Segundo o IBGE, o número de trabalhadores sem carteira assinada – cerca de 34 milhões – é maior do que os 33 milhões que preservaram a sua no ano passado, como mostrou matéria em Os Novos Inconfidentes.

É muita gente trabalhando precariamente ou “por conta própria”, ou seja, vendendo alguma coisa. Mas quem vai comprar, se os bons empregos estavam na indústria? E esta responde hoje por apenas 11,3% da economia brasileira?