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Baseado nas propriedades do etanol, sabe-se que o combustível vegetal tem 70% da eficiência energética da gasolina. Ou seja, um litro de etanol libera o equivalente a 70% da energia de um litro de gasolina. Sendo assim, o preço do etanol não poderia superar 70% do valor da gasolina para ser financeiramente vantajoso.
Essa conta é simples: basta dividir o valor do etanol pelo da gasolina no posto em que você abastece, e o resultado não pode ser superior a 0,7. Mas nem precisa pegar a calculadora. De acordo com a tabela nacional de preços médios para os combustíveis mais recente divulgada pela ANP e válida para a semana entre os dias 13 e 19 de junho, em nenhum estado está valendo a pena abastecer com etanol.
O caso mais grave é o do Amapá, onde o etanol está mais caro que a gasolina, custando respectivamente R$ 5,250 e R$ 4,944. Colocando na ponta do lápis, a divisão dos valores dá um resultado de 1,06.
Por sua vez, o melhor resultado para o etanol é encontrado no Mato Grosso, já que o resultado da divisão é de 0,71. Já em São Paulo, o combustível vegetal custa 77,98% (0,78) do valor cobrado pelo de origem fóssil.
Mas é bom fazer uma ressalva. Não é pelo fato de o etanol ter 70% da eficiência energética da gasolina que esse seja o número exato para o seu carro. Alguns veículos podem ser mais ou menos eficientes com o etanol. Hoje, a maioria dos veículos flex utiliza uma configuração intermediária de taxa de compressão e tempo de ignição para poder rodar com os dois combustíveis. Ou seja, não estão otimizados para nenhum. Assim, a eficiência com etanol varia de acordo com o motor, o carro e a montadora.
Para saber a eficiência de seu veículo, basta consultar o Selo de Eficiência Energética emitido pelo Conpet e pelo InMetro, caso disponível. O cálculo é o mesmo do preço do combustível. Divida o número em km/l obtido pelo carro com etanol pelo número em km/l da gasolina. Se um carro faz 5 km/l com etanol, mas 10 km/l com gasolina, o resultado é 0,5. Ou seja, neste caso hipotético, o etanol não pode passar de 50% do preço da gasolina.
Impactos ambientais
Como já se foi amplamente debatido, os veículos a combustão emitem uma série de gases nocivos à atmosfera. Entre eles, estão o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2) e o óxido de nitrogênio, além de material particulado. No caso dos veículos movidos a gasolina, o maior problema é que essa quantidade de carbono é removida de reservatórios subterrâneos e acrescentada à atmosfera, gerando impactos ambientais como o aquecimento global.
E este é um dos principais apelos do uso do etanol em termos ecológicos. Como sua origem é vegetal, o carbono de sua composição foi extraído a partir do que já estava disponível na atmosfera pela cana de açúcar. Então a queima do etanol, mesmo emitindo carbono em diversos formatos, não acrescenta carbono à atmosfera, e o ciclo se fecha pela absorção do elemento pelas plantas.
No entanto, nem tudo é positivo a respeito do uso de etanol, ecologicamente falando. De fato, ele emite uma menor quantidade de carbono e nitróxidos na atmosfera, mas emite.
Também é preciso falar da emissão de hidrocarbonetos expelidos pela queima de ambos. No caso da gasolina, entre outros elementos químicos, emite-se benzeno, altamente tóxico à saúde. O etanol, por sua vez, emite mais acetaldeídos, também perigosos, porém menos nocivos.
Um comunicado emitido em 2020 pela União da Indústria da Cana de Açúcar (UNICA) afirmou que “apesar de o limite de emissões de escape ser o mesmo para veículos usando etanol ou gasolina, isso não significa que as emissões reais utilizando um ou outro combustível sejam as mesmas”. A entidade também afirma que, desde 2003, a adição de 27% de etanol à gasolina comum “reduziu a emissão de gases de efeito estufa em mais de 515 milhões de toneladas de CO2 entre março de 2003 e maio de 2020”.
Outro fator a ser considerado é que a produção de cana também é nociva para o meio ambiente, incentivando a monocultura em grandes porções de terra arável, além de demandar uma grande quantidade de diesel para o funcionamento de tratores e colheitadeiras. Isso sem contar os processos de queimadas nos canaviais.
Um dos críticos do uso de etanol como combustível no Brasil foi João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, finado fundador da extinta Gurgel Motores. Apesar do bom relacionamento com o governo militar na época do Proálcool, não achava que o etanol era um bom substituto para a gasolina, afirmando que a terra deveria produzir alimentos, não combustível. No entanto, Gurgel tinha mais interesse no desenvolvimento de carros elétricos, bandeira sustentada pelo executivo desde a década de 1970, quando a crise do petróleo elevou os preços dos combustíveis, e a marca que levava seu nome apresentou o Gurgel Itaipu, um dos primeiros protótipos de carro elétrico nacionais.
O que foi o ProÁlcool mesmo?
A história do Brasil com etanol como combustível começou ainda na década de 1970, quando o governo lançou o Proálcool, um programa de incentivo ao uso do combustível vegetal derivado da cana de açúcar. O Fiat 147 foi o primeiro modelo de produção no Brasil a conseguir rodar somente com etanol.
Foi apenas em 2003, quando a Volkswagen lançou o primeiro Gol Flex, que foi possível optar tanto por gasolina quanto por etanol no tanque em qualquer proporção. Em termos gerais, diz-se que a gasolina oferece uma maior autonomia por abastecimento, enquanto o etanol, em contrapartida, gera um pouco mais de desempenho.
No final das contas…
Como não existe um estoque regulador para manter os preços do etanol relativamente estáveis ao longo do ano, o consumidor fica à mercê dos períodos de safra e entressafra da cana, causando uma grande variação nos valores cobrados pelo combustível. Isso sem contar que os produtores podem optar por usar a cana para venda de açúcar no mercado internacional, caso os valores sejam mais atrativos que os da venda do combustível por aqui, podendo criar escassez no produto. Por ser uma cultura altamente mecanizada, os valores do diesel também impactam os custos de produção.
Então a resposta para a pergunta se vale a pena usar etanol, do ponto de vista econômico, vai sempre depender dos cálculos dos valores em relação à gasolina. Para quem aposta no etanol como solução mais amigável ao meio ambiente, vale lembrar que ainda assim há emissões de poluentes pelo uso do combustível vegetal, apesar de menores e de não acrescentar carbono à atmosfera; e que o cultivo de cana de açúcar também polui. No entanto, o faz em menores quantidades que a gasolina.
Fonte: CNN
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Essa conta é simples: basta dividir o valor do etanol pelo da gasolina no posto em que você abastece, e o resultado não pode ser superior a 0,7. Mas nem precisa pegar a calculadora. De acordo com a tabela nacional de preços médios para os combustíveis mais recente divulgada pela ANP e válida para a semana entre os dias 13 e 19 de junho, em nenhum estado está valendo a pena abastecer com etanol.
O caso mais grave é o do Amapá, onde o etanol está mais caro que a gasolina, custando respectivamente R$ 5,250 e R$ 4,944. Colocando na ponta do lápis, a divisão dos valores dá um resultado de 1,06.
Por sua vez, o melhor resultado para o etanol é encontrado no Mato Grosso, já que o resultado da divisão é de 0,71. Já em São Paulo, o combustível vegetal custa 77,98% (0,78) do valor cobrado pelo de origem fóssil.
Mas é bom fazer uma ressalva. Não é pelo fato de o etanol ter 70% da eficiência energética da gasolina que esse seja o número exato para o seu carro. Alguns veículos podem ser mais ou menos eficientes com o etanol. Hoje, a maioria dos veículos flex utiliza uma configuração intermediária de taxa de compressão e tempo de ignição para poder rodar com os dois combustíveis. Ou seja, não estão otimizados para nenhum. Assim, a eficiência com etanol varia de acordo com o motor, o carro e a montadora.
Para saber a eficiência de seu veículo, basta consultar o Selo de Eficiência Energética emitido pelo Conpet e pelo InMetro, caso disponível. O cálculo é o mesmo do preço do combustível. Divida o número em km/l obtido pelo carro com etanol pelo número em km/l da gasolina. Se um carro faz 5 km/l com etanol, mas 10 km/l com gasolina, o resultado é 0,5. Ou seja, neste caso hipotético, o etanol não pode passar de 50% do preço da gasolina.
Impactos ambientais
Como já se foi amplamente debatido, os veículos a combustão emitem uma série de gases nocivos à atmosfera. Entre eles, estão o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2) e o óxido de nitrogênio, além de material particulado. No caso dos veículos movidos a gasolina, o maior problema é que essa quantidade de carbono é removida de reservatórios subterrâneos e acrescentada à atmosfera, gerando impactos ambientais como o aquecimento global.
E este é um dos principais apelos do uso do etanol em termos ecológicos. Como sua origem é vegetal, o carbono de sua composição foi extraído a partir do que já estava disponível na atmosfera pela cana de açúcar. Então a queima do etanol, mesmo emitindo carbono em diversos formatos, não acrescenta carbono à atmosfera, e o ciclo se fecha pela absorção do elemento pelas plantas.
No entanto, nem tudo é positivo a respeito do uso de etanol, ecologicamente falando. De fato, ele emite uma menor quantidade de carbono e nitróxidos na atmosfera, mas emite.
Também é preciso falar da emissão de hidrocarbonetos expelidos pela queima de ambos. No caso da gasolina, entre outros elementos químicos, emite-se benzeno, altamente tóxico à saúde. O etanol, por sua vez, emite mais acetaldeídos, também perigosos, porém menos nocivos.
Um comunicado emitido em 2020 pela União da Indústria da Cana de Açúcar (UNICA) afirmou que “apesar de o limite de emissões de escape ser o mesmo para veículos usando etanol ou gasolina, isso não significa que as emissões reais utilizando um ou outro combustível sejam as mesmas”. A entidade também afirma que, desde 2003, a adição de 27% de etanol à gasolina comum “reduziu a emissão de gases de efeito estufa em mais de 515 milhões de toneladas de CO2 entre março de 2003 e maio de 2020”.
Outro fator a ser considerado é que a produção de cana também é nociva para o meio ambiente, incentivando a monocultura em grandes porções de terra arável, além de demandar uma grande quantidade de diesel para o funcionamento de tratores e colheitadeiras. Isso sem contar os processos de queimadas nos canaviais.
Um dos críticos do uso de etanol como combustível no Brasil foi João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, finado fundador da extinta Gurgel Motores. Apesar do bom relacionamento com o governo militar na época do Proálcool, não achava que o etanol era um bom substituto para a gasolina, afirmando que a terra deveria produzir alimentos, não combustível. No entanto, Gurgel tinha mais interesse no desenvolvimento de carros elétricos, bandeira sustentada pelo executivo desde a década de 1970, quando a crise do petróleo elevou os preços dos combustíveis, e a marca que levava seu nome apresentou o Gurgel Itaipu, um dos primeiros protótipos de carro elétrico nacionais.
O que foi o ProÁlcool mesmo?
A história do Brasil com etanol como combustível começou ainda na década de 1970, quando o governo lançou o Proálcool, um programa de incentivo ao uso do combustível vegetal derivado da cana de açúcar. O Fiat 147 foi o primeiro modelo de produção no Brasil a conseguir rodar somente com etanol.
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Fonte: CNN