Dados atestam situação mais delicada no estado, em função das commodities, mesmo com crescimento discreto nos últimos dois anos
FONTE: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO
A crise econômica em Minas Gerais tem sido pior nos últimos anos, quando comparada ao restante do país. Dados oficiais disponibilizados pelo IBGE, e preliminares coletadas pela Fundação João Pinheiro, escancaram o incontestável. Depois de 2012, que foi um ponto fora da curva, com o estado superando o PIB nacional, Minas sentiu mais de perto as implicações da crise que se alastrou no país como um todo.
A partir de 2013, o crescimento do PIB mineiro ficou bem aquém do brasileiro. Enquanto Minas teve um acréscimo de apenas 0,4%, atingido sobretudo pela retração do setor industrial, o país superou os 2%, alcançando 2,3%. No ano seguinte, ao passo que a taxa de nosso PIB retrocedeu (-1,1%), a brasileira, mesmo com um valor módico, manteve o crescimento (0,1%) em um período econômico de forte recessão econômica; 2014 foi o início do recuo no PIB, por dois anos consecutivos. Mas com exceção de 2016, em que a contração foi maior no Brasil do que em Minas (-3,6% e -2,6%, respectivamente), os mineiros sofreram mais com os efeitos danosos da crise.
E O FUTURO?
Os números do IBGE sobre o PIB mineiro de 2017 só serão divulgados em novembro deste ano. Segundo dados apurados pela FJP, se em 2017 Minas Gerais “respirou”, podendo, a partir de 2016, vislumbrar uma recuperação da atividade econômica e fim da recessão, sofreu com o recolhimento dos setores agropecuário e industrial. Houve nesse período ampliação da extração mineral e indústria de transformação estadual. No entanto, quanto à atividade mineral, fundamental para Minas, o mesmo não se configurou no ano seguinte: no primeiro trimestre de 2018 ela sofreu redução de 4% em relação ao mesmo período de 2017.
O economista Carlos Alberto Teixeira destaca que o PIB mineiro não guarda uma sincronia fina com o do Brasil. Assim, historicamente, quando a economia nacional caminha bem, a de Minas costuma superá-la. Por outro lado, quando a economia brasileira tem desempenho negativo, a de Minas, certamente, sofre mais, com funcionamento ainda inferior. Porém, em um espaço de tempo, ambas tender a ser ajustar. Essa condição se configura devido à característica de produção mineira, fundamentada pelas commodities (minério de ferro, café etc.). A pouca diversificação do parque industrial mineiro não ajuda. Acrescido a isso, a taxa das exportações mineiras diminuiu em comparação à média de anos anteriores. Ou seja, isso demonstra um enfraquecimento do PIB, o que pode ser visualizado como uma sinalização negativa. Se a exportação caiu e a importação teve alta, o PIB se reduz.
A crise fiscal do Governo de Minas, a falta de dinheiro, será que não foi reflexo pelo fato de a crise econômica ter sido pior por aqui? Dessa forma, a crise fiscal também está sendo mais acentuada? Não é à toa que os dois estados com as crises fiscais mais graves, Minas Gerais e Rio de Janeiro, são os mais dependentes de commodities e os mais prejudicados desde 2013, período em que o mercado de commodities virou. Em Minas, temos como principais produtos o minério de ferro e o café; no Rio, o petróleo. O processo, contudo, é muito similar: os dois estados são muito impactados pelo mercado de commodities. Quando este está lá em cima, eles se esbaldam. No momento em que cai, ambos perdem e ficam muito fragilizados, sem rumo. Por isso, tanto se discute a respeito da diversificação da pauta exportadora em Minas Gerais. Por ora, aguardemos as cenas dos próximos capítulos, ressabiados, como todo bom mineiro, e cobertos de dúvidas.