PRESENTES


Enquanto pais fazem das compras para o Dia das Crianças oportunidade de passeio com seus filhos, comerciantes comemoram o bom fluxo de clientes. "Está bem melhor que eu esperava. Está surpreendendo", garante Vera Pereira, 51, gerente da loja Brinkel, localizada no bairro Padre Eustáquio, região noroeste de Belo Horizonte. De acordo com ela, o movimento vinha lento ao longo da semana, aumentando a partir de quinta-feira (8). "E, agora, está assim, cheia, como você está vendo", disse à reportagem, que esteve no local no início da tarde deste sábado (10).


Comércios como o que Vera coordena estão no radar dos consumidores. Segundo pesquisa da Câmara de Dirigentes e Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), lojas de rua - por conta da localização, do preço e da variedade de produtos - são apontadas como o local de compra preferido dos belo-horizontinos para a data, sendo mencionada por 44,4% dos entrevistados pela entidade. A internet aparece em segundo lugar, citada por 24,1% dos participantes, e os shoppings centers em terceiro, sendo a escolha de 18,5%.

Em média, conforme levantamento da CDL/BH, os moradores da capital estão dispostos a gastar até R$ 102,78 com presentes para os pequenos, e a maioria deve optar por pagamento por meio de cartão de débito (27,8%), em dinheiro em espécie (24,1%) ou a vista no cartão de crédito (22,2%). Apenas 20,4% manifestou interesse em parcelar as dívidas no cartão de crédito.

Embora não haja expediente no domingo (11), as lojas devem abrir na segunda-feira (12), feriado em que se celebra a padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida, e o Dia das Crianças.

PAIS FAZEM DAS COMPRAS OPORTUNIDADE DE PASSEIO COM OS FILHOS
Fazendo um balanço do movimento na Brinkel, Vera Pereira cita que boa parte dos compradores têm levado presentes não apenas para os filho, como também para sobrinhos e primos. Caso do militar José Ricardo Ferraz, 36, que foi ao local junto de seu filho, Miguel, de 6 anos.

"Trazer ele comigo faz que as compras virem um passeio. Eu nem gosto de contar que vamos vir, deixo ele fazer as coisas dele, almoçar... Só depois, de surpresa, anuncio que vamos ir na loja de brinquedos. Então, ele já faz a festa!", conta Ferraz.  A ideia é levar até seis brinquedos: um para o menino, outro para o irmão dele e mais um para cada um dos seus quatro primos.

O engenheiro Antônio Moreira, 45, segue a mesma lógica e levou para o lugar sua filha, Letícia, de 2 anos. "Eu fiquei até com receio de trazer ela", diz, mencionando ter mantido uma rotina de cuidados para evitar o contágio pelo novo coronavírus. Mas ele não resistiu à tentação. "É a primeira vez que ela vem em uma loja de brinquedos", conta, enquanto a menina observa toda variedade de produtos. Moreira deve comprar presente para ela e também para uma sobrinha.

LOJISTAS CONTRATARAM MENOS FUNCIONÁRIOS TEMPORÁRIOS NESTE ANO
Para dar conta da demanda, Vera Pereira relata que a loja precisou contratar 15 profissionais temporários. "No ano passado, tivemos que chamar mais", expõe. Uma escolha que parece estar sintonizada às sondagens realizadas pela CDL/BH, que detectou uma diminuição no número de pessoas que manifestaram interesse em ir às compras. Em 2019, 65,1% dos entrevistados disseram que presenteariam crianças de suas famílias, contra 54,5% neste ano.

Entre os lojistas, há um certo otimismo: 47,7% esperam que as vendas sejam melhores do que no ano passado e 3% acreditam que possam ser até mesmo muito melhores. Já 22% admitem esperar uma piora neste quesito. A expectativa da CDL/BH é que a data gere uma movimentação de cerca de R$ 2,15 bilhões na economia da capital.

Febre do pedal. Item que não era tão buscado e que aparece com destaque nas vendas neste 2020 são as bicicletas. "Não tinha tanta saída como está tendo agora. Realmente, virou trend", comenta Vera Pereira sobre a explosão no consumo do produto, que, em meio à pandemia, se popularizou como prática esportiva e como meio de transporte.