Mudança de comportamento fomenta mercado de produtos que provocam menor impacto

A consciência de que os recursos naturais são finitos está mudando a postura do cliente e das empresas. “Pesquisas mostram que o consumidor brasileiro está mais engajado, mais consciente e exigente”, observa a analista de sustentabilidade do Sebrae Minas, Julia Padovezi. Dessa forma, negócios são criados pautados por esse viés. É o caso do mineiro Daniel Drummond Pimenta Motta, que, junto com a mulher, Aline Ramos, criou um portal focado na sustentabilidade. Chamado É Coisa Bio, o site oferece produtos biodegradáveis, orgânicos e veganos. “São cerca de 200 tipos de produtos. Um dos destaques em vendas é o creme dental sem flúor e orgânico. Outro com boa aceitação é um desodorante natural em pedra que dura por volta de dois anos”, conta.

Para Motta, o mercado de produtos sustentáveis tem potencial de crescimento. “É uma tendência. As pessoas estão mais preocupadas com a origem dos produtos, se realizam testes em animais, o impacto no meio ambiente, além do cuidado com as substâncias que são colocadas no corpo. E ainda tem a questão das alergias. A forma de consumir está mudando”, observa.

A aposta no segmento é tamanha que ele desenvolveu canudos de bambu, que são comercializados desde dezembro passado no e-commerce da família. Além do consumidor final, os canudos podem ser personalizados e vendidos para empresas.

Motta, que há quatro anos aposta nesse mercado, explica que, diferentemente do canudo de plástico, que libera toxinas como o BPA (bisfenol), o canudo de bambu, além de ser sustentável, possui em suas fibras uma resistência natural a bactérias. “O bambu tem um bactericida natural e, no nosso processo de produção artesanal, nós o tratamos de modo a não eliminar esse sistema de defesa natural. Então, ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, o canudo de bambu é uma opção higiênica”, diz.

A proprietária do restaurante vegano Las Chicas Vegan, Gabriela Andrade, conta que seu estabelecimento tem preocupação com a sustentabilidade. “Temos canudos biodegradáveis e embalagens recicláveis. Aliás, o consumidor está mudando os hábitos, pois o consumo dos canudos está caindo. Antigamente, era um caixa com cerca de mil canudos por mês. Hoje, ainda tenho a mesma caixa do início do ano passado”, afirma.

Já a microempreendedora Márcia Pinho utiliza cápsulas de café expresso para fazer colares, brincos e pulseiras. Ela também reutiliza, para fazer suas peças, alumínio do fundo de latas de bebidas, embalagens plásticas de xampu, cremes e determinados produtos de limpeza, além de pneus de bicicleta e retalhos de couro. Márcia conta que capricha no acabamento. “Estudei joalheria e mesclo essa técnica com resíduos”, explica Márcia.

‘Moda atemporal’ usa reciclagem em tecidos

É possível ser sustentável até mesmo na hora de se vestir, segundo a diretora da Tiê Moda Sustentável, Emanuelle Carvalho. “Defendemos a moda atemporal, que se perpetua por mais tempo, com sobreposições, que são mais versáteis. Incentivamos o consumo consciente”, diz ela, que ressalta que a ideia é causar o menor impacto possível ao meio ambiente a partir de diversas ações, como aproveitamento de retalhos.

A empresa utiliza materiais ecologicamente corretos, como algodão reciclado e orgânico. Também é usado o fio de poliéster extraído de garrafas PETs recicladas, conforme Emanuelle.

Ainda segundo a empreendedora, o processo de produção desse tipo de tecido tem como vantagem o baixo consumo de água, além de dispensar o uso de agentes químicos nocivos ao meio ambiente.

Dicas sustentáveis

Quanta energia você pode economizar no dia a dia:

Trocar o ar-condicionado pelo ventilador de teto: 98%.

Usar lâmpadas fluorescentes compactas: 80%.

Tostador de pão em vez de forno: de 65% a 70%.

Tampar panelas e ajustar o tamanho da chama: 20%.

Manter ventilado o radiador da geladeira: 15%.

Ter um carro pequeno em vez de um grande: 44%.