Bancos tradicionais precisam atender a um nível de exigência maior que o imposto às fintechs
As dúvidas sobre investimentos nos bancos digitais cresceram desde a última sexta-feira (4). Após notícias de ataque hacker ao Banco Inter e a determinação da liquidação extrajudicial (o equivalente a decretar falência) do banco comercial Neon - proprietário de uma empresa de tecnologia financeira (fintech) do mesmo nome -, os bancos digitais podem ter a imagem afetada, segundo relata o portal Uol.
Sem agências físicas, as instituições que oferecem serviços como cartões, transferências e pagamentos de contas pela internet, a custos mais baixos que os cobrados pelos bancos tradicionais, apresentaram problemas na mesma data, mas eles não teriam qualquer relação entre si, de acordo com a publicação.
O primeiro teria sido por falha tecnológica, enquanto o último por má gestão. Ainda assim, os casos geraram dúvidas nos clientes sobre a segurança de abrir conta ou investir dinheiro em uma instituição que só existe digitalmente.
Um das diferenças entre as instituições físicas e digitais é o fato dos bancos tradicionais precisarem atender a um nível de exigência maior que o imposto às fintechs - mesmo estas oferecendo serviços como contas digitais, cartões e empréstimos -, ainda que ambas sejam submetidas à fiscalização do Banco Central. As exigências menores seriam o motivo pelo qual os bancos digitais conseguem oferecer serviços mais acessíveis aos clientes.
"A régua do BC para os bancos é mais alta. E é natural que seja assim porque o impacto da eventual quebra de um grande banco, como Itaú ou Bradesco, dentro do sistema financeiro nacional seria muito maior do que o de uma fintech. O Neon, por exemplo, representa menos de 0,1% do sistema. Sua quebra, embora não seja um fato aceitável, tem efeito pontual", explicou ao Uol o professor da FGV e da FEA-USP Alan De Genaro.
Para o especialista, as fintechs precisam de menos capital e menos funcionários para se estruturar. "Por outro lado, elas também têm menos dinheiro do que um banco para investir em sistemas de segurança e podem acabar priorizando menos essa questão", completa De Genaro.