Rio de Janeiro - O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), censurou e ordenou o fechamento da exposição 'Literatura Exposta' neste domingo (13), um dia antes do previsto. Uma performance do coletivo de artistas És Uma Maluca, que faz referência à tortura durante a ditadura militar no Brasil foi o alvo da ação do governador de extrema-direita. A censura foi questionada e denunciada por Marcelo Ruben Paiva, em um tweet: "Como é que é?! Com que direito?! Conhece o Art.5 da Constituição? Manda fechar pq uma performance faria alusão à tortura durante a ditadura".
A mostra estava em cartaz na Casa França-Brasil, que pertence à Secretaria de Estado da Cultura do RJ, desde 4 de dezembro. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o curador exposição, considerou a decisão uma censura: "Fecharam nossa exposição um dia antes da data oficial como forma de impedir que as performances [...] acontecessem", escreveu em sua página no Facebook.
Ainda segundo a reportagem, 'Literatura Exposta' já havia sofrido patrulhamento antes mesmo de ser aberta. A obra "A Voz do Ralo É a Voz de Deus", também do coletivo És Uma Maluca, foi vetada pelo diretor da Casa França-Brasil, Jesus Chediak.
Na proposta original do grupo, milhares de baratas de plástico se espalham por cima e ao redor de um bueiro instalado sobre azulejos, no piso da instituição. Do mesmo buraco também sairia a voz de Jair Bolsonaro. Chediak proibiu o uso de discursos de Bolsonaro. Uma receita de bolo entrou em seu lugar.
A proposta da exposição era apresentar criações baseadas em textos de escritores considerados periféricos.
Um conto do escritor Rodrigo Santos foi a inspiração para "A Voz do Ralo É a Voz de Deus". O texto fala sobre uma mulher torturada durante a ditadura militar. Nas sessões de tortura, baratas eram introduzidas em sua vagina.