ARTES PLÁSTICAS
Quando a Vida É Uma Euforia traz obras feitas pela artista plástica Joana Lira para o carnaval da cidade entre os anos de 2001 e 2011

Por:Emannuel Bento - Diario de Pernambuco

Quem festejou o carnaval do Recife entre os anos de 2001 e 2011 pôde contemplar inúmeras obras da artista plástica e designer gráfica Joana Lira ao circular pelas ruas. Nesse período, a pernambucana foi responsável por idealizar o projeto de intervenção urbana da cidade para os dias de Momo, criando peças que buscavam ressaltar a vivacidade da cultura local com cores fortes e traços criativos, misturando tradição e modernidade. Agora, residentes e turistas poderão revisitar esse legado gráfico na exposição gratuita Quando a vida é uma euforia, em cartaz no Centro Cais do Sertão, Bairro do Recife, até o dia 17 de março. A vernissage será nesta terça-feira (15), às 19h.
Após ser realizada no renomado Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo, a mostra traz algumas obras do projeto que traçou uma identidade visual para o carnaval da capital pernambucana e estabeleceu uma reestruturação gráfica da festa. A curadoria feita pela paulistana Mamé Shimabukuro busca provocar uma imersão do visitante na folia com peças que expressam toda a antropologia visual de Joana: linhas pretas que exaltam cores, formas geométricas e dão vida a simbologias que nos remetem à fauna, flora e folclore local. Com produção de Carla Valença, da Relicário, a exposição ocupará a Sala São Francisco e o Espaço Umbuzeiro do Cais do Sertão.

Foto: Everton Ballardin/Divulgação
Foto: Everton Ballardin/Divulgação


“Eu vejo a mostra como uma grande obra. Não trabalhamos com a ideia de peças, mas sim com um percurso. É como se as obras fossem particularidades que formam um universo único”, explica Joana Lira, vencedora do Grande Prêmio Orgulho de Pernambuco de 2018, do Diario, na categoria Artes Plásticas e Design Gráfico. “As obras não estão em ordem cronológica, pois a ideia é justamente criar esse ambiente imersivo e mágico, em que as pessoas possam percorrer pela narrativa da curadoria, que foi completamente emocional, justificando o título. Estamos falando de uma festa intensa, livre, democrática e transgressora.”
O processo curatorial de Mamé Shimabukuro começou em 2012, através de longas entrevistas com Joana Lira e um mergulho no carnaval do Recife feito através de conversas com personalidades culturais e cotidianas. Ela chegou na conclusão de que o carnaval é um fenômeno emocional, e não puramente profano. “É algo que acontece através de uma magia. Pensei em uma mostra que fosse livre, para que os visitantes andem no salão assim como os foliões são nômades no carnaval”, explica. Para trazer o que absorveu da experiência carnavalesca pernambucana, a paulistana decidiu dividir a exposição em cinco núcleos: pertencimento, fantasia, mulheres, manifestação e transcendência - dois núcleos a mais do que a mostra de São Paulo, que recebeu 22 mil pessoas em 40 dias.

Foto: Everton Ballardin/Divulgação
Foto: Everton Ballardin/Divulgação


“Na parte do pertencimento, por exemplo, mostramos textos, fotos e vídeos que fizeram parte da formação de Joana, pois seu trabalho está bastante ligado a experiências próprias. Essas cores e manifestações estão todas dentro dela. Ela fantasiou, vestiu a cidade onde esses sentimentos tivessem interlocução direta da intervenção urbana”, afirma Mamé. Nessa mesma área, estarão expostas obras feitas para reverenciar os homenageados do carnaval durante os dez anos, a exemplo de Ariano Suassuna, Lula Cardoso Ayres, Abelardo da Hora, Cícero Dias, Vicente do Rego Monteiro e Tereza Costa Rêgo. Materiais audiovisuais, incluindo um documentário, dão o tom multimídia da mostra.
Serviço
Exposição Quando a vida é uma euforia, de Joana Lira
Onde: Cais do Sertão (Armazém 10, Avenida Alfredo Lisboa, s/n, Recife Antigo)
Visitação: de 15 a 17 de março, das 9h às 17h (terça a sexta) e 13h às 17h (sábado e domingo)
Quanto: gratuito
Programação

Quarta-feira (15h às 16h30, no Auditório É do Povo)
A narrativa do caboclo de lança: conversa com Mestre Nico: percussionista e artesão pernambucano radicado em São Paulo fala sobre ancestralidade, religião, transcendência e outros aspectos relacionados à sua cultura.
Domingo (16h às 18h, no Espaço Umbuzeiro)
Experiência sonora com Maurício Badé: diretor musical da exposição, o músico, percussionista, estudioso da música negra brasileira convida o público para uma troca sobre o leque sonoro da mostra.