MUSEU DE CONGONHAS

Programa Museu para Todos pretende levar outros públicos para o espaço centrado na obra-prima de Aleijadinho

Com apenas dois anos de existência, o Museu de Congonhas é hoje respeitado nacionalmente pela forma como amplia o acesso, a compreensão e a contribuição para preservar o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, que é reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1985. O conjunto, composto por seis capelas contendo cenas dos Passos da Paixão de Cristo e pelas esculturas dos 12 profetas, é tido como a obra-prima do artista mineiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814).

Mas, para além desse reconhecimento que tem a instituição, seu diretor, Sérgio Rodrigo Reis, considera importante diversificar a presença do público identificado frequentemente ali, o que motivou a criação do programa Museu para Todos, lançado na manhã de quarta-feira (28) no Centro de Arte Popular da Cemig. “Nós conseguimos, em muito pouco tempo, nos tornar referência nacional nessa área, mas precisamos sair agora da zona de conforto. Por isso, nós concebemos uma programação eclética para oferecer atrações não só aos visitantes que já conseguimos alcançar, mas também a um público mais amplo possível”, comentou Reis.

A iniciativa deverá dar continuidade às exposições e às ações educativas que já fazem parte da rotina do museu. A novidade maior ficará em torno de atrações do universo da música, com destaque para o projeto Poesia e Música no Museu, que será inaugurado com a apresentação de Moraes Moreira no dia 21.

Outros convidados serão Alice e Danilo Caymmi, que vão aportar em Congonhas no dia 18 de abril. Por fim, Toni Garrido, vocalista da banda de reggae Cidade Negra, vai levar suas canções e um pouco de sua história para o museu no dia 23 de maio. Júlio César Valladão Diniz, que é curador desse eixo, ressalta que o formato desses encontros não deverá seguir o modelo tradicional dos shows.

“A ideia é que cada um dos convidados estabeleça uma conversa musical. Eles vão falar sobre a trajetória deles, sobre a cultura brasileira, e o público vai poder se manifestar, fazer perguntas, pedir bis”, detalhou Diniz. “Acho que Moraes Moreira tem muito a dizer sobre o Brasil dos anos 60 e 70. Danilo e Alice representam o encontro de duas gerações descendentes de Dorival Caymmi, e Toni (Garrido) tem todo um percurso como ator, poeta e músico, que poderá ser dividido com as pessoas”, completou o curador.

Outro aspecto relevante é a parceria com Ouro Preto. A programação a ser desenvolvida ao longo deste ano será compartilhada com a Casa da Ópera, teatro construído em Ouro Preto em 1769, o que faz dele o mais antigo em funcionamento nas Américas.

“Ouro Preto e Congonhas são cidades irmãs, porque elas dividem uma série de proximidades, mas parecia que cada uma estava em um continente diferente. Então, pela primeira vez, elas estão se unindo para compartilhar atrações e atividades. Isso também surge muito a partir de um chamamento do governo do Estado, que está buscando fazer uma interiorização dessas ações”, observou Reis.

Tal iniciativa também insere-se nas celebrações dos 280 anos de nascimento de Aleijadinho, cidadão de Ouro Preto. Angelo Oswaldo, secretário de Estado de Cultura, ressaltou o potencial integrador do programa Museu para Todos. “Esse não é apenas um projeto ligado ao patrimônio cultural, mas também à educação, às artes, à participação da comunidade, à transformação da vida social e dos processos de comunicação por meio da cultura. O museu se transforma em um grande instrumento, em uma grande alavanca que vai impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e cultural das comunidades”, conclui Oswaldo.

Saiba mais

Outras atrações do programa Museu para Todos são as exposições de Lyria Palombini, que deverão ser inauguradas em abril, e a mostra desenhada para homenagear a vida e a obra de José Arigó, um dos maiores médiuns brasileiros.

Neste mês, vai começar uma campanha colaborativa que vai gerar uma logomarca do projeto, a partir de um acervo de caligrafias de artistas e do público.