É comum que muitas pessoas associem o doce à felicidade, pois o açúcar intensifica os picos de glicose no sangue, aumentando a energia e causando euforia. Apesar de gostoso, o hábito merece atenção, especialmente, neste período de quarentena, em que essa “válvula de escape” pode estar sendo utilizada com mais frequência. O consumo exagerado tende a virar problema de saúde e gerar até mesmo uma compulsão. Mas, calma! Para quem não fica sem as gostosuras, o Hoje em Dia dá dicas de alimentos que podem substitui-las, além de hábitos que ajudam no controle da dependência.

Segundo a nutricionista e coordenadora do curso de Nutrição das Faculdades Kennedy, Natália de Carvalho Teixeira, neste período de pandemia, é comum ouvir relatos de pessoas que estão sentindo mais vontade de comer doce: “Isso pode estar relacionado com todo esse período de incertezas e ansiedade em que estamos vivendo. Então, essas mudanças de humor e as dúvidas que surgem podem acabar levando a um ciclo vicioso”, alerta.


E, falando em sentimentos: ansiedade, estresse ou tristeza são motivos para a estudante de Engenharia Elétrica Melissa Stéfanny, de 21 anos,  sentir "sua boca salivando" por um doce. Ela relata que começou a perceber os sintomas da compulsão quando entrou na faculdade, em 2018. Pelo menos uma vez por dia ela precisa comer doce, para não ficar estressada e ter sintomas como dor de cabeça e irritabilidade. Qualquer dinheiro que sobra, ou, até mesmo quando não esta sobrando, usa para comprar uma guloseima, muitas vezes, até escondido, para "não ter que dividir com ninguém".

Atenção aos sinais

Natália ainda adverte que esse desejo se torna preocupante quando, assim como Melissa, ao ficar um dia sem comer doce, a pessoa apresente sintomas de irritabilidade, mal-estar, ou, até mesmo, não consiga parar quando começa a saborear um chocolate.


Ainda segundo a nutricionista, estresse e falta de sono adequado também são algumas causas de uma possível compulsão. Nesse caso, é recomendado incluir alimentos na dieta que ajudam a regular tanto o humor quanto a ansiedade, como os ricos em magnésio e vitamina B.

Perigos do exagero

O consumo exagerado de guloseimas pode causar sérias consequências para a saúde: “O doce contém muito açúcar e calorias, que podem desencadear na obesidade e seus efeitos, como, por exemplo: diabetes, hipercolesterolemia e triglicérides alto”, alerta a nutricionista.

E o medo do sobrepeso foi um dos motivos para a estudante de administração Thamiris Corradi, 25, decidir mudar seus hábitos, há cerca de três anos.

Acostumada com as guloseimas desde criança, se conscientizou de que a mania poderia trazer riscos para a saúde, assim como baixar sua autoestima. Ao passar por diversos especialistas, descobriu que um dos motivos para a dependência era porque tinha o ‘paladar infantil’: “Como sempre comi muitas gulodices, desde criança, meu paladar se acostumou com o gosto doce na boca. Quando coloco algo amargo, não suporto”, conta.

 

Reprodução/Instagram / N/A

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Thamiris Corradi, 25, decidiu mudar seus hábitos há cerca de três anos

 

Utilizando Spray de Gymnema e Picolinato de Cromo para o tratamento da compulsão, Thamiris viu o desejo diminuir, e passou a olhar com cuidado a situação: “Hoje em dia, vejo que o vício é uma questão que vai muito além do peso. Atualmente, já olho pelo lado da saúde, ainda mais por ter casos de diabetes na família”, diz.

Os mais “magrinhos (as)” também não escapam e devem ficar atentos a possíveis consequências: “Magreza não é sinal de saúde. Pessoas magras também podem desenvolver esses problemas crônicos e continuar com o peso baixo da mesma forma, por algum motivo”, avisa Natália.

Dicas preciosas

A nutricionista clinica do Grupo Santa Casa BH Rayssa Jordaim Miranda frisa que se restringir demais não é uma opção para controlar a vontade, pois toda restrição gera compulsão. Ela dá algumas dicas de como mudar hábitos e de como substituir alimentos, para quem “não fica sem um docinho”. Confira na arte desta matéria.

As especialistas alertam ainda que é fundamental o acompanhamento com nutricionista e com psicólogo, para o tratamento da compulsão. Portanto, fique atento aos sinais que seu copo apresenta e procure ajuda, se necessário.

(*) Estagiária, sob supervisão de Luisana Gontijo