Em vídeo gravado a meu pedido na manhã da ultima quarta feira (15), por um amigo que ligou da porta do Leroy Merlin para falar de invasão de área federal por onde passava a linha férrea da RMS Logística, próximo aos motéis, revela o inicio de mais uma favela em território do município de BH. Não será essa apenas mais uma invasão de espaço público por sem tetos, mas a mais grave ocupação que a cidade já teve, por razões que pretendo discorrer a seguir.

Embora não seja da alçada da Prefeitura a manutenção do local, que é de responsabilidade do IPHAN, por ser a área também Patrimônio Cultural, a interdição e remoção de invasores, precisa urgentemente ser liderada pelos governos municipal e estadual, pois se trata de uma área de “amortecimento” da Estação Ecológica do Cercadinho e esta anotada na UNESCO como área de preservação ambiental da Serra do Espinhaço. Reserva estratégica que merece atenção permanente pela sua importância.

O assunto passa a ser do Município de BH por que o manancial abastece os bairros Belvedere, Santa Lucia, bem como os hospitais que estão em território de Nova Lima no Vale do Sereno, além dos condomínios da cidade vizinha. A questão é gravíssima, pois afeta o abastecimento de água para consumo humano. Se a ocupação não for estancada com urgência, pode acaba com o ultimo manancial de água dentro do território da capital. Todos os outros mananciais estão fora de BH.

Lembro-me com riqueza de detalhes em reunião no gabinete do então prefeito Célio de Castro em 1997, numa conversa amistosa com ele sobre BH e os problemas metropolitanos, quando questionei sobre as primeiras invasões no Anel Rodoviário, que se deram debaixo do viaduto de acesso ao bairro Universitários, à época. Perguntei ao prefeito o que ele estava pensando para evitar que ocorressem outras, e a resposta veio na ponta da língua: “A invasão do Anel Rodoviário é assunto do DNER, e não da Prefeitura, não quero saber disso, tenho outros assuntos mais importantes para tratar”, afirmou o prefeito.

Passados 30 anos, as 15 famílias que ocupavam o Anel Rodoviários viraram mais de cinco mil ocupações clandestinas, algumas tendo como co-proprietários, políticos graduados que ocupam cadeira no parlamento federal há décadas. Com efeito, ainda está em tempo de barrar aquela ocupação que começa no bairro Belvedere, atrás do Hospital Vila da Serra, e segue rumo ao Olhos D´agua, antes que dez virem dez mil famílias despejando dejetos humanos no único manancial de água potável que a cidade vem preservando.

Prefeito Kali, talvez seja hora de V.Exa. mostrar a que veio.

Respeitosamente.

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