O IBGE divulga no final de cada mês o resultado da Pnad Contínua do trimestre formado pelos três meses anteriores. A que foi divulgada no dia 31 de maio mostrou que, de fevereiro a abril, a taxa de desocupação da população economicamente ativa chegou a 12,5%, o que equivale a 13,2 milhões de pessoas desempregadas, e que as pessoas desalentadas, que desistiram de procurar trabalho, chegaram a 4,9 milhões. Esses números tem se mantido em torno do mesmo patamar desde o último trimestre de 2017 e, até o momento, a economia não dá sinais de recuperação capaz de reverter esse quadro.

Um ponto aqui é verificar ou imaginar como tem sido a estratégia de sobrevivência para quem não está conseguindo trabalhar, ainda mais que, quanto pior a situação, pior mesmo. Será que alguma reserva financeira ou patrimonial já foi usada nesse período recente ou as dívidas aumentaram? Como será que está a capacidade de familiares e amigos para ajudar solidariamente na travessia tão difícil nesse tipo de situação, em todos os seus aspectos? O que esperar das organizações de ajuda humanitária, já que do poder público não há muito do que se obter?

Outro ponto é pensar um pouco nos 92,4 milhões de pessoas que estão trabalhando, segundo a Pnad Continua, número que obviamente também tem se mantido estável após sucessivas quedas, ou seja, caiu para pior. Para esses também é bastante visível que o poder aquisitivo está caindo em função da inflação medida pelo IPCA, que é diferente conforme o perfil familiar, dificuldades nas negociações de reajustes salariais anuais, além de reajuste zero, em geral, para servidores públicos do Poder Executivo da União, estados e municípios, isso para citar apenas algumas causas. Para agravar a situação a energia elétrica aumenta em 6,93%, o plano de saúde suplementar aumenta 21%, a gasolina, o óleo diesel e o gás de cozinha aumentam seus preços em função da cotação internacional do petróleo e da variação do dólar enquanto os alimentos em geral, medicamentos e a prestação de serviços também dão seus pulos, apesar da sazonalidade da oferta e da procura específica de alguns deles.

O que é possível fazer diante de tantas restrições e piora de condições, principalmente para quem não quer se endividar com juros tão altos ou mesmo queimar reservas ainda existentes? Provavelmente terá chegado a hora de rever o perfil de consumo elegendo novas prioridades que, no mínimo, abrem mão dos supérfluos e combatem fortemente os desperdícios de qualquer natureza. Ainda é preciso pensar em poupar um certo percentual da renda para que, num futuro não muito distante, essa mesma reserva venha se somar aos proventos recebidos de uma aposentadoria.

O fato é que estamos passando por uma conjuntura em que a estratégia continua sendo de sobrevivência que já vem de um bom tempo atrás e que ainda persistirá por mais um bom tempo, pois os cenários que se desenham não nos permitem enxergar de outra forma. É por isso mesmo que não dá para abrir mão da gestão orçamentária e tomar sempre as medidas necessárias em prol da sobrevivência, por mais difícil e desafiante que seja tudo isso. Haja resiliência!