A semana que passou não foi nada fácil para os mercados acionários. Política e economia seguem sem direção. Com novos desenvolvimentos no xadrez geopolítico entre Rússia e o Ocidente, o conflito na Ucrânia vêm ganhando um novo contorno. Com sede de vitória, os participantes desse confronto correm o risco de levarem este embate longe demais. Já passou da hora de colocar fim nesta guerra insana.  Os mercados asiáticos ainda estão sem direção, apesar dos sinais negativos de Wall Street, já que os investidores permanecem cautelosos em meio aos sinais mistos sobre as perspectivas para as taxas de juros globais após os recentes comentários hawkish (contracionista) de vários membros do Federal Reserve dos EUA, onde foi sugerido que a elevação dos juros tiveram apenas efeitos limitados na inflação. 

Enquanto isso, a inflação dos preços ao consumidor no Japão em outubro ficou em linha com a maioria das previsões dos economistas, mas alcançou seu maior patamar em 40 anos (3,6% em outubro na comparação anual). Na Europa, por sua vez, onde os mercados seguem em revezado altas e baixas, os investidores se atentam a mais dados fracos no Reino Unido, desta vez nas vendas no varejo — o novo plano fiscal com mais austeridade, por outro lado, tranquilizou os investidores. Por aqui volatilidade é a palavra da hora. As vibrações políticas em Brasília e a fala atrapalhada (e equivocada) de Lula na COP27, agitou o mercado brasileiro que chegou a cair bastante na quinta-feira, mas se recuperou parcialmente fechando a semana com perda. Uma sinalização de que as coisas começaram a mudar: Guido Mantega, renunciou à posição voluntária na equipe de transição. Outro sinal foi a corrida dos bombeiros (Geraldo Alckmin e Wellington Dias) para apagar o fogo no final do dia (boas entrevistas sobre responsabilidade fiscal).


Sim, há muita ansiedade no ar. Mesmo assim, se o governo eleito insistir em um discurso de irresponsabilidade fiscal, pode esperar por muita turbulência e ingovernabilidade. Começar um novo governo com um déficit primário de R$ 200 bilhões (2% do PIB) pode ter um efeito realmente nocivo para a economia brasileira a longo prazo, sendo difícil conseguir estabilizar a dívida em quatro anos. Uma carta aberta de Armínio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha, que apoiaram Lula na campanha, também chama a atenção para os equívocos.

Lula pode até relativizar hoje as cobranças do mercado, mas não pode evitar que a tradução das incertezas atuais nos preços seja a disparada dos juros e a depreciação do câmbio (vai pagar mais juros para banqueiro, que tanto critica, e o pobre vai sentir mais a inflação, tudo ao contrário do que prega). Mas parece que o próprio presidente já começa a perceber que não tem espaço para brincadeira.  O Congresso deve enxugar a PEC para pelo menos algo como R$ 160 bilhões, a equipe econômica com alguns nomes responsáveis deve ser apresentada em breve e uma nova âncora fiscal está em jogo, além da reforma tributária. Em sendo o caso, há espaço para recuperação. Se não, o governo eleito se explode sem nem mesmo ter começado.

 
Vai ai uma dica quente para quem quer investir no Tesouro Direto.