A crise com feridas em público no clã Campos, em Pernambuco, preocupa aliados no Estado e deve mexer com o cenário político no Nordeste nos próximos meses. Estão brigados o deputado federal João Campos - herdeiro do falecido Eduardo - e seu tio Antônio Campos, o Tonca, irmão do ex-presidenciável. O pontapé foi numa audiência na Câmara. O deputado citou que o tio é “um sujeito pior que você”, e que “não tenho relação nenhuma” com ele. O interlocutor era o ministro da Educação, Abraham Weintraub, com quem Tonca trabalha. A situação desandou com a ministra do TCU Ana Arraes tomando dores do filho Tonca, que soltou nota forte contra o deputado.

Espólio do Poder
Nos bastidores do Recife, diz-se que a família está dividida em dois grupos. Renata, a viúva, com o filho; e do outro lado a matriarca Ana Arraes com Tonca.

Memorial da urna
O deputado foi o mais votado em Pernambuco, e surge como potencial candidato a prefeito e governador. Antônio Campos amarga derrota para a prefeitura de Olinda.

Precedente
A raiva de Tonca com a família de Eduardo vem do desdém com que foi tratado no PSB, quando buscou apoio do governador Paulo Câmara, do prefeito Geraldo Júlio - ambos crias de Eduardo - e não obteve. João cresceu com o espólio eleitoral do pai.

TV despejada
Sem avisar, o Ministério da Educação despejou na sexta-feira a equipe da TV Escola, subordinada à pasta, de um andar no bloco na Esplanada. Eram 24 profissionais - há ainda sedes no Rio e em São Paulo. A emissora, criada há anos para gerar conteúdos para alunos e professores da rede pública, sofreu um silencioso esvaziamento.

Making of
Nos bastidores, a cúpula da pasta tentou cooptar os funcionários da TV Escola para seus quadros nos últimos meses, sem sucesso. Procurado pela Coluna, o diretor da emissora, o jornalista Francisco Câmpera, desabafou. Com trabalho elogiado no Palácio, diz ser um soldado bolsonarista traído pelo ministério.

Intrigas
“Enquanto trabalhávamos a favor do Governo Bolsonaro, no MEC, sorrateiramente, estavam planejando nossa expulsão sem nos comunicar”, diz Câmpera. Contrariado com fofocas, o jornalista diz que “não tenho intenção de derrubar ninguém, porque não tenho tamanho nem cacife para isso”.

Em teste
O nome do candidato a prefeito do clã Bolsonaro para o agoniado Rio de Janeiro, hoje, é o deputado federal Hélio Lopes (PSL), o famoso Hélio Negão, assim apelidado pelo presidente. Mas vão protegê-lo das especulações até abril.

Votos.gov
Os congressistas, muito espertamente, garantiram 60% do pagamento das emendas de 2020 antes da eleição, como citamos ontem. A manobra regimental ajuda deputados e senadores a prestigiarem seus prefeitos e vereadores candidatos, com obras.

Tem jeito
Enquanto as Santas Casas Brasil adentro agonizam na UTI administrativa, dependendo de emendas parlamentares e doações, o setor privado vai salvando hospitais como pode. A de Belo Horizonte inaugura hoje um Acelerador Linear, para sessões de radioterapia. Só foi possível porque a Direcional Engenharia construiu o bunker com paredes com espessura de concreto de até 1,7 metro, como exigem as normas.

Tem jeito 2
Em algumas ocasiões o interesse é mútuo. Anos atrás, quando viu que o Governo de Minas emperrava uma ponte sobre o rio Muriaé (MG), Antonio Ermírio de Moraes pagou uma através da prefeitura. A obra desafogou o trânsito num bairro, e deu passagem às carretas da Votorantim que transportam bauxita de Miraí, claro. 

Haja gás
De olho nos royalties do setor, os governadores pressionaram os deputados, e a Câmara decidiu acelerar a Lei do Gás. Há previsão de o projeto, em comissões, ir direto a plenário. Ela prevê o tal choque de energia barata prometida pelo Governo.