O último 10 de setembro marcou mais uma vez o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, data criada em 2003 pela Organização Mundial da Saúde e pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio. Em função dessa data o Centro de Valorização da Vida (CVV) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) criaram, em 2015, o Setembro Amarelo, campanha brasileira com o mesmo objetivo que chegou ao seu sexto ano de realização. Alguns leitores poderiam até perguntar por que essa campanha é necessária, mas alguns fatos e dados abordados a seguir evidenciam o quanto ela se justifica.
Falar em morte geralmente é um tabu para boa parte das pessoas e quando ela acontece em decorrência de um suicídio parece que o tabu só aumenta. Afinal de contas não é nada fácil tentar entender as razões para uma pessoa decidir antecipar o fim de sua vida intencionalmente.
Segundo a OMS a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo e no ano passado aproximadamente um milhão de pessoas praticaram tal ato. É preciso ressaltar que há subnotificação de casos em muitos países. Por outro lado existem estimativas dando conta de que as tentativas fracassadas de suicídio no mundo teriam chegado a 10 milhões no último ano.
Como se vê em função dos dados existentes esse é um problema crônico que precisa ser enfrentado mundialmente. Segundo Antônio Geraldo da Silva, Presidente da ABP, a quase totalidade dos óbitos por suicídio em todo o mundo se relaciona a doenças mentais não tratadas ou tratadas de forma inadequada, em 96,8% dos casos. Transtornos de humor, como depressão e transtorno bipolar, transtornos por uso de substâncias e esquizofrenia são os três mais associados à tentativa de suicídio.
Eu poderia continuar abordando diversas outras dimensões do suicídio, mas o que mais nos desafia na situação atual é o que podemos fazer para ajudar as pessoas que estão precisando de apoio. Como sempre a educação é a base de tudo. É preciso abordar continuamente o tema de maneira preventiva para romper o tabu que o cerca. O setembro amarelo tem contribuído muito nesse sentido. É preciso estar atento para perceber os sinais que as pessoas emitem para pedir ajuda, socorro e ter compaixão, solidariedade para ver e agir diante do problema.
Apesar de tudo o que o país enfrenta na saúde pública, existem alternativas. Um exemplo disso é o CVV, o Centro de Valorização da Vida, trabalho voluntário que existe há 58 anos sempre atendendo, ouvindo e falando pelo telefone no número 188 durante 24 horas por dia. Também existem os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS – ligados às prefeituras municipais, os serviços gratuitos de atendimento de algumas universidades e faculdades nos cursos de psicologia e medicina, bem como o de algumas organizações religiosas voltadas para o serviço social. É necessário conhecer o caminho das pedras para melhor orientar quem precisa de tratamento em situações de adversidade. Precisamos combater a inércia, deixar o primado da mera contemplação dos problemas e partir para a ação com método, foco, determinação e constância de propósitos. Que prevaleça o dom da vida!