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“Alguns atores precisavam sim jogar bola, porque, do contrário, as filmagens seriam um inferno”, observa Studart. Com pouco tempo para filmar uma história complexa, de ares de realismo fantástico e recheada de personagens e locações, botar os atores numa escolinha seria impossível. O que explica a utilização de elenco pouco conhecido do público.
“A integração que tivemos foi espetacular. Viramos realmente uma grande família por alguns meses”, assinala. Além do domínio com a bola, o cast precisava ter características “estranhas”, como define o cineasta. “O elenco peculiar é o ponto forte. Como estamos abordando um lugar fora do tempo, era importante trazer atores que dessem credibilidade à proposta”, explica.
Deprimidos com o eminente fechamento da fábrica que emprega boa parte da população de Belezura, localizada na fronteira com a Argentina, os habitantes tem no futebol uma forma de recuperar a autoestima, já que os vizinhos de Guapa não só não perderam a fonte de trabalho como também têm um retrospecto melhor com a bola nos pés.
“Uma coisa muito legal é que a gente foi filmar na serra gaúcha, em duas cidades muito pequenas que têm m campeonato de várzea forte. Não sabíamos disso. Nós trouxemos a própria comunidade local para fazer a figuração, para compor os times. E os caras nunca tinham visto uma câmera de cinema na vida. Foi fantástica essa troca com eles. Deram a alma pelo filme”, destaca Studart.
A história foi levemente inspirada no romance “El Fantasista”, do chileno Hernán Rivera Letelier. Apesar de aficcionado pelo livro, o realizador não via outra forma de adaptá-lo a não ser promovendo profundas transformações na narrativa. “Letelier foi bem-sucedido ao construir um ambiente meio surreal, com uma coisa de fábula, só que era um livro com muitos personagens, que apareciam em uma, duas páginas e sumiam”, salienta.
Com uma trama contada a partir de fragmentos de memórias, Studart não conseguia enxergar um filme. “Mais aí, depois de alguns anos, tive a ideia de fazer uma adaptação mais livre e trazer o universo do livro, que se passava no deserto do Atacama, no Chile, para uma fronteira meio fictícia entre Brasil e Argentina. A gente pegava cinco personagens e transformava em um, além de criar outros”.
PANDORA FILMES/DIVULGAÇÃO / N/A
História foi adaptada do romance “El Fantasista”, do chileno Hernán Rivera Letelier
Situação surreal resulta num filme "diferente das comédias brasileiras"
“O Último Jogo” não tem um protagonista. Toda a história está a serviço da trama surreal e da cidadezinha, que parece perdida no tempo. “(Esse cenário) foi uma invenção nossa, na verdade. Criamos um lugar meio irreal, atemporal, que tem telefone rotativo e celular e tablete”, aponta Studart.
O cineasta concorda que a situação está acima dos personagens. “É o que faz dele um filme pouco diferente das comédias brasileiras, que traz aquela coisa mais escrachada, mais de piada. O nosso gira em torno de uma situação que é meio esquisita, mas que tem um sentido”, analisa.
“O Último Jogo” foi feito em coprodução com Argentina e Colômbia. “Trouxemos alguns atores de fora, mas nós aceitamos fazer isso porque a história permitia. Tinha tudo a ver com o universo do filme. No final, ficou uma coisa super natural”.
Apesar das mudanças realizadas no texto original de Letelier, a essência permaneceu. Especialmente a ironia em “construir uma trajetória para a história, criando uma expectativa dentro de você, e tudo vai para o saco. Tem tudo a ver com o tipo de humor que gosto”, afirma.
Studart trabalha no Brasil, mas vive na ponte aérea entre São Paulo e Portugal, onde fixou residência com a família desde 2019. “Depois que Bolsonaro foi eleito, quisemos proporcionar aos filhos a oportunidade de morar fora. Já tive essa experiência de viver em outro país. Desta vez, o Bolsonaro deu a deixa para a gente fazer o gol”.
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“Alguns atores precisavam sim jogar bola, porque, do contrário, as filmagens seriam um inferno”, observa Studart. Com pouco tempo para filmar uma história complexa, de ares de realismo fantástico e recheada de personagens e locações, botar os atores numa escolinha seria impossível. O que explica a utilização de elenco pouco conhecido do público.
“A integração que tivemos foi espetacular. Viramos realmente uma grande família por alguns meses”, assinala. Além do domínio com a bola, o cast precisava ter características “estranhas”, como define o cineasta. “O elenco peculiar é o ponto forte. Como estamos abordando um lugar fora do tempo, era importante trazer atores que dessem credibilidade à proposta”, explica.
Deprimidos com o eminente fechamento da fábrica que emprega boa parte da população de Belezura, localizada na fronteira com a Argentina, os habitantes tem no futebol uma forma de recuperar a autoestima, já que os vizinhos de Guapa não só não perderam a fonte de trabalho como também têm um retrospecto melhor com a bola nos pés.
“Uma coisa muito legal é que a gente foi filmar na serra gaúcha, em duas cidades muito pequenas que têm m campeonato de várzea forte. Não sabíamos disso. Nós trouxemos a própria comunidade local para fazer a figuração, para compor os times. E os caras nunca tinham visto uma câmera de cinema na vida. Foi fantástica essa troca com eles. Deram a alma pelo filme”, destaca Studart.
A história foi levemente inspirada no romance “El Fantasista”, do chileno Hernán Rivera Letelier. Apesar de aficcionado pelo livro, o realizador não via outra forma de adaptá-lo a não ser promovendo profundas transformações na narrativa. “Letelier foi bem-sucedido ao construir um ambiente meio surreal, com uma coisa de fábula, só que era um livro com muitos personagens, que apareciam em uma, duas páginas e sumiam”, salienta.
Com uma trama contada a partir de fragmentos de memórias, Studart não conseguia enxergar um filme. “Mais aí, depois de alguns anos, tive a ideia de fazer uma adaptação mais livre e trazer o universo do livro, que se passava no deserto do Atacama, no Chile, para uma fronteira meio fictícia entre Brasil e Argentina. A gente pegava cinco personagens e transformava em um, além de criar outros”.
PANDORA FILMES/DIVULGAÇÃO / N/A
História foi adaptada do romance “El Fantasista”, do chileno Hernán Rivera Letelier
Situação surreal resulta num filme "diferente das comédias brasileiras"
“O Último Jogo” não tem um protagonista. Toda a história está a serviço da trama surreal e da cidadezinha, que parece perdida no tempo. “(Esse cenário) foi uma invenção nossa, na verdade. Criamos um lugar meio irreal, atemporal, que tem telefone rotativo e celular e tablete”, aponta Studart.
O cineasta concorda que a situação está acima dos personagens. “É o que faz dele um filme pouco diferente das comédias brasileiras, que traz aquela coisa mais escrachada, mais de piada. O nosso gira em torno de uma situação que é meio esquisita, mas que tem um sentido”, analisa.
“O Último Jogo” foi feito em coprodução com Argentina e Colômbia. “Trouxemos alguns atores de fora, mas nós aceitamos fazer isso porque a história permitia. Tinha tudo a ver com o universo do filme. No final, ficou uma coisa super natural”.
Apesar das mudanças realizadas no texto original de Letelier, a essência permaneceu. Especialmente a ironia em “construir uma trajetória para a história, criando uma expectativa dentro de você, e tudo vai para o saco. Tem tudo a ver com o tipo de humor que gosto”, afirma.
Studart trabalha no Brasil, mas vive na ponte aérea entre São Paulo e Portugal, onde fixou residência com a família desde 2019. “Depois que Bolsonaro foi eleito, quisemos proporcionar aos filhos a oportunidade de morar fora. Já tive essa experiência de viver em outro país. Desta vez, o Bolsonaro deu a deixa para a gente fazer o gol”.