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Inspirado pela inusitada imagem de europeus dançando os dois passos tradicionais do forró em suntuosas casas de show ou paisagens turísticas, acompanhados do clássico trio de sanfona, zabumba e triângulo, o cineasta, recém-chegado ao Velho Continente, decidiu fazer imediatamente registros do que acreditava ser um fenômeno. “Logo que vi me encantei e imaginei que tinha potencial. A princípio, quis fazer um registro daquele movimento que me impactou, e depois eu decidi aprofundar e investir em um filme”, conta Fred. O pernambucano radicado na Holanda chegou a Berlim, capital da Alemanha, em 2016, e conheceu o Psiu! Forró Festival, responsável pela difusão da cultura nordestina no país, encabeçado pelo também pernambucano Carlos Frevo.
Com uma métrica melancólica, trilhas sonoras exclusivas e clássicos reproduzidos, a narrativa é costurada pela história do mestre alagoano Gennaro (ex-Trio Nordestino), que mantém viva a tradição do Rei do Baião. Foi a partir de Flávio José que Fred chegou a ele, que também coleciona parcerias com Jackson do Pandeiro e Dominguinhos e é referência no forró, responsável por dezenas de sucessos que entraram para a história do gênero. Aliada à trajetória está também o jovem Fabiano Santana, nascido no Espírito Santo e apaixonado pelo ritmo nordestino, que construiu uma carreira majoritariamente fora do país.
O título Estradar remete à música de Anchieta Dali, interpretada por Flávio José, que versa sobre a abertura de estradas. Permeada por apresentações e falas individuais, o longa registra uma importante conversa em um cenário inusitado: no meio de uma barbearia em Lisboa. No papo com Fabiano, Gennaro faz uma observação que sintetiza o crescimento do ritmo além dos chãos áridos e territórios fronteiriços. “Luiz Gonzaga 'cavou' um poço tão fundo na terra, onde a água brotou e que até os dias de hoje muitos artistas bebem desta água”.
O filme foi realizado com o intuito de renovar o olhar sobre a tradição e as raízes nordestinas. “Vejo que o grande problema do forró é que ele se prendeu muito ao passado e não avança como o showbiz (indústria de entretenimento), não tem um investimento de marketing. Tenho medo de ver o movimento do forró desintegrar”, afirma. Segundo Fred Alves, nas casas noturnas e espaços que recebem os shows na Europa, 95% do público é formado por estrangeiros. Além de Portugal e Alemanha, Rússia e França são grandes consumidores, somando-se ainda Holanda, Itália e Inglaterra.
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O título Estradar remete à música de Anchieta Dali, interpretada por Flávio José, que versa sobre a abertura de estradas. Permeada por apresentações e falas individuais, o longa registra uma importante conversa em um cenário inusitado: no meio de uma barbearia em Lisboa. No papo com Fabiano, Gennaro faz uma observação que sintetiza o crescimento do ritmo além dos chãos áridos e territórios fronteiriços. “Luiz Gonzaga 'cavou' um poço tão fundo na terra, onde a água brotou e que até os dias de hoje muitos artistas bebem desta água”.
O filme foi realizado com o intuito de renovar o olhar sobre a tradição e as raízes nordestinas. “Vejo que o grande problema do forró é que ele se prendeu muito ao passado e não avança como o showbiz (indústria de entretenimento), não tem um investimento de marketing. Tenho medo de ver o movimento do forró desintegrar”, afirma. Segundo Fred Alves, nas casas noturnas e espaços que recebem os shows na Europa, 95% do público é formado por estrangeiros. Além de Portugal e Alemanha, Rússia e França são grandes consumidores, somando-se ainda Holanda, Itália e Inglaterra.