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string(62) "Filme legitima o mito Silvio Santos a partir do olhar do outro"
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string(5857) ""Silvio Santos Vem Aí!" é e não é um filme sobre o famoso apresentador da televisão brasileira. Essa incerteza se materializa porque, em termos de construção narrativa, Silvio Santos não é o protagonista. Ele é, na verdade, como um Papai Noel.
Explico: em muitos filmes natalinos, há sempre um outro personagem descrente dos valores pregados nesta época que acaba encontrando o próprio Papai Noel como sinal de que, por trás do mito e de suas concepções comerciais, há sim alguém de coração puro.
Talvez não seja por acaso que "Silvio Santos Vem Aí!" entre em cartaz justamente nesse momento que todo mundo já começa a se preparar para os festejos. Se não é um legítimo filme de Natal, pelo menos carrega artifícios narrativos muito caros a esse sub-gênero.
Manu Gavassi vive uma jornalista convidada para trabalhar na campanha presidencial de Silvio em 1989, faltando 17 dias para o pleito. O roteiro inteligentemente já associa um fato verdadeiro a uma ideia de "missão impossível", uma grande busca de sonhos.
A jornalista não é fã do apresentador, o que deixa claro desde o início. Também não acredita no potencial político dele. É a partir deste viés negativo que se desenvolve a narrativa. Enquanto a personagem se move, em suas incertezas, Silvio é estanque, sendo ele mesmo.
É assim que funciona em grande parte dos filmes sobre Jesus Cristo, Papai Noel e outros personagens com essa dimensão. A mudança se dá no outro, na capacidade dele em acreditar (ter fé, sonhar e perseverar) naquilo que está diante de seus olhos - e não quer ver.
A missão da jornalista é descobrir algumas ponto fraco em Silvio que pode ser usado pelos adversários, mas o roteiro de Paulo Cursino usa esse expediente para fazer um caminho inverso, legitimando esse mito, que, como Jesus ou Noel, vira símbolo de algo maior.
Um dos homens mais ricos do Brasil, dono de uma grande rede de televisão, se transforma num ser que gosta das pessoas. E essa virtude, atrelada ao dom de Silvio para a comunicação de massa, em apresentações dominicais por mais de 50 anos, já basta em nossa sociedade de hoje.
O plot twist (ponto de virada) do filme é conhecido de todo mundo, com a impugnação da candidatura presidencial, vista principalmente como uma ação para favorecer o sistema. Mas é como se ele tivesse saído vencedor, ao privilegiar, acima de tudo, a família.
Essa sensação vitoriosa se fortalece quando provoca efeitos imediatos na jornalista, uma workaholic que não dá a devida atenção ao namorado e aos pais. O grande desfecho se dá nesse campo, quando ela presenteia a família com um encontro com o ídolo.
Não se trata apenas de aceitação, com a jornalista mudando de opinião ao se deparar com a história de vida de Silvio, mas de conversão. "Silvio Santos Vem Aí!" é quase um filme religioso, pois mostra todo o martírio de seu personagem, que parece estar acima do que é mundano.
Numa eficiente caracterização de Leandro Hassum, no papel mais sério de sua carreira, o animador é visto sempre sorridente e afável, recebendo da diretora Cris D'Amato uma aura diferente, como se realmente fosse alguém muito especial.
Esse não é uma qualidade qualquer. O cinema brasileiro sempre se contentou mais em mostrar as ações de seus heróis, trabalhando numa menor proporção o carisma deles. É por isso que alguns dos nossos maiores heróis cinematográficos são Didi Mocó e João Grilo.
Neles é possível ver uma beleza de construção que diz mais sobre o valor do indivíduo do que suas realizações. É nessa chave que muitas comédias atuais estão encontrando o seu público. E agora também em histórias edificantes como a de "Silvio Santos Vem Aí!".
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Explico: em muitos filmes natalinos, há sempre um outro personagem descrente dos valores pregados nesta época que acaba encontrando o próprio Papai Noel como sinal de que, por trás do mito e de suas concepções comerciais, há sim alguém de coração puro.
Talvez não seja por acaso que "Silvio Santos Vem Aí!" entre em cartaz justamente nesse momento que todo mundo já começa a se preparar para os festejos. Se não é um legítimo filme de Natal, pelo menos carrega artifícios narrativos muito caros a esse sub-gênero.
Manu Gavassi vive uma jornalista convidada para trabalhar na campanha presidencial de Silvio em 1989, faltando 17 dias para o pleito. O roteiro inteligentemente já associa um fato verdadeiro a uma ideia de "missão impossível", uma grande busca de sonhos.
A jornalista não é fã do apresentador, o que deixa claro desde o início. Também não acredita no potencial político dele. É a partir deste viés negativo que se desenvolve a narrativa. Enquanto a personagem se move, em suas incertezas, Silvio é estanque, sendo ele mesmo.
É assim que funciona em grande parte dos filmes sobre Jesus Cristo, Papai Noel e outros personagens com essa dimensão. A mudança se dá no outro, na capacidade dele em acreditar (ter fé, sonhar e perseverar) naquilo que está diante de seus olhos - e não quer ver.
A missão da jornalista é descobrir algumas ponto fraco em Silvio que pode ser usado pelos adversários, mas o roteiro de Paulo Cursino usa esse expediente para fazer um caminho inverso, legitimando esse mito, que, como Jesus ou Noel, vira símbolo de algo maior.
Um dos homens mais ricos do Brasil, dono de uma grande rede de televisão, se transforma num ser que gosta das pessoas. E essa virtude, atrelada ao dom de Silvio para a comunicação de massa, em apresentações dominicais por mais de 50 anos, já basta em nossa sociedade de hoje.
O plot twist (ponto de virada) do filme é conhecido de todo mundo, com a impugnação da candidatura presidencial, vista principalmente como uma ação para favorecer o sistema. Mas é como se ele tivesse saído vencedor, ao privilegiar, acima de tudo, a família.
Essa sensação vitoriosa se fortalece quando provoca efeitos imediatos na jornalista, uma workaholic que não dá a devida atenção ao namorado e aos pais. O grande desfecho se dá nesse campo, quando ela presenteia a família com um encontro com o ídolo.
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Esse não é uma qualidade qualquer. O cinema brasileiro sempre se contentou mais em mostrar as ações de seus heróis, trabalhando numa menor proporção o carisma deles. É por isso que alguns dos nossos maiores heróis cinematográficos são Didi Mocó e João Grilo.
Neles é possível ver uma beleza de construção que diz mais sobre o valor do indivíduo do que suas realizações. É nessa chave que muitas comédias atuais estão encontrando o seu público. E agora também em histórias edificantes como a de "Silvio Santos Vem Aí!".