array(31) {
["id"]=>
int(133037)
["title"]=>
string(97) "Documentário 'A Última Floresta' revela imagem e cultura do povo yanomami, isolado na Amazônia"
["content"]=>
string(4844) "O xamã e líder yanomami Davi Kopenawa não escondeu a desaprovação com “Ex-Pajé”, filme de Luiz Bolognesi, que retrata um pajé humilhado por religiosos. O que não impediu que ele aceitasse a proposta do diretor para fazerem juntos “A Última Floresta”, já em cartaz nos cinemas.
“Davi, que não gostou do meu filme anterior, não queria fazer algo daquele jeito, porque o xamã estava fraco. Falou que, na comunidade, eles estão fortes. Não queria mostrar indígenas morrendo com o mercúrio do garimpo, mas sim a beleza, a potência e o modo de pensar deles”, conta Bolognesi.
O cineasta lembra que a intenção do xamã yanomami foi bem clara quando topou assinar o roteiro: “Levar como uma flecha a imagem daquele povo para o mundo”. O desejo foi atendido. O documentário tem sido muito bem-recebido por onde passa, tendo conquistado o prêmio do público na mostra Panorama no 71º Festival de Berlim.
Para Kopenawa, são os povos da cidade que estão doentes. Quatro meses antes da Covid-19 surgir na China, no final de 2019, ele já tinha sonhado com os efeitos da pandemia. “Ele previu que, ao cavarmos minério sem parar, estaríamos levantando a fumaça da doença, espalhando-a pelo mundo”.
Bolognesi afirma que aprendeu muito durante os dez dias de filmagem. Foi maravilhoso mergulhar no universo de outra cultura, que é potente e sábia, com uma ciência extremamente elaborada. Digo que vivi um processo de diretor perder o controle o tempo inteiro”.
Para o realizador, o filme simbolizou um grande processo de escuta, admirando cada vez mais a figura de Kopenawa na aldeia. Bolognesi define o livro “A Queda do Céu”, escrito pelo xamã ao lado de Bruce Albert, como o “Grande Sertão: Veredas” do século 21, devido à sua poética.
“O que podemos chamar de liderança carismática. É líder porque as pessoas querem que ele seja. Diferentemente de nossos líderes autoritários, ele sabe abrir mão dela para passar a bola para os outros. Foi o que eu fiz também. Como diretor, abri mão de dar resposta para tudo”, diz o cineasta.
Diretor temeu que o resultado pudesse se tornar hermético
Numa cena crucial de manifestação das tradições ianomamis, os dois atores principais do filme apareceram com short Adidas e chinelo. Luiz Bolognesi achou que aquela sequência poderia soar mal aos olhos do público e falou aos índios que a vestimenta não representaria a essência da história.
Como resposta, o cineasta recebeu dos dois jovens um “quem lhe disse?”. “Aí lembrei, em minhas aulas na USP, sobre uma temporalidade do mito que é circular. Ela pode ter acontecido ontem, com o xamã contando uma história em que a entidade pode estar junto de um celular ou moto”, observa. No filme, Bolognesi tomou decisões “radicalmente ianomamis”, chegando a ficar com receio de deixá-lo hermético ao grande público, principalmente ao se deixar conduzir pelo acaso e pelos sonhos do xamã Kapenawa. “Se não desse certo, pelo menos teria feito um filme para os ianomamis”.
Sessão
A exibição de “A Última Floresta” na aldeia onde ele foi rodado teve um significado muito especial para o diretor. “Uma das sessões mais especiais da minha vida. Foi uma coisa muito impressionante, voltar para lá e montar o cinema junto com os ianomâmis”, lembra Bolognesi.
Para ele, os indígenas, ainda que tivessem contato com o cinema pela primeira vez, já estavam acostumados com a expressão artística, a partir do xamanismo, que nada mais é que uma teatralização na comunicação. “Eles digeriram com muita facilidade, porque é mais uma forma de arte”, analisa.
"
["author"]=>
string(33) "Paulo Henrique Silva/ Hoje em Dia"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(583661)
["filename"]=>
string(13) "indiapaje.png"
["size"]=>
string(6) "758672"
["mime_type"]=>
string(9) "image/png"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(6) "posts/"
}
["image_caption"]=>
string(195) "NARRATIVA – Em um território Yanomani isolado na Amazônia, / Pedro Marquez/Divulgação um xamã tenta manter vivos os espíritos da floresta e as tradições / Pedro Marquez/Divulgação "
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(0) ""
["author_slug"]=>
string(32) "paulo-henrique-silva-hoje-em-dia"
["views"]=>
int(148)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(0)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(91) "documentario-a-ultima-floresta-revela-imagem-e-cultura-do-povo-yanomami-isolado-na-amazonia"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(465)
["name"]=>
string(6) "Cinema"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(0) ""
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(6) "cinema"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(465)
["name"]=>
string(6) "Cinema"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(0) ""
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(6) "cinema"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2021-09-10 10:32:08.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2021-09-10 10:32:08.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2021-09-10T10:30:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(19) "posts/indiapaje.png"
}
O xamã e líder yanomami Davi Kopenawa não escondeu a desaprovação com “Ex-Pajé”, filme de Luiz Bolognesi, que retrata um pajé humilhado por religiosos. O que não impediu que ele aceitasse a proposta do diretor para fazerem juntos “A Última Floresta”, já em cartaz nos cinemas.
“Davi, que não gostou do meu filme anterior, não queria fazer algo daquele jeito, porque o xamã estava fraco. Falou que, na comunidade, eles estão fortes. Não queria mostrar indígenas morrendo com o mercúrio do garimpo, mas sim a beleza, a potência e o modo de pensar deles”, conta Bolognesi.
O cineasta lembra que a intenção do xamã yanomami foi bem clara quando topou assinar o roteiro: “Levar como uma flecha a imagem daquele povo para o mundo”. O desejo foi atendido. O documentário tem sido muito bem-recebido por onde passa, tendo conquistado o prêmio do público na mostra Panorama no 71º Festival de Berlim.
Para Kopenawa, são os povos da cidade que estão doentes. Quatro meses antes da Covid-19 surgir na China, no final de 2019, ele já tinha sonhado com os efeitos da pandemia. “Ele previu que, ao cavarmos minério sem parar, estaríamos levantando a fumaça da doença, espalhando-a pelo mundo”.
Bolognesi afirma que aprendeu muito durante os dez dias de filmagem. Foi maravilhoso mergulhar no universo de outra cultura, que é potente e sábia, com uma ciência extremamente elaborada. Digo que vivi um processo de diretor perder o controle o tempo inteiro”.
Para o realizador, o filme simbolizou um grande processo de escuta, admirando cada vez mais a figura de Kopenawa na aldeia. Bolognesi define o livro “A Queda do Céu”, escrito pelo xamã ao lado de Bruce Albert, como o “Grande Sertão: Veredas” do século 21, devido à sua poética.
“O que podemos chamar de liderança carismática. É líder porque as pessoas querem que ele seja. Diferentemente de nossos líderes autoritários, ele sabe abrir mão dela para passar a bola para os outros. Foi o que eu fiz também. Como diretor, abri mão de dar resposta para tudo”, diz o cineasta.
Diretor temeu que o resultado pudesse se tornar hermético
Numa cena crucial de manifestação das tradições ianomamis, os dois atores principais do filme apareceram com short Adidas e chinelo. Luiz Bolognesi achou que aquela sequência poderia soar mal aos olhos do público e falou aos índios que a vestimenta não representaria a essência da história.
Como resposta, o cineasta recebeu dos dois jovens um “quem lhe disse?”. “Aí lembrei, em minhas aulas na USP, sobre uma temporalidade do mito que é circular. Ela pode ter acontecido ontem, com o xamã contando uma história em que a entidade pode estar junto de um celular ou moto”, observa. No filme, Bolognesi tomou decisões “radicalmente ianomamis”, chegando a ficar com receio de deixá-lo hermético ao grande público, principalmente ao se deixar conduzir pelo acaso e pelos sonhos do xamã Kapenawa. “Se não desse certo, pelo menos teria feito um filme para os ianomamis”.
Sessão
A exibição de “A Última Floresta” na aldeia onde ele foi rodado teve um significado muito especial para o diretor. “Uma das sessões mais especiais da minha vida. Foi uma coisa muito impressionante, voltar para lá e montar o cinema junto com os ianomâmis”, lembra Bolognesi.
Para ele, os indígenas, ainda que tivessem contato com o cinema pela primeira vez, já estavam acostumados com a expressão artística, a partir do xamanismo, que nada mais é que uma teatralização na comunicação. “Eles digeriram com muita facilidade, porque é mais uma forma de arte”, analisa.