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Nesses dois quesitos, o filme de Bruno Bini, ganhador do Festival de Gramado neste sábado (23), passa com louvor, pois funde a cartilha seguida por trabalhos como "Short Cuts - Cenas da Vida", 'Babel" e "Crash - No Limite" a situações que dizem respeito a um retrato sociocultural do país, como o funcionamento do tráfico nas comunidades, a frouxidão das leis, o universo carcerário, a corrupção policial e a formação disfuncional das famílias.
Ao mesmo tempo em que essa realidade brasileira se apresenta ao público, com personagens que parecem saídos de alguns filmes ícones da safra pós-Retomada, como "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite", o longa mato-grossense — o primeiro do estado — é bastante fiel aos elementos de gênero, especialmente em relação àquilo que se espera de um filme-coral de suspense. O tom misterioso é o mais importante deles, pairando sobre a história até o final.
O mistério se dá pela forma como os personagens vão se atravessando, como se o destino agisse sobre eles com uma intenção que, a princípio, desconhecemos. Ele nos dá uma sensação que nada acontece por acaso. As incertezas sobre o rumo da narrativa, porém, tem um amparo seguro na violência, com todos os personagens comungando uma espécie de perda. A começar pelo antagonista, vivido pelo rapper Xamã, um chefe traficante que não aceita perder a namorada.
Como nos filmes do cineasta mexicano Alejandro González Iñarritú, entre eles "Amores Brutos" e "Babel", uma determinada ação irá ecoar em outros personagens de maneira crucial, levando o filme ao encontro de outro conceito importante do sub-gênero, ao discutir, de forma progressiva, a vingança e a ética. "Cinco Tipos de Medo" é, neste sentido, um grande caleidoscópio, possibilitando vários prós e contras sobre essas atitudes.
Embora o longa mato-grossense caminhe em direção a um final apaziguador, acomodando os personagens, mas não a realidade social, que deverá continuar a gerar seus Sapinhos, nome do criminoso vivido por Xamã. O desfecho também ajuda a criar um sentimento agridoce, já que a conclusão desejada não acontece como esperado pelos espectadores, apontando para algo mais relevante, que é a liberdade de escolha.
Nesse tipo de filme é fundamental o timing do diretor para criar as viradas da narrativa. E Breno Bini faz isso muito bem, apresentando sucessivos finais. O roteiro foi justamente premiado em Gramado, pois consegue trazer o ponto de vista de outros personagens, recuando algumas vezes no tempo, sem precisar abrir capítulos. O texto é muito orgânico e coeso, o que torna a experiência mais gratificante.
(*) O repórter viajou a convite da organização do Festival de Cinema de Gramado
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Nesses dois quesitos, o filme de Bruno Bini, ganhador do Festival de Gramado neste sábado (23), passa com louvor, pois funde a cartilha seguida por trabalhos como "Short Cuts - Cenas da Vida", 'Babel" e "Crash - No Limite" a situações que dizem respeito a um retrato sociocultural do país, como o funcionamento do tráfico nas comunidades, a frouxidão das leis, o universo carcerário, a corrupção policial e a formação disfuncional das famílias.
Ao mesmo tempo em que essa realidade brasileira se apresenta ao público, com personagens que parecem saídos de alguns filmes ícones da safra pós-Retomada, como "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite", o longa mato-grossense — o primeiro do estado — é bastante fiel aos elementos de gênero, especialmente em relação àquilo que se espera de um filme-coral de suspense. O tom misterioso é o mais importante deles, pairando sobre a história até o final.
O mistério se dá pela forma como os personagens vão se atravessando, como se o destino agisse sobre eles com uma intenção que, a princípio, desconhecemos. Ele nos dá uma sensação que nada acontece por acaso. As incertezas sobre o rumo da narrativa, porém, tem um amparo seguro na violência, com todos os personagens comungando uma espécie de perda. A começar pelo antagonista, vivido pelo rapper Xamã, um chefe traficante que não aceita perder a namorada.
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Nesse tipo de filme é fundamental o timing do diretor para criar as viradas da narrativa. E Breno Bini faz isso muito bem, apresentando sucessivos finais. O roteiro foi justamente premiado em Gramado, pois consegue trazer o ponto de vista de outros personagens, recuando algumas vezes no tempo, sem precisar abrir capítulos. O texto é muito orgânico e coeso, o que torna a experiência mais gratificante.
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