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Em 2004, Buscapé, que agora responde por 'Wilson' (Alexandre Rodrigues), está de volta, 20 anos depois dos eventos de Cidade de Deus, lançado em 2002 e ambientado no início da década de 1980. Agora como fotógrafo, que não consegue escapar do instinto de registrar os violentos confrontos entre a criminalidade local e a polícia, o protagonista se revela, novamente, uma porta de entrada para mundo tomado pelo tráfico, pela milícia e pela brutalidade das ações de operação especial (o BOPE). É um cenário de muita vida e grandes alegrias também, e logo nesse primeiro episódio a vocação do olhar para os afetos e brincadeiras da região fica bastante evidente – ainda que a tensão da violência esteja sempre palpável.
Retornam Roberta Rodrigues, no papel de Berenice, e Edson Oliveira, como Barbantinho, enquanto caras novas, como Curió (Marcos Palmeira), novo dono da boca anteriormente ocupada por Zé Pequeno, e seu filho de consideração Bradock (Thiago Martins) e sua parceira, a impetuosa Jerusa (Andréia Horta) marcam boa presença.
A luta não para tem direção geral de Aly Muritiba (Deserto particular, Cangaço novo) e roteiro liderado por Sérgio Machado (O rio do desejo), com uma grande equipe de roteiristas responsável pelo desenvolvimento de diferentes níveis da história. A série terá um total de seis episódios e logo neste piloto – exibido em primeira mão no 52º Festival de Cinema de Gramado, onde Aly Muritiba também apresentou seu novo longa Barba ensopada de sangue – fica clara a influência do contexto brasileiro nas bifurcações de trama que se apresentam no projeto. Enquanto o filme trabalhava com uma escalada de conflitos majoritariamente centrados no personagem Zé Pequeno, essa primeira temporada parece se espalhar utilizar o formato dilatado para se espalhar de modo mais gradual por distintas camadas da Cidade de Deus.
Em entrevista ao Viver, o diretor falou sobre os desafios de comandar um projeto de tamanho legado, descrevendo como o trabalho mais complexo de sua carreira. "Foi muito importante tudo o que eu fiz até aqui no sentido de ter a segurança necessária para encabeçar um projeto dessa dimensão. Talvez quatro ou cinco anos atrás eu nem topasse fazer algo desse tamanho, com todo esse histórico e legião de fãs. Até bateu uma hesitação de alguns segundos quando o convite chegou, mas percebi rapidamente que a coisa iria acontecer de qualquer jeito e queria ser parte dela. Quando eu topo alguma coisa, eu topo pra valer”, afirmou.
O cineasta comentou ainda sobre a influência que o tempo presente e a sua visão sobre o país tiveram sobre o universo de Cidade de Deus. "Apesar da história se passar em 2004, eu acho que todos os elementos que estão na série dizem respeito a 2024: o empoderamento das populações pretas e periféricas, o protagonismo feminino cada vez maior (que é também uma marca desse projeto), a importância do papel da imprensa, a problematização da relação espúria entre política e polícia", explicou.
"Eu acho que todos os filmes e séries no fim das contas acabam falando muito mais sobre o momento em que são feitos do que sobre o período que estão retratando. Estamos produzindo arte, afinal, a partir do filtro do nosso tempo e dos nossos problemas. E, no caso aqui, isso é uma tomada de decisão totalmente consciente, desde a elaboração do roteiro até as decisões estéticas nas filmagens", concluiu Muritiba.
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Em 2004, Buscapé, que agora responde por 'Wilson' (Alexandre Rodrigues), está de volta, 20 anos depois dos eventos de Cidade de Deus, lançado em 2002 e ambientado no início da década de 1980. Agora como fotógrafo, que não consegue escapar do instinto de registrar os violentos confrontos entre a criminalidade local e a polícia, o protagonista se revela, novamente, uma porta de entrada para mundo tomado pelo tráfico, pela milícia e pela brutalidade das ações de operação especial (o BOPE). É um cenário de muita vida e grandes alegrias também, e logo nesse primeiro episódio a vocação do olhar para os afetos e brincadeiras da região fica bastante evidente – ainda que a tensão da violência esteja sempre palpável.
Retornam Roberta Rodrigues, no papel de Berenice, e Edson Oliveira, como Barbantinho, enquanto caras novas, como Curió (Marcos Palmeira), novo dono da boca anteriormente ocupada por Zé Pequeno, e seu filho de consideração Bradock (Thiago Martins) e sua parceira, a impetuosa Jerusa (Andréia Horta) marcam boa presença.
A luta não para tem direção geral de Aly Muritiba (Deserto particular, Cangaço novo) e roteiro liderado por Sérgio Machado (O rio do desejo), com uma grande equipe de roteiristas responsável pelo desenvolvimento de diferentes níveis da história. A série terá um total de seis episódios e logo neste piloto – exibido em primeira mão no 52º Festival de Cinema de Gramado, onde Aly Muritiba também apresentou seu novo longa Barba ensopada de sangue – fica clara a influência do contexto brasileiro nas bifurcações de trama que se apresentam no projeto. Enquanto o filme trabalhava com uma escalada de conflitos majoritariamente centrados no personagem Zé Pequeno, essa primeira temporada parece se espalhar utilizar o formato dilatado para se espalhar de modo mais gradual por distintas camadas da Cidade de Deus.
Em entrevista ao Viver, o diretor falou sobre os desafios de comandar um projeto de tamanho legado, descrevendo como o trabalho mais complexo de sua carreira. "Foi muito importante tudo o que eu fiz até aqui no sentido de ter a segurança necessária para encabeçar um projeto dessa dimensão. Talvez quatro ou cinco anos atrás eu nem topasse fazer algo desse tamanho, com todo esse histórico e legião de fãs. Até bateu uma hesitação de alguns segundos quando o convite chegou, mas percebi rapidamente que a coisa iria acontecer de qualquer jeito e queria ser parte dela. Quando eu topo alguma coisa, eu topo pra valer”, afirmou.
O cineasta comentou ainda sobre a influência que o tempo presente e a sua visão sobre o país tiveram sobre o universo de Cidade de Deus. "Apesar da história se passar em 2004, eu acho que todos os elementos que estão na série dizem respeito a 2024: o empoderamento das populações pretas e periféricas, o protagonismo feminino cada vez maior (que é também uma marca desse projeto), a importância do papel da imprensa, a problematização da relação espúria entre política e polícia", explicou.
"Eu acho que todos os filmes e séries no fim das contas acabam falando muito mais sobre o momento em que são feitos do que sobre o período que estão retratando. Estamos produzindo arte, afinal, a partir do filtro do nosso tempo e dos nossos problemas. E, no caso aqui, isso é uma tomada de decisão totalmente consciente, desde a elaboração do roteiro até as decisões estéticas nas filmagens", concluiu Muritiba.