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A obra gira em torno de um assassinato brutal cometido contra uma menina. O acusado pelo crime é um colega de escola de apenas 13 anos, Jamie, vivido por Owen Cooper. A minissérie começa com a polícia invadindo a casa de classe média onde mora o garoto. A família, que não tem a menor pista do que está acontecendo, será para sempre transformada.
Cada capítulo de Adolescência explora um momento diferente da situação, distribuídos entre o momento da prisão de Jamie até o dia do aniversário do seu pai, Eddie (Stephen Graham, também idealizador, roteirista e produtor executivo da série), visivelmente a pessoa mais importante para o jovem.
Chama atenção ainda o fato de os episódios serem filmados em planos-sequência, ou seja, sem cortes e em tempo real, seguindo os personagens e trocando frequentemente de ponto de vista. Uma escolha que, além da complexidade na execução formal, salienta o virtuosismo do elenco e da direção de Philip Barantini, que, nem sempre, contudo, evita que o recurso caia na firula.
A atuação de Cooper, no papel de Jamie, tem recebido ampla aclamação pelo detalhamento com que explora a fúria escondida por trás do aspecto frágil. O terceiro episódio, no qual o garoto conversa com a terapeuta Briony (Erin Doherty), que vai avaliá-lo para levar um relatório ao juiz, é um confronto particularmente tenso e memorável.
Adriana Barros, psicóloga especializada em crianças e adolescentes, conta ao Viver que a série se tornou o assunto principal na sua clínica nas últimas semanas. “Venho recebendo muitos pais e adolescentes querendo discutir os assuntos da série, alguns até assustados com a história e outros que vão até o fim com a esperança de que haja alguma reviravolta”, conta.
“Essa fase da vida retratada aqui é complicada demais porque o jovem nem pode mais brincar como criança nem tem a maturidade emocional de um adulto. Assim, fica mais suscetível, sobretudo nesse mundo virtual, aos discursos de ódio. A internet pode direcionar para muitas coisas boas, mas quando não existe um limite em seu uso os nativos digitais podem ser levados para outras muito ruins. E a minissérie mostra uma das consequências de não se cuidar disso”, acrescenta Adriana.
Alessandra Andrade, superintendente comercial e mãe de duas crianças, reflete sobre a importância de os pais se aproximarem dos seus filhos para conhecê-los de verdade. “Três pessoas me falaram tanto da série e de seus aspectos técnicos e temáticos que acabei assistindo. Ela me deixou fisgada por essa questão do plano contínuo e das escolhas de câmera, mas principalmente por tratar de como esse acesso às redes sociais e ao mundo virtual impacta as relações dos adolescentes entre si e com suas famílias”, observa. “Acho que ela desperta a reflexão sobre a importância de criar uma conexão com nossos filhos e construir um espaço de diálogo”.
O professor Hiccaro Rodrigues destaca ainda o tema da distância parental em uma nova realidade estabelecida no mundo da tecnologia digital. “Costumo trazer temas abordados em filmes e séries para a sala de aula e essa já se tornou essencial por tocar em assuntos que todo professor já ouviu. Um deles é a questão da ‘presença ausente’, situação em que os pais estão em casa, mas os filhos ficam o tempo inteiro no celular” explica.
“Esse tipo de relato mostra que estar fisicamente próximo não é sinônimo de segurança, como era há 20 anos, quando o perigo ficava lá fora. Hoje, ele está na palma da mão. A criança tem acesso a um mundo inteiro que não compreende”, alerta Hiccaro.
Desbancando grandes produções lançadas no cinema e no streaming, Adolescência já é o primeiro grande fenômeno cultural e comportamental deste 2025 ainda bebê.
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Cada capítulo de Adolescência explora um momento diferente da situação, distribuídos entre o momento da prisão de Jamie até o dia do aniversário do seu pai, Eddie (Stephen Graham, também idealizador, roteirista e produtor executivo da série), visivelmente a pessoa mais importante para o jovem.
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A atuação de Cooper, no papel de Jamie, tem recebido ampla aclamação pelo detalhamento com que explora a fúria escondida por trás do aspecto frágil. O terceiro episódio, no qual o garoto conversa com a terapeuta Briony (Erin Doherty), que vai avaliá-lo para levar um relatório ao juiz, é um confronto particularmente tenso e memorável.
Adriana Barros, psicóloga especializada em crianças e adolescentes, conta ao Viver que a série se tornou o assunto principal na sua clínica nas últimas semanas. “Venho recebendo muitos pais e adolescentes querendo discutir os assuntos da série, alguns até assustados com a história e outros que vão até o fim com a esperança de que haja alguma reviravolta”, conta.
“Essa fase da vida retratada aqui é complicada demais porque o jovem nem pode mais brincar como criança nem tem a maturidade emocional de um adulto. Assim, fica mais suscetível, sobretudo nesse mundo virtual, aos discursos de ódio. A internet pode direcionar para muitas coisas boas, mas quando não existe um limite em seu uso os nativos digitais podem ser levados para outras muito ruins. E a minissérie mostra uma das consequências de não se cuidar disso”, acrescenta Adriana.
Alessandra Andrade, superintendente comercial e mãe de duas crianças, reflete sobre a importância de os pais se aproximarem dos seus filhos para conhecê-los de verdade. “Três pessoas me falaram tanto da série e de seus aspectos técnicos e temáticos que acabei assistindo. Ela me deixou fisgada por essa questão do plano contínuo e das escolhas de câmera, mas principalmente por tratar de como esse acesso às redes sociais e ao mundo virtual impacta as relações dos adolescentes entre si e com suas famílias”, observa. “Acho que ela desperta a reflexão sobre a importância de criar uma conexão com nossos filhos e construir um espaço de diálogo”.
O professor Hiccaro Rodrigues destaca ainda o tema da distância parental em uma nova realidade estabelecida no mundo da tecnologia digital. “Costumo trazer temas abordados em filmes e séries para a sala de aula e essa já se tornou essencial por tocar em assuntos que todo professor já ouviu. Um deles é a questão da ‘presença ausente’, situação em que os pais estão em casa, mas os filhos ficam o tempo inteiro no celular” explica.
“Esse tipo de relato mostra que estar fisicamente próximo não é sinônimo de segurança, como era há 20 anos, quando o perigo ficava lá fora. Hoje, ele está na palma da mão. A criança tem acesso a um mundo inteiro que não compreende”, alerta Hiccaro.
Desbancando grandes produções lançadas no cinema e no streaming, Adolescência já é o primeiro grande fenômeno cultural e comportamental deste 2025 ainda bebê.